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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

SWÁSTHYA YÔGA (e na natureza reacende-se o fascínio)

    Durante os próximos 3 meses as manhãs de Domingo ganham um novo ritmo, de corpo e de alma. Aulas gratuitas de SwaSthya Yôga (yôga com  ^, o original, o descendente das raízes primordiais indianas) ao ar livre. Haverá algo mais relaxante, recorfortante e harmonioso que isto? Sol, natureza, música, equilíbrio, concentração, relaxamento e cada muscúlo esticado até ao conforto...

   Apaixonei-me pelo SwaSthya desde a primeira aula. Pratiquei durante 2 anos e consegui fazer coisas com o meu corpo que nunca julguei ser capaz. Por incompatibilidade de horários nesta fase de "iniciação profissional e especialização académica" (que já dura à demasiado tempo), tive de fazer uma pausa. Mas bastou uma hora de prática hoje para acordar o bichinho adormecido em mim. Decidimamente, tenho de regressar. E rápido! O meu corpo precisa, a minha mente precisa e ambos agradecem. E que bem que sabe chegar ao final do dia com aquela dorzita nos músculos que já precisavam de ser esticados à muito tempo...

   Vou regressar. Está decidido. Por mim, pelo meu corpo, pelo espírito que partilha quem pratica, pela boa disposição, pelo relaxamento, pelas técnicas de respiração, pela meditação, pelas técnicas corporais...por tudo o que é o SwaSthya Yôga. E pelo decalque impresso na traseira do meu carro, que está farto de representar uma ex-praticante.

Se o virem por aí, em tons de cor de laranja numa traseira cinzenta, it could be me!

  

Para quem não conhece, vale a pena experimentar. Todos os Domingos às 11h, no Complexo Desportivo do Monte Aventino (Antas), no Parque da Cidade ou no Palácio de Cristal.

 

   A todos, SWÁSTHYA!!!

Dias de Verão em Maio são fantásticos se...

Ponto n.1 - os podermos gozar com todo a vivacidade e intensidade que eles merecem, sendo que isso implica perninhas esticadas (na horizontal), papo para o ar, ausência de horários e um bronzeado invejável. Dito isto, dias de Verão em Maio passados a trabalhar numa sala cujas temperaturas provocariam uma inundação na terra dos ursos polares e com um "bando" de crianças com os termóstatos avariados, são dias que nos fazem desejar a hora do regresso a casa com mais forças do que nunca.

Ponto n.2 - não formos presenteadas com dias de crises alérgicas memoráveis, daquelas em que qualquer stock de lenços de papel não é suficiente, os olhos pesam toneladas, os ouvidos não param de dar estalinhos e o corpo sente-se como se tivesse acabado de participar num sprint da meia maratona.

 

   Tirando isso, é vestir o mais belo dos vestidos, calçar as mais belas (e confortáveis) sandálias, óculos de sol nos olhinhos e na rádio o refrão perfeito:

The sun is coming out for us

Is our time to shine

Heidi Klum

No meu pensamento

 

   Sinto-me rodeada de folhas e folhas, e mais folhas, carregadas de letras e letras e mais letras. Parece que se chamam artigos científicos. E como científicos que são, não há uma única palavrinha em português. Neste momento já deixei de conseguir pensar em português. Tudo o que me ocorre agora são palavrões do tipo personality, Cloninger`s Psychobiological Model of Personality, temperament, carachter, Atributtion Theory, client`s theoretical orientation, and so on...Se o meu inglês já era bom, desconfio que depois de tudo isto ser-me-á conferido um doutoramento Honoris Causa em tradução e resumo simultâneo de artigos científicos de Inglês para Português. 

   E pensar que isto ainda mal começou e que a tese termina daqui a quase 1 ano. Oh God... 

 

Crónicas de uma sala de espera

   P.S (sim, logo no ínicio) - Porque razão a visita a um qualquer serviço público em Portugal é sinónimo de longos períodos de espera, condições muito pouco agradáveis para aguentar essa espera e senhoras que complicam qualquer coisinha?

   É que assim, quando conseguimos tratar do que queremos nos ditos serviços sentimo-nos uns verdadeiros vencedores. YUPIIII já tratei do meu cartão do cidadão!!! YUPIII consegui!

