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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Um abraço

«Tudo o que eu preciso neste momento é de um abraço. Um gesto tão antigo como a humanidade  e que significa muito mais do que o encontro de dois corpos. Um abraço quer dizer: você não me ameaça, não tenho medo de estar tão perto, posso relexar, me sentir em casa, estou protegido e alguém me compreende. Diz a tradição que, cada vez que abraçamos alguém com vontade, ganhamos um dia de vida.»

Paulo Coelho, "O Aleph" 

«O Aleph», Paulo Coelho

 

O Aleph assinala o regresso de Paulo Coelho às suas origens literárias. Num relato pessoal franco e surpreendente, revela como uma grave crise de fé o levou a procurar um caminho de renovação espiritual. Com o fim de recuperar o empenho, a paixão e voltar a entusiasmar-se pela vida, o autor resolve começar tudo de novo: viajar, viver novas experiências, relacionar-se com as pessoas e o mundo. Assim, guiado por sinais, visita três continentes - Europa, África e Ásia -, lançando-se numa jornada através do tempo e do espaço, do passado e do presente, em busca de si mesmo. Ao longo da viagem, Paulo vai, pouco a pouco, saindo do seu isolamento, despindo-se do ego e do orgulho e abrindo-se à amizade, ao amor, à fé e ao perdão, sem medo de enfrentar os desafios inerentes à vida. Da mesma maneira que o pastor Santiago em O Alquimista, o autor descobre que é preciso percorrer grandes distâncias para conseguir compreender aquilo que nos é mais próximo. A peregrinação faz com que se sinta vivo novamente, capaz de ver o mundo com os olhos de uma criança e de encontrar Deus nos pequenos gestos quotidianos.

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   O último e único livro de Paulo Coelho por ler está "arrumado". Demorei pouco mais de 48h a lê-lo. O que não significa que tenha gostado particularmente dele. De facto, não faz muito o meu género: demasiado filosófico, demasiado espiritual, demasiado busca de um sentido para vida, o que não é de todo a minha "onda". Ainda assim, não é maçudo nem exaustivo e ainda consegui sublinhar uma data de ideias que me pareceram interessantes e que provavelmente acabarei por aqui partilhar. Mas depois deste último livro fico com a mesma sensação com que fiquei após ler os últimos livros do escritor: Paulo Coelho já não é o que era!

 

   Na verdade, se o li tão rápido foi porque estou ansiosa por começar um livro que promete ser um livrão: "Os pilares da terra - vol. 1". Ken Follett, for sure! 

E ser criança fica onde?

   Hoje, no balneário do ginásio, uma menina com não mais de 8 anos, das turminhas de natação, discutia com a mãe de uma amiguinha o porquê dessa amiguinha não poder frequentar determinada actividade que não cheguei a tempo de perceber qual era.

   Menina: "Mas porquê que ela não pode ir?"

   Mãe da amiguinha: "Porque ela já tem muitas actividades."

   Menina: "E depois? Eu também tenho muitas actividades. À segunda tenho basquete, à terça tenho piscina, à quarta tenho karaté, à quinta tenho qualquer outra coisa que já não me lembro (eu!), à sexta tenho karaté, ao sábado tenho basquete e ao domingo natação".

   Por esta altura, todo o balneário se calou a olhar para a pequena, perante o ar envergonhado da mãe desta.

   Pessoalmente, chego a achar que aquela mãe é uma espécie de terrorista das mães. Uma criança tão pequena com actividades 7 dias por semana? Depois de um dia de escola, trabalhos de casa, estudos, etc, etc, não há um único dia em que a criança possa descansar? E ser criança fica onde?

   Lembro-me de quando era criança e tinha natação (no FCP, carago!) à segunda, quarta e sexta, aulas de órgão/música ao sábado de manhã e catequese ao sábado à tarde e domingo de manhã. E lembro-me que muitas vezes ir para isto tudo era para mim um sacrifício (especialmente o órgão e a música, de que nunca gostei e desisti ao fim de 2 ou 3 anos). Porquê que eu haveria de desperdiçar o meu tempo precioso de criança naqueles afazeres todos quando havia tantas histórias para construir com as minhas Barbies e tanta roupinha para lhes vestir e despir? Ter tempo para mim sempre foi uma prioridade, desde pequena.

   Eu não sou mãe nem tenciono sê-lo, mas não equaciono sequer a possibilidade de um dia sobrecarregar uma criança com centenas de actividades, por muito atractivas e benédficas que elas sejam. Para mim, o fundamental é deixá-los ser crianças. Se não o forem enquanto estão cronologicamente lá, quando o serão?

