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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Com a força toda...

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     Foi o gato que caiu da varanda mais alta da casa no Domingo passado para dias depois passar 2 dias na clínica veterinária e descobrir que partiu os dedos da pata direita e que terá de passar 3/4 semanas praticamente imobilizado numa gaiola para evitarmos a cirurgia; foi uma valente constipação que me atacou a meio da semana, precisamente na altura em que mais precisava de energia e que me obrigou a intoxicar-me de medicação para curar rápido; foram os meus treinos que à custa deste vírus ficaram a meio gás esta semana, também precisamente na altura em que mais precisava de treinar; foi o trabalho que me ocupou cada minuto do dia laboral com tudo a acontecer ao mesmo tempo e todos a querem falar comigo quando tudo o que queremos é uma placa de "please do not disturb" à porta...

   Esta semana de rentré para mim teve direito a tudo menos a momentos de sossego. Entrei a todo o gás porque a vida assim o exigiu e espero que as coisas agora abrandem, apesar de saber que tenho uma semana profissionalmente preenchida, mas com isso, havendo tempo para mim e para as minhas rotinas, sem atchins à mistura, lido eu bem.

   Que a vossa semana seja plena de energia!

Adeus verão

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Agora sim, a minha rentré. O regresso definitivo ao trabalho, às rotinas diárias, às dores de cabeça sem a quela certeza reconfortante do "aguenta que não tarda nada estás de férias". É certo que ainda tenho uma semana de férias no Natal, mas as verdadeiras férias, aquelas por que ansiámos todo o ano e as que nos fazem tão bem quanto sabem são mesmo as de Verão.

Por isso, está na altura de voltar à vida real e a tudo o que ela trás consigo. E está na altura de abrirmos a porta ao Outono, sempre com a sensação de que os dias de verão foram escassos e curtos do que a longa temporada de cinzento e frio que aí se avizinha.  

Adeus Verão. Adeus férias. Adeus dias compridos e a cheirar a calor. Adeus roupas leves e não tarda nada, adeus pele morena e aquecida pelo sol. 

Aviso já que nos próximos tempos o meu mau humor vai andar de mão bem dada com o meu mau feitio. 

Para Sul outra vez, na despedida do Verão

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   É verdade, segunda visita deste Verão ao Algarve. A decisão foi de última hora, quase de véspera mesmo, por isso as opções tendo em conta os dias disponíveis, localização e preços não eram muitas (porque raio é que toda a gente se lembra de tirar férias em Setembro e enchem tudo quanto é avião para destinos de praia a preços acessíveis?).

   Serão 6 dias para nos despedirmos definitivamente da melhor estação do ano, num hotel onde já estive há 2 anos e que gostei bastante. Espero que o S. Pedro nos ajude a ter uns dias de descanso ao sol, entre praia e piscina. 

   Passa a voar. Até Domingo. 