 

   O Sr. X que tem 84 anos e está fresco que nem uma alface acabadinha de colher. O que ele queria era uma certidão de casamento, pois está de partida para o Rio, com a sua mulher, mas essa "vai com o motorista, sabe?" . "E em que ano casou?", "Com qual? Tive tantas mulheres...Vivi muito bem!". Não duvido, Sr. X. De facto, era adorável no alto da sua bonita idade e da sua muita sabedoria. Já a visão não é das melhores, ou eu sou demasiado vulgar. "Não é a Mara?". Não, não sou Sr. X, mas uma qualquer Mara, ao que parece residente em Chaves, criou ali um elo entre nós e a minha espera foi animada por algumas das aventuras daquela ternura de senhor, que veio de baixo e subiu, subiu e subiu, "Como o Lula, conhece o Lula da Silva?". Tratou-me por senhora, acho que pela 1ª vez em toda a minha vida, eu que nunca me livro do rótulo de menina. E bem vistas as coisas, antes menina que senhora.

   O Sr. X não vai votar, porque se votasse era numa mulher só que a "Manela, que até é bastante inteligente, é feia, então não vou votar nela". E para o  Sr. X nós, mulheres, somos fantásticas, porque somos bonitas e poderosas e podemos dominar o mundo. E foi isso que a Sra. X fez. Era estilista. Uma daquelas importantes e que foi riquíssima. Detentora de uma imaginação assombrosa. "Nada como essas que agora para aí há, sabe? Essas que aparecem naquele programa americano de moda, onde concorrem a um prémio de melhor estilista, sabe qual é? Eu vi logo que sabia. Tem todo o aspecto de quem gosta de moda" (Uau! É assim tão discarado o meu vicíozinho?). Não havia modelo que lhe escapasse ao olhar. Uma vista de olhos e a Sra. X criava qualquer peça de roupa. "O Saint Laurent conhece? Eu bem vi que conhecia. A minha mulher deu aulas ao Saint Laurent".

   E o Sr. X vai para o Rio de Janeiro com a Sra. X, mas "Ela vai com o motorista" e qualquer dia a senhora que o atendeu também vai ao Brasil, porque o Sr. X faz questão de a levar. E de lhe trazer uns pastéis de Chaves. "Ela já me conhece, já está habituada comigo". Para o Sr. X o Rio é muito bonito. O Rio e São Paulo. Perigosos. Mas não para ele, que conhece a mafia toda desde "Bragança, lá na fronteira, até Lisboa". E os papéis são só para "a minha mulher, que vai com o motorista, porque eu conheço lá gente do governo, tenho ministros na família, estou à vontade".

   O Sr. X, que com 84 anos já viveu muito, namorou muito e ganhou muito dinheiro. Conhece a máfia toda e a esposa foi estilista, professora do Saint Laurent, "que até já morreu, mas continuam a trabalhar lá outros. A minha esposa é que já não pode porque tem 80 anos e bebia um bocado". Mas é a sua esposa. "Bonita, bonita. Quer vê-la? Tenho aqui no telemóvel uma foto dela, muito mais nova está claro". E o Sr. X lá vai para o Rio, ver o Corcuvado "que é muito bonito, mas há mais coisas". E vai continuar a conversar com conhecidos e desconhecidos, sobre si e sobre a sua senhora. Sobre moda, política, máfia, dinheiro. Sobre passado, presente e futuro. E vai continuar a namorar muito, porque "a minha esposa ainda é muito bonita, mesmo com 80 anos. Tenho de tratar muito bem dela e aproveitar a sorte que a vida me deu.".

   Um bem-haja aos Srs. X`s desse mundo fora, que nos animam os dias com histórias de tudo e de nada.

A desilusão num olhar

   Quando se convive com crianças, convive-se também com a família dessas crianças. E nessas famílias há de tudo um pouco. Desde as chamadas "famílias tradicionais", às não tão tradicionais, mas cada vez mais comuns, isto é, famílias de pais separados. E aqui temos separações mais ou menos simples, mais ou menos amigáveis.

   A C. tem 7 anos. Filha de pais separados. O pai abandonou-a e à sua mãe à uns 6 anos na Holanda. Mãe e filha regressaram para Portugal. O pai por lá ficou, desaparecido durante uns anos e tentando aproximar-se da filha uns anos mais tarde, sendo mais os períodos de ausência do que de presença.

