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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

De como eu reduzi o meu índice de massa gorda

 

   Percentagem de massa gorda em Março: 29%

   Percentagem de massa gorda em Julho: 22%

   Percentagem de massa gorda em Outubro: 17,5%

   Quando fiz a primeira avaliação física. em Março, fiquei desiludida com a minha percentagem de massa gorda. Achei que quase 30% de gordura nos meus 49 kg era coisa a mais. Vai daí, decidi baixar esses valores. O objectivo eram os 20%, ao que parece o limite minímo para uma mulher, e sem perder peso, ou seja bye bye gordura, olá massa muscular. Hoje, esse objectivo está mais que cumprido e, provavelmente, até excessivamente cumprido, já que não é recomendável para uma mulher ter menos de 20% de gordura no corpo, e o meu peso mantém-se nos 49kg, mas que agora correspondem apenas a pouco mais de 8kg de gordura.

   E como é que eu consegui isto?

   A resposta é simples e automática: alimentação regrada, mas sem restrições, e exercício físico com alguma intensidade. Tudo muito pacífico, nada doentio e, acima de tudo, levado como estilo de vida e não como obrigação.

   Relativamente ao exercicío físico treino 3 vezes por semana, sempre em dias intercalados para o corpo poder recuperar, num total de cerca de 4/5h por semana. Sempre que possível acrescento uma caminhada, corridinha ligeira ou passeio de bicicleta ao Domingo. Actualmente o meu treino está focado no Body Pump, Body Combat, Body Step e ocasionalmente uma aulinha de Body Attack e quando sobre um tempinho antes das aulas algum trabalho de manutenção nas máquinas, a parte que menos aprecio. Isto não me custa nada, porque se já fui a pessoa mais preguiçosa do mundo para o exercício físico, hoje já não passo sem os meus treininhos e se não consigo fazê-los com a regularidade normal entro literalmente em ressaca.

   No que toca à alimentação, estabeleci algumas regras básicas que adoptei como fundamentais para a minha saúde. O segredo é chegarmos ao ponto do "eu não como não porque não posso, mas porque não quero", ou seja, habituarmo-nos a uma alimentação saudável e nunca a uma alimentação restritiva e proibitiva. Alguns exemplos:

      - Primeira e mais fundamental regra de todas: nunca passar fome, melhor, nunca sentir fome! Não consigo passar fome! Para isso, como de 3 em 3 horas, sempre que o trabalho me permite. Às vezes sou obrigada a fazer intervalos maiores sem comer, mas nunca fico sem comer seja o que for entre o pequeno almoço e o almoço ou entre este e o lanche.

      - Para o meu pequeno-almoço depois de anos a variar entre Fitness e Special K, descobri que estes cereais também estão carregados de açucar e por isso passei a comê-los duas ezes por semana. Nos restantes dias como papas de aveia com canela e uma vez por semana pão integral com leite com cevada.

      - Os meus "lanches matinais" variam entre iogurte líquido magro e 3/4 bolachas (Maria, torrada ou de água e sal), ou uma peça de fruta e 3/4 bolachas ou uma papa de fruta e 3/4 bolachas.

      - O lanche da tarde é, por norma, um iogurte natural com uma peça de fruta (quando o faço em casa) ou um iogurte ao qual acrescento cereais ou farelo de aveia (quando o faço fora de casa). Em caso de muita fome, acrescento 4 bolachinhas.

      - As refeições de almoço e jantar são perfeitamente normais. O meu almoço é quase sempre no trabalho e, como gosto pouco de comer fora, levo sempre comida de casa e aqui é o que sobrar do jantar é o meu almoço no dia seguinte. Pelo menos 2 vezes por semana procuro almoçar apenas sopa.

      - Procuro evitar carnes vermelhas, embora as coma todas as semanas pelo menos uma ou duas vezes, raramente como carne de porco e gosto de privilegiar o frango e o peixe.

     - Evito ao máximo os fritos e quando os como são feitos em casa, mas sempre muito, muito raramente.