«Índice Médio de Felicidade», David Machado

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Daniel tinha um plano, uma espécie de diário do futuro, escrito num caderno. Às vezes voltava atrás para corrigir pequenas coisas, mas, ainda assim, a vida parecia fácil - e a felicidade também. De repente, porém, tudo se complicou: Portugal entrou em colapso e Daniel perdeu o emprego, deixando de poder pagar a prestação da casa; a mulher, também desempregada, foi-se embora com os filhos à procura de melhores oportunidades; os seus dois melhores amigos encontram-se ausentes: um, Xavier, está trancado em casa há doze anos, obcecado com as estatísticas e profundamente deprimido com o facto de o site que criaram para as pessoas se entreajudarem se ter revelado um completo fracasso; o outro, Almodôvar, foi preso numa tentativa desesperada de remendar a vida. Quando pensa nos seus filhos e no filho de Almodôvar, Daniel procura perceber que tipo de esperança resta às gerações que se lhe seguem. E não quer desistir. Apesar dos escombros em que se transformou a sua vida, a sua vontade de refazer tudo parece inabalável. Porque, sem futuro, o presente não faz sentido.
Índice Médio de Felicidade é um romance admirável e extremamente actual sobre um optimista que luta até ao fim pela sua vida e pela felicidade daqueles que ama. Dramático e realista, mas com momentos hilariantes, confirma o talento de David Machado como um dos melhores ficcionistas da sua geração.
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   David Machado era-me totalmente desconhecido. Aquando do lançamento deste seu último livro, numa reportagem televisiva, o título chamou-me à atenção e fiquei curiosa. Entretanto muito livro me foi passando pelas mãos, até que na feira do livro deste ano ele estava em destaque numa zona bem visível. Era a altura ideal para o comprar. Li-o em 5 dias, entre os bocadinhos da hora de almoço e os bocadinhos antes de adormecer. É um livro um tanto depressivo, cinzento apesar da capa amarela. Um relato por vezes estranho do que esta famosa "crise" pode fazer à mais comum e ideal vida. Julgo que pode ser exagerado em alguns momentos, "ir longe demais", mas o facto é que o desespero leva a atitudes que vão igualmente "longe demais". Mas não deixa de haver esperança e sobretudo luta, muita luta. Afinal, é disso que estes dias são feitos. Luta. Em busca da nossa felicidade. Seja ela qual, ou quanto, for. 
 

5,7 é pouco. Muito pouco

Havia cinco países nos quais o valor médio de satisfação com a vida era igual a 5,7: Djibouti, Egipto, Mongólia, Nigéria, Portugal e Roménia. (...) Pensei nas pessoas que conheço, nos meus amigos, na Marta, nos meus filhos, tentei lembrar-me das pessoas que vejo todos os dias, nos seus rostos, nas palavras que trocamos. Essas pessoas estão apenas cinquenta e sete por cento satisfeitas com as suas vidas. É tão pouco. Elas terão pelo menos consciência de que é muito pouco? Sabem que a possibilidade de serem mais felizes existe, que é real? Estão a fazer alguma coisa para que isso aconteça? Têm um plano? Tem que haver um plano. Tenho a certeza de que sem grande esforço podíamos subir na tabela, chegar ao 6,0. E, se nos mantivéssemos focados, em poucos anos chegaríamos ao 7,0. Tenho a certeza. 7,0 já é um número digno. Mas 5,7? 5,7 não traduz o nosso grau de satisfação com a vida. 5,7 é o nosso grau de insatisfação com a vida. 

"Índice médio de felicidade", David Machado

Histórias com gente dentro

   Quando nos ligam com um pedido de apoio domiciliário nunca sabemos muito bem o que vamos encontrar quando fazemos a primeira visita domiciliária. Eu vou sem expectativas nenhumas e pronta para qualquer cenário. Mas mesmo assim, a vida consegue ser cruel e dar-nos verdadeiras estaladas na cara. Ontem foi um desses dias. 

   Fiz a primeira visita à Sra. T., que me ligou na sexta-feira a pedir apoio domiciliário para higiene pessoal e almoço devido a problemas de saúde. Raramente pergunto a idade neste primeiro contacto telefónico e por isso esse foi o primeiro de muitos estalos que recebi. A Sra. T. tem 47 anos. Até 2008/2009 vivia uma vida estável, com emprego, marido, casa própria e uma filhota a caminho. Até que ficou desempregada. A filha nasceu. O marido ficou desempregado. No desespero financeiro fez de tudo um pouco para ganhar algum dinheiro. Um dia, há cerca de 3 anos, deu uma queda numas escadas. O pé direito falhou-lhe, perdeu a força e caiu. Fracturou um ombro mas nada que não se curasse. Passado um tempo, voltou a cair. Mais uma perda de força no pé. E os sintomas começaram a aparecer. Alguma coisa não estava bem. O diagnóstico foi dos mais cruéis que um ser humano jovem, com uma filha para criar e toda uma vida para viver pode receber: esclerose lateral amiotrófica (ELA). Em 2 anos, a Sra. T. perdeu todos os empregos, perdeu a casa, perdeu a vida, os sonhos e a esperança. O mundo desabou em cima dela. Em menos de 2 anos perdeu toda a mobilidade dos membros inferiores, os superiores começam a ressentir-se e a fala já não é perfeita. Hoje vive com a mãe, com diversos problemas de saúde, numa casa camarária. Passa os seus dias numa cadeira de rodas e são o marido e a filha de 7 anos, que é capaz de nos relatar todo o historial clínico da mãe, que a auxiliam em todas as actividades de vida diária.