Histórias com gente (e gatos!) dentro

   A Sra. C. frequenta o nosso centro de dia. Todos os dias vem da sua casa, mesmo em frente ao centro, a pé e passa o dia connosco.
   A Sra. C. tem um gato - o Patusco. O Patusco acompanha sempre a Sra. C. ao centro de manhãzinha, deixa a sua dona entregue aos nossos cuidados e vai à vidinha de gato dele. Religiosamente, por volta das 17h, o Patusco vai buscar a Sra. C. ao centro e acompanha-a a casa, onde recebe miminhos alimentares. Hoje, o Patusco chegou ao centro às 16h e ao ver que a dona ainda não estava pronta para regressar a casa miou, miou e miou de forma dolorosa de assistir. Ninguém avisou o pobre do animal que a hora mudou!

Follow me

 

   Nunca, como agora, o ser humano teve tanta necessidade de ser "seguido". Actualmente existe uma imensidão de formas de sermos seguidos. Basta uma pequena incursão pela internet, entre blogs e sites dos mais variados temas, para encontrarmos uma dezena de botões de follow me e que nos encaminham para uma outra imensidão de locais onde há vida exposta.

   Parece que o ser humano deixou de ser capaz de viver de forma privada. Tudo é motivo para fotos e tudo é suficientemente importante para ser publicado em facebooks, instagrams, twitters, pin its, blogs, and so on...E, da mesma forma curiosa, tudo isso é suficientemente bom para ser seguido por centenas e até mesmo milhares de pessoas em todo o mundo.

   Que fenómeno é este que nos prende a uma rede de exposições de vidas e nos faz querer mostrar aos outros um pouco (ou muito) de nós? Vivemos permanentemente online e deixamos que a nossa vida sejaa vida de tanta gente, deixamos que essa gente toda entre pelo nosso mundo dentro, quando, muitas vezes, nas nossas relações pessoais nos afastamos, desconfiamos e mantemos a distância. Será que a modernidade nos está a transformar em pequenos monstrinhos que só sabem socializar a quilómetros de distância, sem envolvimento afectivo e, muitas vezes, sem ninguém nos conhecer realmente?

   Que fenómeno é este que nos faz querer conquistar cada vez mais e mais seguidores, mais e mais fãs, que promete prémios para quando se atingir um determinado número de likes que, no final, nunca são suficientes para quem os deseja?

   Que viver é este, que é cada vez menos viver e mais ver viver (e cobiçar) a vida dos outros?

Diz-se que quem sai aos seus...

 

   A minha mãe chegou a casa a dizer frases como "Olha o casaco da Zara que o pai me deu. Não é bonito? Ai a Zara...tem lá cada peça de roupa mais bonita! Já sabem o que me dar no Natal, só quero roupa da Zara!"

   Neste caso, o contágio contrariou as leis da natureza e passou de filha para mãe.

Não podiamos ser mais diferentes

   Vamos comprar roupa para o ginásio. Ele facilmente deu 30€ por duas tshirts. Eu recusei dar mais de 15€ por umas calças e por isso vim de mãos a abanar. Ele gosta de qualquer equipamento, desde que algures encontremos um símbolo com forma de um visto (publicidade aqui não!). Eu gosto mesmo é de ir à Primark e encontrar tshirts e tops bem largos a 4€.
   Ele diz que a roupa da Zara é para maricas e delira com a Sacoor, enquanto sonha com a Lacoste. Eu penso duas vezes antes de comprar uma peça na Zara, embora raramente resista à tentação.
   Ele diz "vamos às compras" e, basicamente, eu já sei que vamos à Sacoor. 
   Ele não descansou enquanto não comprou meias da Nike. Eu gosto mesmo é dos packs 10-5€.
   Eu disse-lhe "gostava de ter um tablet. Daqueles mais baratos". Ele levou-me a ver uns cujo preço começava pelo algarismo 3.

   E isto só hoje...

 

Acidentalmente, o comando parou na TVI durante aquele programa que fecha portugueses numa casa

   A Voz: Um triângulo equilátero quantos lados tem?

   Uma das nobres personalidades femininas portuguesas que lá está cujo nome desconheço mas que provavelmente se desnudou para uma revista masculina: seis!

 

   A voz: Um poeta português conhecido pelas suas múltiplas personalidades...

   Aquele que é conhecido por ter a pilinha grande: Camões!

 

   Estou sem palavras!

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