     - Passei a controlar as quantidades de hidratos de carbono com que acompanho as refeições: arroz e batatas especialmente, já que massa continua a ser o meu amor de perdição. Não junto arroz com batata, coisa que eu adorava, especialmente nos assados de domingo da minha mãe.

     - Procuro acompanhar sempre as refeições com saladas ou legumes.

     - Ao contrário do que muitos recomendam, como sempre fruta após as refeições (completamente viciada em maça e pêra cozida!) ou uma gelatina sem açucar.

    - Aboli completamente os refrigerantes e outros sumos - isto já vai de alguns anos, não bebo bebidas alcoólicas e raramente bebo às refeições, porque não gosto.

     - Reduzi muito a quantidade de açucar que ingiro. Isto foi relativamente fácil para mim, já que nunca fui muito dada a doces. Bolos nunca foram uma tentação para mim e, por isso, é muito raro ver-me babar por um bolo. Gosto de uma ou outra sobremesa doce, do tipo semi-frios, mas controlo-me bem e sei quando devo e não devo comer. De resto, compro acima de tudo alimentos sem açucar ou com teor reduzido de açucar. Gelados, que adoro, curiosamente não sinto tanta vontade de os comer e rendi-me ao Yoggoo da Olá ou aos gelados tipo sanduiche sem açucar que são óptimos e uma excelente opção. No Verão comia uma vez por semana um gelado dito normal, mas agora com o frio a vontade é muito menor.

     - Reduzi a quantidade de bolachas que como. Basicamente, aqui em casa entram duas grandes qualidades de bolachas: maria e torrada, nas quais eu sou viciadíssima. Ocasionalmente, vem uma ou outra bolacha da Paupério, alguma de água e sal e tostas, mas nunca compro bolachas com chocolates, cremes, ou outras invenções. Bolachas são o meu maior vício eram, muito provavelmente, o meu maior pecado alimentar!

     - Procuro beber muita água mas raramente chego ao litro e meio por dia, porque a minha bexiga é para lá de hiperactiva e todo o líquido que entra tem de ser automaticamente expulso, e para quem passa muitas horas na rua nem sempre é fácil ir ao wc sempre que nos apetece.

     - COntrolo a quantidade de pão que como e escolho sempre pão escuro, de cerais ou integral. Em média devo comer 3 pães por semana, 4 na maior loucura. Já me disseram que podemos comer um pão por dia, mas eu passo bem sem eles, embora seja difícil resistir a um pão quentinho. Como não gosto de queijo ou manteiga, como-os com doce (sempre caseiro e com pedido especial de pouco açucar) ou queijo fresco, e muito raramente com fiambre, coisa que também não gosto por aí além.

     - Fast food, que é como quem diz, McWraps do McDonalds e Pizzas, são daquelas coisas que como quando o rei faz anos...

 

   Assim de repente, acho que são basicamente estas as minhas regras...sei que pode parecer "ah, tanta coisa que não comes", mas a verdade é que para mim é muito fácil ter este tipo de alimentação, já que nunca fui pessoa de comer muito ou muito gulosa. Sempre me soube controlar e como sempre disse, eu como TUDO o que gosto, talvez com a sorte de não gostar de muita coisa que faz mal. Não tenho alimentos proibídos e se me apetecer mesmo comer uma fatia de pizza como, se me apetecer comer um bolo como, se me apetecer mesmo deitar a baixo um pacote de bolacha maria com leitinho deito,às vezes precisamos destes desvarios, especialmente quando andamos numa fase de maior stress. Essencial para mim é não passar fome e nunca ficar com a sensação de enfartamento. E, principalmente, nunca ter de dizer "ah, não posso comer isso porque engorda"...mas antes "eu até podia comer isso, mas não quero".

   Acrescento que tudo isto foi estruturado e decidido por mim e terá, provavelmente, muitas falhas. Nunca recorri a nutricionistas e nunca fiz dietas. É apenas a minha visão de "vida saudável": um estilo de vida activo e uma alimentação regrada. É o que para mim faz sentido e o que comigo tem resultado.