   A C., que tem apenas 7 anos e a inocência de quem pouco entende do muito que já viveu, disse-me: "Hoje é o dia mais feliz da minha vida. O meu pai está em Portugal e vem aqui buscar-me pela primeira vez na vida. Vem às seis e meia. Mal posso esperar". Os olhos brilhavam tanto como o coração e o sorriso. As perguntas eram constantes, mas sempre a mesma "Que horas são?". Era notória alegria daquela criança que tantas vezes se agarrou a mim simplesmente para ali estar, que todos os dias me diz "Posso sentar-me ao seu lado?", que tantas vezes assiste às brincadeiras em vez de participar nelas. Hoje era uma C. exctida, alegre, feliz. Completa. As seis e meia chegaram...e passaram. A ânsia dela aumentava. Até que chegou a hora de ir embora. E a hora da desilusão. Vi-a correr pelo corredor fora com um sorriso rasgado. E o meu coração apertado, apertado. Num segundo o mundo dela desabou. Era a mãe que estava à sua espera. A companheira de todos os dias, de sempre. A pergunta impôs-se: "O pai?". E o olhar da mãe, um olhar habitué nestas situações, o olhar de quem já tudo (ou melhor, nada!)  espera do pai da sua filha. E o olhar da C. a dirigir-se para o chão, juntamente com o sorriso, a alegria, toda a felicidade e mais um pedacinho da sua infância. Não chorou. Mas os olhos estavam carregados de lágrimas. E senti que todo o meu auto-controlo foi para ali chamado. O meu coração desfez-se ao ver aquela criança gerir (mais) uma desilusão com uma figura fundamental: o seu próprio pai. A mãe exigiu uma explicação telefónica e exaltada ao dito senhor. Acusou-o de ser "o mesmo de sempre", de "não ser pai", de "magoar constantemente a filha". E a filha assistiu a tudo isso, habituada à ausência do pai e aos pedidos de explicações exaltados da mãe.

   E eu pergunto-me: que pai é este? Qual é o pai que abandona uma filha? Qual é o pai que destrói assim os sonhos de uma criança, despedaça assim um sorriso e um coração em 1001 bocadinhos impossíveis de voltar a unir? Ninguém merece aquele olhar, aquela tristeza, aquela desilusão. Tudo isto aos 7 anos de idade. Uma criança! Com a força de uma leoa.

   Partiu-me o coração. Não foi pena da C. Foi revolta, indignação, incompreensão. Vergonha, por existirem seres da estirpe daquele senhor, que não é pai. De certeza que não o é. Ser pai e ser tudo em tudo, a qualquer altura, em qualquer lugar, independentemente das diastâncias e das circunstâncias da vida. Ser pai é encher olhares de sorrisos, não de lágrimas.

Ora toma lá

   "A senhora não faz perguntas, faz acusações.".

   Quem o disse foi o Bastonário da Ordem dos Advogados, durante uma entrevista em directo no telejornal desta noite. Esta pérola foi apenas uma entra as muitas "acusações" dirigidas à dita senhora. E que belas palavras se soltaram da boca do excelentíssimo Senhor. Haja alguém que ponha a senhora no lugar dela, o lugar de jornalista, um comunicador nato, capaz d transmitir toda e qualquer notícia de forma isenta de opinião. Todos somos livres de expressar a nossa opinião, mas no caso do jornalismo, essa opinião deve ficar "fora de antena".

   Ouviste, e ouviste muito bem. Não desvalorizando o trabalho da senhora, que até pode ser uma excelente jornalista, mas que mereceu, lá isso mereceu.

O corpo

Juliane Paes

  

 O corpo pode tornar-se uma obsessão?  

   Esteve em debate na Sic esta noite.

  Sim, pode. Pior. É uma obsessão. Basta vermos todas as capas de revistas internacionais, as ditas ícones da moda, dos filmes, das séries. O que tem todas elas em comum (com a excepção de uma ou outra)? São todas magrérrimas, ao ponto de eu me questionar frequentemente se é esse o significado de beleza e elegância. Viva às brasileiras e às mulheres latinas que gostam de umas boas curvas.

