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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Uma salva de palmas para a Barbie

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  A Barbie sempre foi a minha boneca favorita. Nunca gostei de Nenucos e outros do género. A minha infância foi passada com esta boneca. Todos os dias ia ter com elas e construia histórias e mais histórias e claro que a parte que mais me agradava era o veste e despe constante! Tive imensas Barbies e acessórios desta boneca e ainda hoje guarda uma boa dúzia delas devidamente vestidas e arranjadas. 

   A Barbie sempre foi a minha boneca favorita mas nunca reconheci nela a jovem ou mulher que queria um dia ser. Nunca me fez confusão que todas elas fossem altas, loiras, magras e elegantes e nunca as vi como modelo. Ainda assim, aplaudi esta inovação da marca de multiplicarem os corpos, caras, peles e cabelos das Barbies. Enquanto símbolo feminino que possa representar (e acredito que o represente) esta variedade é importante porque torna esta boneca mais próxima das mulheres reais. Porque todas nós podemos ser bonecas maravilhosas, mas todas nós o somos com as nossas diferenças e diversidades. 

   Sejam Barbies, orgulhosamente Barbies!!! 

Dos limites do sofrimento humano

Não sei o que se passou verdadeiramente. Não conhecemos os factos, não conhecemos a história real, não conhecemos os verdadeiros motivos. Mas sabemos que existe uma mulher que se atirou ao mar com os dois filhos. Parece que há suspeitas de violência doméstica e abuso sexual. Sem certezas até à data, até porque não é ao público em geral que estas satisfações têm de ser dadas. O que é verdadeiramente importante e grave nesta história é que houve alguém que achou que o fundo do mar era o melhor futuro para si e para os seus filhos. Atendendo ao desfecho coloca-se a dúvida se esta mãe se queria realmente matar; será que se arrependeu; será que lhe faltou a coragem quando já era tarde demais para salvar os filhos; será, será, será... O que será certo é que havia desespero nesta mulher, um desespero tão grande e imensurável que não queremos acreditar que seja humanamente possível. E sofrimento. Muito sofrimento. Daquele que não conseguimos mais tolerar. Daquele que não se explica e só se compreende quando se passa por ele, muitas vezes sem retorno. Quando eu chego ao ponto de acreditar que matar os meus filhos é o melhor para eles algo de muito errado se passa com o mundo, com a vida e connosco, ser humanos. Faz-nos pensar que somos realmente capazes de tudo, até quem sabe matar por amor, por proteção... Não vou fazer julgamentos enquanto não se conhecer a verdadeira história. Porque tem de existir uma história por trás é uma história que precisa de ser contada, não para satisfazer a curiosidade mesquinha do povo mas para alertar para uma realidade dura que pode estar por trás de um sorriso de uma qualquer pessoa: o sofrimento emocional, mata. O sistema falhou? Esta família já estava sinalizada? As respostas demoraram tempo demais? A sociedade ignorou mais uma vez? Mais do que as respostas, é importante percebermos que estas coisas podem acontecer e não ser sinónimo de loucura. E que por mais que se esteja em alerta, por mais que se diga que é importante estar atento aos sinais e avisos, estas coisas vão continuar a acontecer, porque o verdadeiro sofrimento é silencioso; porque quem tem a coragem (ou covardia) de tomar uma decisão destas não o faz com avisos prévios. Porque todo o ser humano tem limites. Todo. E há coisas que nunca, nunca, se conseguirão evitar. Que nos fique na memória. Que aquelas crianças estejam agora em paz. E que aquela mãe algum dia recupere de algo com que dificilmente conseguirá alguma vez viver.

A importância de andarmos sempre com comidinha boa atrás de nós

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 Atualmente não existem desculpas para não comermos bem! A informação está por todo o lado, as dicas e sugestões são mais que muitas (na verdade, acho até que já são demais!) e comer bem é, mais do que nunca, delicioso! Nunca, como hoje, esteve tão na moda a marmita. O que aqui há uns anos era típico de empregados fabris e da construção civil, hoje em dia é sinal de inteligência, poupança e saúde. Nos dias que correm não é vergonha nenhuma andarmos com comidinha atrás de nós para todo o lado. Desde coisas mais simples para lanchinhos da manhã e da tarde, até marmitas mais completas com refeições com almoço, lanches e snacks, vale tudo, desde que o objectivo seja comer bem e em bom. 

   Eu sou daquelas que só não anda com uma mochila de comida atrás de mim porque não gosto de mochilas! Mas todos 5 dias por semana encho a minha "lancheira", que é bem grandinha, com tudo o que vou comer durante o dia de trabalho: o lanche da manhã, o almoço e os lanches da tarde (sim, quase sempre mais que um!). Para além disso, na minha secretária há sempre "soluções de emergência": tostas de arroz ou milho, maçãs, frutos secos e chá (já me salvaram num ou outro dia em que me esqueci da marmita). Ao fim-de-semana não carrego uma marmita, é certo, mas saio sempre de casa com fruta, água e tostas na carteira.

   Vá para onde for, levo a minha comida ou os meus snacks atrás: para o trabalho, para as formações, para um concerto, para passear, para viajar, nas férias, para casa de algum familiar...Poderá haver quem o considere doentio ou louco. Eu acho-o perfeitamente normal. O único senão é mesmo o facto de muitas vezes me faltar inspiração e paciência para preparar as minhas refeições.

   Pequenas mudanças trazem grandes diferenças na nossa vida, na nossa saúde e na nossa carteira! E uma vez que isto se torne parte da nossa vida e dos nossos dias não dá para fazer de outra forma!

O amor...