Escrever, porque sim


  Gosto de escrever. Desde que me conheço que gosto de o fazer. Mas gosto de escrever de forma livre. Não gosto que me imponham temas, limites de caracteres, timings para entregar algum texto...gosto de escrever quando me apetece (e nem sempre apetece), sobre o que me apetece e quanto me apetece, ainda que possa partir de um lado e terminar noutro ocmpletamente diferente. Hoje, por exemplo, apeteceu-me escrever sobre isto de gostar de escrever, ainda que não tenha nada de muito importante a dizer sobre isto, para além da ideia de que gosto de escrever. 

   Gosto de escrever sobre tudo e sobre nada. Sobre temas relativamente importantes e sérios e sobre coisinhas da vida que ninguém se lembraria de colocar em escrita. 

   Criei um blog principalmente porque gosto de escrever e porque os tempos modernos "exigiam" o saltinho do caderno para o mundo. Quando se cria um blog porque se gosta de escrever, ainda que não sejamos nenhuns escritores ou pessoas com pretensão a tal, ou que o nosso blog receba um número humilde de visitantes (adoro-vos a todos meus fofuchos!!!), passamos por momentos de alguma pressão da escrita, quando a vida e as responsabilidades nos roubam tempo de escrita ou simplesmente inspiração (tenho tantos momentos destes!) e ficamos dias e dias sem publicar seja o que for, que é o mesmo que dizer, ficamos dias e dias sem escrever um simples "olá". É nestas alturas que eu penso que ser escritor deve ser das profissões mais difíceis de se ter (correcção: de se nascer com, porque o dom da escrita profissional e de valor é inato e, ao contrário do que a maioria das pessoas que publicam livros pensam, não é, mesmo, para todos). Isto de ter de escrever, muito e muito bem, de forma regular, diária, quando há milhares de pessoas à espera para lerem as suas palavras, deve causar uma pressão indescritível, a não ser que se tratem de pequenos génios literários carregados de ideias para lá de espectaculares.

   Para nós, que escrevemos por diversão, por necessidade de pôr em palavras escritas o que não conseguimos ou não queremos pôr em palavras faladas, é tudo mais simples. A inspiração chega-nos a qualquer momento, de forma desregular, à medida das nossas vivências, das nossas necessidades, das nossas possibilidades e, acima de tudo, das nossas vontades. É isto que significa gostar de escrever - escrever apenas porque sim.  

   Não sei se estas palavras fazem sentido, nem tão pouco me interessa. Simplesmente, hoje, agora, apeteceu-me escrever isto...

«Se isto é um homem», Primo Levi

 

Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado. Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta. Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus.

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   Provavelmente, um dos melhores livros que li até hoje, com descrições brutais, porque vividas na primeira pessoa, sobre o que se passava nos campos de concentração nazis. Absolutamente imperdível! 

Vós que viveis tranquilos

Nas vossas casas aquecidas,

Vós que encontrais regressando à noite

Comida quente e rostos amigos:

       Considerai se isto é um homem   

     Quem trabalha na lama    

    Quem não conhece a paz

       Quem luta por meio pão     

   Quem morre por um sim ou por um não.    

    Considerai se isto é uma mulher,     

   Sem cabelo e sem nome     

    Sem mais força para recordar

     Vazios os olhos e frio o regaço

    Como uma rã no Inverno.

Meditai que isto aconteceu:

Recomendo-vos estas palavras.

 Esculpi-as no vosso coração

 Estando em casa, andando pela rua,

Ao deitar-vos e ao levantar-vos;

Repeti-as aos vossos filhos.    

 Ou que desmorone a vossa casa,

     Que a doença vos entrave,    

 Que os vossos filhos vos virem a cara.

Era mesmo necessário este espectáculo todo?

