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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Ao ser invadida por uma multidão de apoiantes políticos

 

   Dei por mim a questionar o que determina verdadeiramente esta ou aquela orientação ou preferência política, ou a total ausência dela. Será uma questão de "hereditariedade paternal"? Será algo de mais intrínseco? Estará algo relacionado com as nossas características de personalidade? E aqueles apoiantes jovens, os verdadeiramente jovens, naquela idade das dúvidas e incertezas, será que sentem já esta ou aquela tendência política? E, mais importante, será que aqueles apoiantes realmente conhecem os princípios de cada partido, ou simplesmente, deixam-se ir por cores, caras, familiares e amigos?

   São aspectos que me deixam curiosa, principalmente porque eu não me identifico com nenhuma das ofertas políticas que se nos apresentam, até porque sou muito mais de pessoas do que de doutrinas. Verdade seja dita, também nunca me esforcei minimamente por conhecer as ideologias de cada uma deles, por um lado porque os acho a todos enfadonhos e, por outro, porque os acho todos iguais, mudam a cor, o nome (pouco) e basicamente resumem-se a: poder - eu é que mando e quero isto e desta maneira; oposição - eu não concordo, mas quando estiver na tua posição vou fazer exactamente o mesmo.

   Porquê que aquela gente abanava aquela bandeira e não outra? Saberão eles em que realmente acreditam e o que significa o erguer aquela bandeira? 

(Ainda) Sobre o julgamento Casa Pia

 

   As penas atribuidas nada me dizem. O que nos deveria preocupar era a Verdade e essa estará inacessível enquanto houver gente acusada com a determinação de dizer "Eu sou inocente e vou prová-lo". É verdade que tudo isto se tornou no processo Carlos Cruz, como o próprio afirma, e, sinceramente, mesmo hoje não sei em que (ou em quem) acreditar. Acredito que existam culpados e acredito que aquele tipo de crimes ocorram na Casa Pia e em muitas outras instituições do género. Acredito que as vítimas estejam a falar verdade, ou pelo menos alguma verdade. Mas também acredito que poderão estar a mentir, primeiro porque toda a gente mente e segundo porque estamos perante personalidades fragilizadas e naturalmente vulneráveis e influenciáveis. Acredito que tenham passado por experiências extremamente dolorosas, mas também acredito que alguns poderão ter optado pelo caminho mais fácil, o do dinheiro. E não, não acredito que todas as "vítimas" sejam uns coitadinhos.

   Acredito que o "Bibi" é um homem doente, ou no mínimo perturbado, e que a fragilidade de uma infância de abusos o tenha levado a fazer aos outros o mesmo que lhe fizeram a ele. Não é desculpa, mas ajuda a compreender e atenua o julgamento público.

   Não sei se o Carlos Cruz é culpado ou não. Não me chega o veredicto de um Tribunal, principalmente quando sabemos que a justiça falha demasiadas vezes e que qualquer relato humano pode ser tudo aquilo que o emissor quiser. Mostrem-me provas concretas e eu acreditarei. Na culpa ou na inocência. Para já o que eu vejo é um homem que, ou é um excelente actor, ou foi vítima de algo que nem o próprio saberá bem o quê. Se querem que acredite numa sentença à base de relatos de vítimas, muitos anos depois, não o farei. Mais do que ninguém sei que uma mente vulnerável bem trabalhada pode acreditar e visualizar mesmo aquilo que nunca aconteceu. Há vítimas, com certeza que as há. Não precisavamos de anos e anos de um processo vergonhoso para o nosso país para o sabermos. Infelizmente é uma realidade encoberta, mas que todos sabemos que existe.

   Se algo mudou com este processo? Não acredito. Os abusos vão continuar a acontecer. Poucos serão trazidos à luz do dia, muitos serão encobertos, por este e por aquele motivo. Indubitavelmente, tudo mudou para aqueles de quem toda a gente parece esquecer-se: os familiares dos acusados, agora condenados. Independentemente do que individualmente acreditam, muito antes do dia de hoje, todos tinham sido sujeitos ao pior dos julgamentos: o da opinião pública e o dos meios de comunicação portugueses, que nestes assuntos são impiedosos e vergonhosos. Talvez se esqueçam que os acusados e as suas famílias são tão humanos como as vítimas e que tudo isto lhes provocou danos irreparáveis e mágoas eternas, já para não falar da humilhação e da vergonha e da dúvida, porque perante tudo isto ela surge com toda a força. Inocentes ou culpados, aquelas famílias foram apedrejadas em praça pública e só não houve morte física, porque, depois de todos estes anos, não há nada de bom em nós que sobreviva. A não ser a nossa convicção de que estamos e somos inocentes.

   Provem-no e apedrejem quem vos matou. Caso contrário, envergonhem-se. Estaremos todos à espera. Mas sejam rápidos. Há vidas humanas a preservar. E dessas todos se esquecem.

Sobre o julgamento Casa Pia

 

   Parece-me que o Carlos Cruz está um bocadinho arrogante demais. Ficava-lhe bem alguma humildade agora que lhe apertaram a corda ao pescoço, principalmente porque afinal parece que não será assim tão inocente como tem gritado aos 7 ventos.

   Aguardemos por novos desenvolvimentos...