Histórias com gente dentro
Já vos falei aqui do Sr. A., um dos nossos idosos mais queridos e uma das pessoas com quem mais gosto de conversar. O que eu ainda não vos contei acerca do Sr. A., é que, nos seus 95 anos fabulosos, dispensou a empregada que a filha teimava em ter lá em casa duas vezes por semana, e assumiu o próprio a total gestão da sua casa, incluíndo a limpeza completa, profunda e diária da mesma. Acrescenta ele que, não só está perfeitamente capaz de fazer todas as tarefas domésticas, como as mesmas lhe permitem fazer ginástica e estimular os movimentos (ai se nós pensassemos assim nos dias de limpeza era tão bom!).
E que casa impecável ele tem (confesso que sempre julguei que era uma empregada que a limpava)! No dia em que descobri isto - e apesar de o conhecer há 3 anos, a cada visita descubro algo novo sobre o Sr. A. - ofereceu-me uma irrepreensível lição de como manter uma casa impecavelmente asseada, perfumada e sem qualquer sinal de pó, mesmo nos locais onde até eu o deixaria escapar - e sim, eu fui comprovar a sua ausência.
Perante esta revelação, cada vez mais compreendo as suas palavras de revolta contra "aqueles velhos que passam os dias afundados numa cadeira nos centros de dia ou em casa". Quem me derá que o caso do Sr. A. não fosse uma excepção à regra e que mais dos meus idosos pensassem (e se mexessem) assim.
Quando for grande quer ser assim!