   Que os casais do nosso jet7 se separem/divorciem é coisa que não nos pode fazer confusão nenhuma, muito menos gerar ondas de lamentação do tipo "ah que chocada que eu estou que eles pareciam o casal mais fofinho à face da terra". A verdade é que nós, comuns dos mortais, não sabemos absolutamente nada acerca das pessoas que aparecem nas nossas revistas do cor-de-rosa, para além daquilo que elas mostram ou escrevem (e mesmo assim, há que ter cautela). Para além disso, mesmo no casal mais fofinho à face da terra é perfeitamente "normal" que estas coisas do coração corram um bocadinho mal e se decidam separar os trapinhos. Toda a especulação que se gira em torno destas situações é mais uma das coisas de lamentar, mas muitas vezes são os próprios "vips" que contribuem para tal ao anunciaram aos sete ventos, que é como quem diz às sete revistas, pormenores tão pessoais e intímos. Mas o que é verdadeiramente deplorável é a pouca vergonha que se pode gerar à volta de determinadas situações, como parece que é o caso da separação da Babá e do seu Carilhinho. Primeiro anuncia-se a separação e partir daí é um salve-se quem puder e é cada declaração/ acusação pior que a anterior.

   Eu pergunto-me se esta gente não tem vergonha na cara, se não tem família que até possa ficar magoada com tudo isto, se não tem filhos que estarão a passar, provavelmente, pela maior vergonha das suas vidas (já para não falar de tudo o resto), se não têm uma vontade, ainda que muito pequenina, de manterem privado o que é tão privado e que, ao que parece, chega até a ser vergonhoso tornar público.

   ficam apenas algumas das declarações recolhidas do site da revista Caras:

 

«Segundo a edição de hoje do Expresso, Bárbara Guimarães apresentou queixa no  DIAP de Lisboa por agressões de forma continuada por parte do ex-ministro. O  semanário escreve ainda que a apresentadora alega ter sido agredida quase  diariamente nos últimos seis meses, em algumas situações na presença dos filhos»

«Contudo, o professor universitário nega as acusações e garantiu durante uma  entrevista ao Expresso que “nunca tocou” na apresentadora da  SIC. Manuel Maria Carrilho contou ainda ao semanário que Bárbara Guimarães está  a “atuar como uma pessoa enlouquecida”, comportamentos que atribui ao  facto de “estar sistematicamente alcoolizada”.»
 

«O ex-ministro da Cultura terá chegado acompanhado por um grupo de cerca de 10  pessoas e foi impedido de entrar em casa. Após algumas altercações, Nuno  Oliveira, amigo da apresentadora acabou por ser agredido e a Polícia e  INEM foram chamados ao local.
Manuel Maria Carrilho afirmou publicamente  que os filhos estão "sequestrados" e que não os vê desde o dia 18 de outubro,  após ter regressado de uma viagem a Paris. »

   Recolham-se às vossas casas, resolvam a vossa vidinha, olhem pelos vossos filhos e não tragam mais dramas venezuelanos e de lamentar à vida portuguesa.

Se isto é um homem...#3 (e estas são palavras a que ninguém consegue ficar indiferente)

 

"Sabemos de onde vimos: as recordações do mundo externo povoam os nossos sonos e as nossas vigílias, apercebrmo-nos com espanto de que nada esquecemos, todas as memórias evocadas surgem diante de nós dolorosamente nítidas.

Mas, para onde, vamos, não sabemos. Conseguiremos talvez sobreviver às doenças e escapar às selecções, talvez também resistir ao trabalho e à fome que nos consomem: e depois? Aqui, momentaneamente afastados das blasfémias e das violências, podemos voltar a nós próprios e meditar, e é então que se torna claro que não teremos regresso. Viajámos até aqui nos vagões selados; vimos partir em direcção ao nada as nossas mulheres e as nossas crianças; reduzidos a escravos, marchamos mil vezes para trás e para diante, numa fadiga muda, já apagados nas almas antes da morte anónima. Não temos regresso. Ninguém deve sair daqui, pois poderia levar para o mundo, juntamente com a marca gravada na carne, a terrível notícia do que, em Auscwitz, o homem teve coragem de fazer ao homem." 

 

Um passeio rápido por esse livro aberto que é o facebook...