   Não se procura o amor. Não se encontra o amor. Ele vem ter connosco. Acontece. Quando tem de ser e com quem tem de ser. Pode não ser para toda a vida (porque já nem nos filmes o é!); o importante é que seja para todos os dias, enquanto fizer sentido e for verdadeiro, puro e tudo. 

   O amor, como todos os sentimentos, é uma construção. Em todas as suas vertentes. O amor de pais, o amor de filhos, o amor de família, o amor de amigos, o amor de bichinhos, o amor-próprio, o amor romântico. O amor não é à primeira vista. A paixão, a atracção, o fascínio, pode sê-lo. O amor não. O amor nasce de todas as vistas, de cada vista. Esta e mais esta e mais aquela e até a outra de que não gostamos tanto. Porque o amor também é isto: as imperfeições, o menos bom. O amor não é amar apesar de tudo e com tudo. O amor é amar o que é de amar e nos faz amar e aceitar o que não é perfeito, o que não gostamos, mas porque é amor, aprendemos a viver com isso. 

   O amor não é das almas gémeas ou dos príncipes encantados. O amor real é das e com pessoas que não são gémeas, não são iguais, nem sequer são almas; são pessoas reais com almas e interiores tão diferentes que se tornam o melhor da vida e na vida um do outro. O amor não é dos casais perfeitos e felizes para sempre. O amor é daqueles que querem ser felizes um dia de cada vez e que acreditam, a cada dia, a cada momento, a cada desafio, a cada alegria, a cada lágrima, a cada sorriso, muito mais é o que os une, que aquilo que os separa. 

   O amor a sério não precisa de definições, de provas, de dias no calendário. O amor a sério, o amor que nos dá vida todos os dias, nem sequer vive de amo-te ou beijos e abraços. O amor que conta, o amor que realmente vale a pena, é aquele que não precisa de mais nada para além de alguém que o queira realmente viver. Todos os dias. 

Desmistificando mitos: os bairros sociais não são nenhum bicho-papão

   Desde que fui trabalhar para esta instituição, há quase 5 anos, que o grosso do meu trabalho é realizado nos bairros sociais do Porto. Actualmente, o meu centro social fica bem no coração de um dos mais antigos e por ventura problemáticos bairros sociais da cidade. Confesso que quando comecei o meu trabalho tive alguns receios; não me era um ambiente completamente desconhecido, mas era, sem dúvida, um ambiente onde não me sentia totalmente à vontade. Lembro-me de que no meu primeiro dia de trabalho tive uma visita domiciliária para fazer, curiosamente no bairro onde hoje estou diariamente. Fui "abandonada" numa casa desconhecida, num bairro desconhecido e no momento de regressar ao centro, sozinha e a saber que tinha de passar bem pelo meio de uma das zonas problemáticas do bairro, as minhas pernas tremiam. Por coincidência, estava esquecido em casa do cliente que visitei o casaco de uma das nossas colaboradoras e eu vi ali a minha salvação: como os casacos têm bem visível a identificação da instituição, regressei ao centro com ele vestido! Sempre era uma forma de me identificar com a instituição, que é claramente conhecida e respeitada nos locais onde está.  

   Gosto de contar esta história do meu primeiro dia e perceber como as coisas mudaram e em pouquíssimo tempo! Hoje saí para algumas visitas domiciliárias nesse mesmo bairro, que desde Setembro é a minha casa, sozinha, sem casacos, sem qualquer identificação, com total à vontade e perdi a conta ao número de vezes que disse "olá dona X", "bom dia, Sr. Y", "olá", "bom dia". E percebi mais uma vez que o que é assustador e perigoso não são as pessoas ou os locais, mas sim as ideias que construimos sobre as pessoas e os locais. Os bairros sociais do Porto são locais tão agradáveis para se estar como quaiquer outros e as gentes de lá podem ser realmente agradáveis de se conhecer. E chega a um ponto em que não dá para não nos sentirmos parte daquilo. Durante uma boa parte do dia aquele lugar supostamente mau, perigoso, insustentável, é o nosso lugar e é um lugar onde nos sentimos bem. É um lugar que temos o privilégio de conhecer, cheio de pessoas e histórias que nos ensinam o que de melhor e pior há na vida e nisto sim, os bairros sociais são bons: a ensinar-nos que a vida é muito, muito mais, do que aquilo que o nosso mundinho alguma vez poderia imaginar. 

«Nós os dois», Andy Jones

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Nós os dois é um romance enternecedor e honesto que o fará rir e comover-se ao mesmo tempo. Fala sobre a vida, o amor e a importância de não tomar ninguém por garantido. Apaixonar-se é a parte fácil. Importante é o que acontece depois.
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   Não faço ideia o que me levou a comprar este livro que chegou recentemente a Portugal, mas foi impulso "à segunda vista". Gostei da capa, gostei do título e gostei da frase que acompanhava a capa: "o livro que vai querer recomendar aos seus amigos". E a verdade é só uma: é um livro que vou querer recomendar a toda a gente!!! Basicamente, devorei-o! Numa semana arrumei com ele e só não durou menos porque não houve tempo para mais leituras! É absolutamente delicioso! 
   Podemos considerá-lo um romance, mas é um romance vazio de lamechices e pirosices daquelas que nos só nos aborrecem, mas é um romance cheio de sentimento e com muito, muito amor. A história anda à volta de um casal a quem tudo acontece aparentemente depressa demais. Teriam tudo para falhar, teriam tudo para não correr bem, teriam tudo para às páginas tantas pensarmos "isto não vai correr bem" ou "ela está a usá-lo" ou "ele vai falhar"...não me vou estender mais para não estragar a experiência a quem tomar a excelente decisão de ler este livro, mas leiam-no! Se querem um livro leve, fácil de ler, que nos prende desde a primeira página e que temos pena de arrumar quando o terminamos, este é o livro certo!