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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Regresso às aulas

 
   Farto-me de ouvir por aí que os papás das criancinhas de hoje andam muito aflitos com a compra do novo material escolar, já que a despesa com o mesmo parece variar entre os 300 e os 500 euros.
   Que os dias estão complicados já todos sabemos. Mas dias complicados sempre existiram e se há coisa que eu me recordo muito bem é da satisfação com que fazia as "compras" de regresso às aulas. O que já não me lembro assim tão bem é de os meus pais gastarem fortunas com isso. E a explicação é simples; não me lembro porque simplesmente tal não acontecia. E porquê? Primeiro porque não era necessário renovar todo o stock de material escolar anualmente e segundo porque quando era necessário fazê-lo nem tudo tinha de ser Hello Kitty, Cars, Super Man e por aí fora...Desde que fosse uma coisa minimamente gira e de boa qualidade, sem ser muito dispendiosa, servia. E não era por não ser "de marca" que me sentia uma aluna mais ou menos feliz que os de hoje. Mas esta foi a educação que eu recebi e que, afinal, até nem tem mais de 25 anos. Mas hoje tudo é fugaz e ensinar determinados princípios básicos às criancinhas é uma coisa trabalhosa para alguns pais. 

 

 

Not the wrong way, but the only way

 

   Quando me informaram que o meu contrato estava a chegar ao fim teceram os maiores elogios ao meu trabalho. Que tinham ficado com a melhor das impressões e que por todos os locais por onde tinha passado as referências a meu respeito e a respeito do meu trabalho tinham sido as melhores e que, por isso, mal surgisse uma oportunidade, não hesitariam em integrar-me na equipa novamente.

   Para mim, que sempre soube que esta experiência seria temporária, posso considerar o meu objectivo cumprido. Afinal, que mais poderia desejar do que ouvir estes elogios quando todos os dias me esforcei um pouquinho mais por fazer um bom trabalho?

   No entanto, hoje tenho que admitir que errei ou falhei num ponto crucial de todo este trabalho. Apesar de ter mais de 100 "clientes" deixei-me envolver emocionalmente com cada um deles, as criancinhas, mas especialmente os idosos. E de cada vez que sinto o carinho com que eles me tratam e a alegria com que me recebem ou ouço as coisas amorosas que todos os dias me dizem, o meu coração fica pequenino pequenino por saber que vou ter tantas, mas tantas, saudades de cada pormenor de cada um deles.

   E é isto que mais me está a custar digerir, muito mais do que a certeza de que daqui a umas semanas estarei desempregada. É esta certeza de que eles já fazem de tal modo parte da minha vida, que me deram tanto todos os dias, que ter de os deixar me tem corroído o coração de uma forma revoltante, preocupante e dolorosa.

 

   E não venham com as teorias do "não se deixe envolver no seu trabalho". Qual é o psicólogo que faz um bom trabalho sem se envolver com os seres humanos com quem todos os dias partilha vida?  

Memories...

 

   Hoje ao ver as fotos tiradas na minha viagem à Disneyland Paris fiquei com tantas saudades daquele ambiente mágico que morro de vontade de voltar já, já, já.

  

   Para mim, o melhor lugar do mundo, aquele para onde eu voava de imediato se me dissessem "escolhe apenas um destino".

 

   É tão fácil sermos felizes ali...

Histórias com gente dentro #16

 

   A impressão com que vou ficando é que isto de ser pequeno ou médio traficante de substâncias mais ou menos ilícitas deve ser uma “profissão” extremamente stressante, já que os vejo sempre em passo acelerado, tom de voz elevado e sobressaltado e com olhares que assustam o lobo mau. E eu quase que fico com pena deles de cada vez que os vejo ou ouço em tamanha agitação. É que estas profissões podem ser muito complicadas, principalmente porque esta gente não só leva o trabalho para casa como ainda experimenta o produto...o produto do trabalho, pois está claro.

 

E esta reflexão tão profunda surgiu-me numa das minhas muitas visitas à casa de banho daquele centro que fica literalmente a paredes meias com o local de trabalho desta gente, casa de banho essa com uma fantástica rede sem fios para toda uma panóplia de conversetas desses trabalhadores.

"...and it´s a beautiful lie if you think everything will always stay the same..."

 

   Quando, há 6 meses atrás, aceitei este desafio profissional, sabia que era uma oportunidade única e perfeita para mim, mas temporária, uma vez que estava a fazer uma substituição. Desde o início que tive consciência desse facto e fiz todos os esforços para não o esquecer. Nos primeiros tempos portei-me bem e todos os dias regressava a casa satisfeita mas com a certeza de que um dia aquilo ia terminar. Mas o tempo pode ser muito traiçoeiro e a dada altura deixei de pensar na inevitabilidade do fim, afinal tudo corria tão bem que faltava sempre muuuiiittto para o último dia.