...permite-me rapidamente, e com um ligeiro arrepio pela espinha, constatar que um número assustador das minhas "amigas facebookianas" (e todas elas fizeram, em determinados momentos, parte da minha vida) estão grávidas ou são mamãs fresquinhas...depois de um boom de casórios e vestidos de noiva, tenho agora um boom de barrigas e bebés e  de sorrisos babados que transpiram "ser mãe é a melhor coisa do mundo" que são muito agradáveis de se ver e que até podiam ser contagiantes, mas que para mim não são nada, nada, indicadores de "eu também quero fotos assim".

É que tudo isto me deixa a pensar que eu devo ser uma seca de amizade facebookiana, já que não tenho vestidos nem barrigas para mostrar (posso sempre mostrar os meus abdominais que tanto trabalhinho me dão e que também me deixam com um sorriso babado na cara) e massacro os meus amigos facebookianos com fotos tão banais como as de um sorriso depois de mais um passeio de bicicleta a dois ou de mais um lugarzinho deste país que descobrimos com um sorriso ou de sei lá que mais que me faz feliz e que parece tão insignificante quando comparado com vestidos brancos e barrigonas que trazem crianças lá dentro. Definitivamente, isto da felicidade é muito subjectivo. Que o diga o Facebook...

Das coisas que eu não consigo mesmo perceber...

   Se há acto em que os portugueses são exímios é em tornar um "fenómeno" coisas absolutamente impensáveis. Ele é as telenovelas, ele é as músicas mais ridículas e apimbalhadas que se possa imaginar, ele é os Big Brothers e Secrets Storys e coisas do género (desde que dê para a coscuvilhice está a valer), ele é tudo o que possam imaginar e ainda mais alguma coisa. Recentemente surgiu um novo "fenómeno" neste nosso bonito Portugal. Dá-se pelo nome de Liliane Marise e é uma espécie de mix entre fenómeno televisivo com fenómeno da música pimba, com uma boa dose de "mas que raio vem a ser isto". Por mais que me esforce, e acreditem que ainda me esforço um bocadinho pequenino mas intenso, não consigo mesmo, mas mesmo mesmo, entender o espalhafato que se montou em torno desta personagem. É que não lhe encontro ali música de jeito, vocação para o canto, inspiração para modelitos, exemplos a repetir...bem pelo contrário! O que eu vejo, e isso é inegável, é que a Maria João Bastos é de facto uma grande actriz, enorme, para desempenhar tão bem esta palhaçada da Liliane. Acredito que esteja a ser paga com barras de ouro, caso contrário não consigo perceber como é que uma senhora de tão bom gosto consegue descer tanto e cada vez mais, ao ponto de parecer que nasceu para aquilo e que a personagem afinal é a Maria João Bastos interpretada por Liliane Marise. E depois há o povo português, que se perde de amores e loucuras por este boneco. Por um Tony Carreira e seus descendentes eu até consigo perceber mesmo sem apreciar, por uma Floribela com sapatilhas mágicas e que falava com as árvores também, mas neste caso a compreensão está a ser mais complicada de atingir. Será que é disto, desta ausência de tudo, desta palhaçada completa, que os portugueses realmente gostam? É isto que os move? Que os põe a saltar? Afinal, o que é isto? E o que é que isto diz do estado mental do nosso povo?

   Não sei se quero procurar as respostas...

Se isto é um homem...#1

"Imagine-se agora um homem ao qual, juntamente com as pessoas amadas, tiram a casa, os hábitos, a roupa, enfim, tudo, literalmente tudo quanto possui: será um homem vazio, reduzido ao sofrimento e à carência, esquecido da dignidade e do bom senso, pois acontece facilmente, a quem tudo perdeu, perder-se de si próprio; reduzido a tal ponto que outros poderão sem problemas de consciência decidir da sua vida ou da sua morte para além de qualquer sentido de afinidade humana; no caso mais optimista, na base de uma mera avaliação de utilidade. Compreender-se-á então o duplo significado da expressão «campo de extermínio», e será claro o que entendemos exprimir com esta frase: jazer no fundo."

«Se isto é um Homem», Primo Levi

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