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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

E isso faz toda a diferença...

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"Sou mentalmente doente. Há uma diferença. Pelo menos para mim há. Tenho perfeita consciência do facto de que não sou muito certa das ideias. Sei que esconder-me debaixo de mesas e nas casas de banho não é normal. Sei que construí uma vida que me permite esconder-me sempre que preciso porque, de outra forma, não conseguiria sobreviver. Sei que, de cada vez que a minha ansiedade ataca e me atinge, o meu corpo não me vai mesmo matar, apesar do que possa sentir. Sei que, de cada vez que tenho pensamentos suicidas metidos dentro da minha cabeça, devo contar a alguém que me possa ajudar, pois a depressão é uma astuta manipuladora. Sei que a depressão nos mente. Sei que as poucas semanas durante o ano em que sinto que tenho a máscara de um estranho no rosto e nada, a não ser a dor física, me pode devolver a consciência ao meu corpo de que existe um limite, por muito que me possa ferir e, ainda assim, estar segura na minha própria cama. Sei que sou doida. E isso faz toda a diferença." "Furiosamente Feliz", Jenny Lawson

«O Paraíso segundo Lars D.», João Tordo

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Numa manhã de Inverno, Lars sai de casa e encontra uma jovem a dormir no seu carro. Ele é um escritor sexagenário e, poucas horas mais tarde, parte em viagem com a jovem deixando para trás um casamento de uma vida inteira e um romance inédito: O luto de Elias Gro.

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Não gostei de "O luto de Elias Gro". Eu sei que é João Tordo e que isso só por si é garantia de bons livros e boa escrita, mas não gostei. Demasiado descritivo, demasiado depressivo, demasiado melancólico. Há quem o tenha considerado o melhor livro de João Tordo, mas para mim anda bem próximo do contrário (e nada supera "A Biografia involuntária dos amantes").

Quando este "Paraíso" saiu, e escaldada pelo livro anterior, fiz-lhe uma careta e resisti meses e meses a comprá-lo. Há pouco tempo, num impulso, decidi-me. E que bem que fiz. Devorei-o! 

No estilo do anterior, sim, mas este pareceu-me mais leve. A história entra-nos facilmente e isso é tudo que faz um livro de sucesso e um livro que nos apetece ler, com gosto. Este sim, é um João Tordo que vale a pena ler! 

 

Em mim, podes confiar...

Disseste que passas tempo sozinho, não é o mesmo que saber que essa solidão te mete medo. Eu sei que acordas com medo, que te levantas com medo. Há uma razão para a vida ser feita de inúmeros seres e criaturas: quando tudo nos parece um túnel escuro e sem saída, os outros são amparos de luz, são lanternas brilhantes dentro dessa escuridão que nos assola. Eu sei, meu marido, que aprendeste, desde muito novo, a não dar a mão a ninguém; aprendeste os perigos de confiar nas pessoas, porque elas deixam-nos, abandonam-nos, desiludem-nos. São um rasgão por dentro, tu próprio o escreveste. Mas, em mim, podes confiar. Estou aqui, tantos anos depois.

"O paraíso segundo Lars D.", João Tordo

«As Altas Montanhas de Portugal», Yann Martel

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As Altas Montanhas de Portugal leva-nos numa viagem pelo Portugal do século passado que é também uma viagem interior.
Na Lisboa de 1904, um jovem chamado Tomás descobre um diário antigo onde é mencionado um artefacto extraordinário que poderá redefinir a história. Ao volante de um dos primeiros automóveis da Europa, Tomás aventura-se pelo país em busca deste objeto invulgar.
Trinta e cinco anos depois, em Bragança, um patologista, leitor voraz dos romances de Agatha Christie, vê-se enredado num mistério que é consequência da demanda que Tomás levara a cabo.
Décadas mais tarde, um senador canadiano refugia-se numa aldeia no Norte de Portugal após a morte da mulher. Com ele traz um companheiro invulgar: um chimpanzé. E eis que é desvendado por fim um mistério com cem anos.
As Altas Montanhas de Portugal é um romance original e empolgante que explora com mestria questões prementes da condição humana.

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   Às primeiras páginas lidas, não me cativou. Depois entranhei-me no livro, ou ele em mim, e foi um devorar de páginas! Não tem história que possa ser explicada ou resumida, mas tem um cheirinho a José Saramago. Verdade. Não tanto pela forma de escrita mas pelo enredo, por aquela sensação que muitos livros de Saramago deixavam de "isto nunca poderia acontecer na vida real, mas está tão bem escrito que parece real". 

   É um livro original, bem escrito, pouco vulgar e que apesar de as primeiras impressões poderem não ser as melhores, faz valer cada página!