   Aos 47 anos, T. está dependente de terceiros para tudo. Aos 47 anos, T. trava uma batalha infernal que sabe que não vencerá. Aos 47 anos, T. já não tem vida e não pode sonhar ou sequer acreditar no amanhã, porque T. sabe, aos 47 anos, que amanhã só pode ser pior que hoje, que o futuro que existe será tão dolorosa que, com toda a certeza, preferiria não o viver. Ou sobreviver. Aos 47 anos, T. percebe melhor que ninguém que esta vida é uma passagem e que para algumas pessoas, é uma passagem demasiado curta, demasiado dolorosa, demasiado vazia de vida. 

 

Non-Zen self

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    Não sou dada ao zen. Nunca fui, nem mesmo quando tentei parecê-lo, praticando yôga durante mais de 2 anos. Gostava muito daquilo é certo, mas a parte do relaxamento e introdução à meditação eram mais dolorosos para mim do que dar um nó com as pernas. A minha mente, o meu pensamento, o meu interior, são turbilhões. Não param, nunca param! Respirar fundo, fechar os olhos e apreciar o momento não é para mim. Sou fã da vida e de cada um dos seus instantes, mas não os consigo viver de uma forma zen. Para mim, é um instante atrás do outro e nunca o ficar presa num momento. Não me convidem para retiros espirituais na Índia, para fins-de-semana no melhor SPA da Europa ou para férias numa cabana no meio do mar nas Maldivas; não me peçam para chegar a casa e relaxar com uma musiquinha de flautas de pau e cheiro a incenso;  não me aconselhem encontrar respostas num pôr-do-sol à beira-mar ou sequer a dar o grito do Epiranga numa montanha isolada. Estar sem fazer nada, simplesmente estar, não é para mim. Não consigo. A minha mente não tem botão off e, apesar de eu gostar muito do meu silêncio, do meu espaço e dos meus momentos, eles nunca serão momentos de total desconexão. Não sei se é bom ou mau, mas é o que eu sou, e o que somos não vale a pena contrariar ou negar. Por isso, vou só ali fazer qualquer coisa agora até ter de fazer a coisa seguinte.

«Toda a luz que não podemos ver», Anthony Doer

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Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição.
Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.
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   Um livro cheio de prémios e nomeações, entre os quais talvez o principal seja o Pulitzer 2015. Só isto é suficiente para fazer deste livro um bom livro. E é. Não é nenhuma obra-prima, mas é um excelente relato (ou retrato) sobre um período tão conturbado da nossa história mundial, centrado sobretudo em duas personagens principais - Marie-Laure e Werner - que se cruzam em menos de 100 páginas das mais de 500 do livro, mas que nos oferecem uma outra forma de ver e relembrar os tempos de guerra.

 

1 de Setembro 2015 - a mudança

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imagem roubada do facebook de "as9nomeublog"

   É hoje.

   Oficialmente, coordenadora de um dos nossos centros sociais.

   A palavra de ordem é apenas uma: gestão. De equipas, de trabalho, de dinheiro, de idosos, de actividades, de processos, de papelada, de problemas, de stresses, de sucessos, de alegrias...

   É isto e calma. Muita calma.

   Respira fundo. Vai.