   Sim, eu cuido do corpo. Preocupo-me com a alimentação, com o peso, com a celulite (grrrr). Mas preocupo-me com conta, peso e medida. Preocupo-me com a globalidade. Com a saúde, em todas as suas vertentes - um bem estar bio-psico-social. Tenho curvas, e quero continuar a tê-las. Curvas mesmo e não ossos "à mostra". Já vesti o 32 de calças durante algum tempo e, sinceramente, não gostei de me ver. Hoje "sou um 34" e em alguns modelos um 36 e sinto-me muito mais bonita.  

  Se se pode tornar uma obsessão? Já se tornou! E as imagens que nos chegam não ajudam em nada a mudar essa situação.

 

   Ainda assim, 60% da população portuguesa tem excesso de peso. Não sei o que será mais preocupante.

Relativizando

   Quantas vezes não nos apeteceu dizer "Que se lixe!" numa ou outra situação? Quantas vezes uma situação não nos parece intolerável e insuportável, até ao momento em que paramos para pensar qual o verdadeiro significado e impacto dessa mesma situação? 

   Num mundo de correrias e crise(s) é cada vez mais importante aprender a relativizar o que nos acontece e "perder tempo" com aquilo que merece realmente o nosso tempo. Passa por aceitarmos aquilo (aquela/e) que somos e aquilo que temos, sem reservas, dúvidas, falsas aspirações ou (fundamental!) invejas. Acredito sinceramente que tudo nos acontece por um motivo, o que fazemos com isso é que depende única e exclusivamente de nós. As vivências podem ser controladas por nós. E os pensamentos, esses inimigos da auto-estima e do positivismo, podem ser contornados, esbatidos e até vencidos. É uma questão de atribuição de siginificado. Já alguém dizia que o que para a lagarta é o fim da sua vida, para a borboleta é o início de uma nova. E o mesmo se aplica a nós, borboletas terrestres com os pés bem assentes na terra e as asinhas prontas para nos levar até onde nós quisermos e apenas para aí, para onde NÓS quisermos.

   Por isso, bora lá abrir um sorriso, abrir a mente, abrir o olhar e aprender a pensar positiva e prospectivamente. Bora lá dizer "Que se lixe!" quantas vezes nos apetecer e se nos apetecer até podemos acrescentar aquela que parece ser a expressão preferida da Tyra Banks: So What? A vida é para ser vivida, e bem vivida!

 

   Foi nesta linha de pensamento que hoje respondi a este comentário de uma miúda de 8 anos: "AHH eu vi os sapatos iguais a esses na feira", com um sincero "Pois viste, foi lá que eu os comprei". Se gosto e é barato, porque não comprar? É feira, so what?

    Já o facto de hoje as minhas skinny jeans preferidas terem sido atingidas fatalmente por lixívia não está a ser tão facilmente interiorizado. Que se lixe? Mas eu gosto tanto delas!!!

Emoção na ponta do nariz

   «Imagine uma vida sem o aroma de uns lencóis lavados, de um bolo de chocolate a cozer no forno, do perfume do seu pai (...). Consegue? Um mundo sem cheiro, como um mundo sem cor, é como uma música com um só acorde: existe na mesma, mas não tem a beleza que ganha com as restantes notas.»

   O poder dos aromas é muito maior do que pensamos. Eles, tal como as cores, chegam-nos para nos darem informações sobre o meio ambiente que nos rodeia. Tanto nos pode dar uma sensação imediata de prazer ou nostalgia, como nos pode causar aversão. Isto porque assim que os cílios captam os cheiros, reconhecem-nos e enviam a informação para as regiões límbicas do cérebro, as principais responsáveis pelas questões emocionais e de memória.

   É como se a emoção estivesse na ponta do nosso nariz. E é  devido a esta estreita ligação entre o olfacto e a emoção que sentimos que um aroma do passado equivale a uma viagem no tempo que nos transporta mentalmente para o lugar ou situação em que o sentimos pela primeira vez. E, mesmo sem memórias, há odores que têm o poder de nos deixar bem-dispostos quando os sentimos. Tudo por causa do significado que têm em nós e para nós. Uns despoletam memórias contidas em nós, outros carregam moléculas que são captadas pelos receptores sensoriais e que o cérebro traduz como amistosos e prazerosos.

   Os cheiros (e as cores) transportam-nosp ara momentos bem passados, criam memórias e conseguem, só por si, alterar o humor. São a nossa ligação directa ao mundo. Uma ligação bem cheirosa e bem positiva.

  

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