   Esta semana o meu telemóvel profissional tocou. Quando vi a origem da chamada soube de imediato qual era o assunto. A vida rola ao seu ritmo normal e esta que tem sido a melhor experiência profissional e pessoal da minha vida tem os dias contados e muito bem contados. A colega que estava a gozar licença de maternidade vai voltar e eu vou ter fechar este ciclo dentro de 3 semanas, com direito a 15 dias de férias nos 15 dias imediatamente antes de o meu contrato terminar.

   De maneira que esta semana não tem sido nada fácil...assim de repente e encurtando a questão enquanto não a digeri e processei bem, sinto-me assim a modos que...completamente perdida.

   Não estranhem a minha ausência. A inspiração agora é deveras deprimente.

Ser criança

 

   « (...) uma vez que as condições de vida são hostis para as crianças, comparável a uma poluição do mundo exterior e interior da criança.

   Da poluição do mundo externo fazem parte o excesso de estímulos, inassimiláveis pela criança, a velocidade e a superficialidade da vida, hoje em dias, e as poucas possibilidades que a criança tem para canalizar o seu impulso motor. A crescente incapacidade de mostrar afecto e amor, resultando no desmonoramento das estruturas familiares e na perda da "segurança interior" contribuem para a poluição interior da criança.»

 

Crianças hiperactivas

Christel Schweizer e Jirina Prekop

Mensagem do dia

 

 

   "A maioria das coisas quebra-se, incluindo os corações. As lições da vida não se medem em sabedoria, mas em cicatrizes e calosidades"

 

   Wallace Stegner, "The Spectator Bird"

Figuras de estilo

 

 

   Olhando para trás, não posso deixar de pensar como o meu "estilo" se alterou, nomeadamente no que diz respeito à forma de vestir. Eu era aquela que, embora sempre tenha sido extremamente vaidosa e nunca tenha gostado que escolhessem a roupa por mim, me rendia a um par de calças de ganga (na verdade, não era um, mas muitos, demasiados!) e a umas sapatilhas. Tudo o resto para mim era "coisa de betinhos".

   E de repente, tudo mudou! Se, de repente. Um repente que veio com a finalização do meu curso e a entrada no activo. Tirando este marco, não consigo identifcar outro ponto de viragem em que tenha despertado para o fabuloso mundo da moda. Acho que, inicialmente por necessidade, fui mudando a minha forma de vestir, o que, nos primeiros tempos não me foi nada fácil, pois nunca me reconhecia quando me via ao espelho. Isso e o facto de não gostar de repetir "looks" em curtos períodos de tempo, fez-me ir à procura de alternativas e pequenas ajudas. Daí até às revistas de moda deve ter sido um saltinho, embora não me lembre de quando comprei pela primeira vez um desses exemplares. E uma vez aí entrada, nada voltou a ser o mesmo. Larguei as sapatilhas definitivamente e mesmo as calças de ganga começam a fazer parte do meu guarda roupa de uma forma bastante restrita e exigente. Os saltos foram sendo cada vez mais altos e é com eles que eu me sinto eu, embora actualmente e mais uma vez por motivos de trabalho, existam dias em que os tenho de deixar em casa e calçar uma sabrina. Aos poucos fui-me habituando a diversas formas de vestir, adaptadas a cada ocasião, mas sempre numa tentativa de parecer "bem vestida" e com uma imagem cuidada. E hoje, mais do que nunca, fazem-me sentido as palavras da Catarina Furtado, que uma vez li; qualquer coisa do género: "eu não sou uma betinha, sou coquete". E é um bocadinho isso que eu sinto. Sou incapaz de sair de casa sem me arranjar, mesmo que seja para ir ali ao pão e é isso que eu sou. A minha imagem não é uma imagem, não é um boneco que construo em frente ao espelho para parecer bem a este ou àquele. O espelho tem sempre, sempre, de reflectir aquilo que eu sou e eu sou aquilo, aquela eterna tentativa de conjugação perfeita de tudo o que compõe a nossa imagem.

   Ainda não estou no ponto que gostaria e muitas vezes saio de casa sem gostar do que vi ao espelho e esses, acreditem, são dias terríveis até ao fim, porque são dias em que eu não me sinto eu. Falta-me aprender muito e no dia em que aprender aquelas manhãs de "tanta roupa e nada para vestir" ou de "nada me fica bem" irão desaparecer. O primeiro passo para esta evolução está dado e diz respeito a compras. Hoje trago para casa apenas aquilo que sinto que gosto hoje e vou continuar a gostar amanhã e na próxima semana. Fim da compra desenfreada só porque isto parece giro na cruzeta ou na montra. O resto virá a seu tempo, especialmente com o amadurecimento pessoal pelo qual ainda passarei. Uma coisa é certa, gostarei sempre de me cuidar. O que não significa que um dia não seja capaz de sair de casa de jeans, tshirt e sapatilhas nos pés. Primeiro para ir comprar pão e depois, quem sabe, para ir dar um passeio e ver montras.