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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Vir à tona

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"Aliás, para viver é preciso reter a respiração, para depois vir à tona, voltar a reter a respiração como um mergulhador e imergir no mundo, experimentar o horror, vir à tona, reter a respiração. O segredo está na capacidade pulmonar. A vida é a retenção de respiração da alma. Inspira, mergulha, volta à superfície, é isso." [Valter Hugo Mãe, "Nem todas as baleias voam"]

«O Projeto Rosie», Graeme Simsion

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Don Tillman está noivo. Mas ainda não sabe de quem.
Professor de Genética e pouco sociável, decide que chegou o momento de arranjar uma companheira, e elabora um questionário que irá ajudá-lo a encontrar a mulher perfeita.
Quando Rosie Jarman aparece no seu gabinete, Don assume que ela pretende concorrer ao "Projeto Esposa" e penaliza-a por fumar, beber, não comer carne e ser pouco pontual.
Mas Rosie não ambiciona tornar-se a Sra. Tillman. O seu objectivo é recorrer ao profissionalismo de Don, para que ele a ajude a encontrar o seu pai verdadeiro.

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   Um livro bastante engraçado e muito levezinho, óptimo para quebrar leituras mais pesadonas e exigentes. A história em si não traz nada de novo ou marcante, mas está bem escrito e a personagem principal, Don Tillman, é suficientemente engraçado e bem escrita para nos fazer gostar dele e querermos saber como tudo vai terminar. 

    Parece que é um livro que estará a ser adaptado ao cinema e, de facto, parece-me claramente aquele tipo de livro que poderá resultar em cinema americano para massas/juventude. 

   Não é um grande livro, está bem longe disso, mas é uma leitura bastante agradável. 

Até ao fim...

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"É isso, Natasha, temos de ser até ao fim. Não somos seres humanos de desistir num caixão, somos muito mais longe, somos até ao fim. Quando o Universo deixar de existir, nós manteremos a vida, somos nós que fazemos a eternidade. O universo não acaba enquanto nós formos."

[Valter Hugo Mãe, "Nem todas as baleias voam"]

Por causa de...

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"Se as suas emoções pudessem traduzir-se em palavras, seriam assim: por causa da nota que tocas na cabeça, por causa das paredes que tens nos olhos, por causa das cicatrizes todas na tua pele, das rosas e da tristeza, por causa do coelho branco que está sempre a correr, por causa do frio que sinto ao chegar a quatro centímetros da tua presença, por causa das traças que voam à nossa volta, por causa dos sonhos que ainda não cumpri e porque me sinto sozinho como se estivesse pendurado no meio do universo, preso a uma estrela muito distante, tão distante que não se pode ver a olho nu, nem nenhum astronauta lá chega, nem os olhos dos telescópios. " (Valter Hugo Mãe, Nem todas as baleias voam)

Da vida e da morte

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Hoje fui visitar o Sr. A. Encontrei-o bastante debilitado, quase desaparecido numa cama articulada tamanha foi a luta que o cancro lhe deu. Falei com o Sr. A. Pouco, mas falamos. Despedi- me do Sr. A perto do meio dia e deixei-o na sua casa, com a filha e a esposa, que ao despedir-se me disse "metade do dia já está, vamos ver se aguento a outra metade". O Sr. A faleceu hoje, às 14h30. Menos de 3h depois de o deixar, o Sr. A. Deixou a vida, na sua casa, sozinho no quarto, numa cama doente. Afinal era para ele que a outra metade do dia já não estava reservada. E é isto que nos relembra que não somos nada e que nada é certo ou garantido. Absolutamente nada. Somos pequeninos e frágeis. Não somos nada. É a vida que é tudo e que um dia acaba. Vamos viver enquanto cá estamos.

#lugares: Fábrica Nr.2

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 No sábado passado fomos almoçar ao tão falado restaurante das "espetadas" na baixa do Porto. Já há algum tempo que tinha curiosidade em conhecer este espaço, principlamente pelo pormenor de tudo "ou quase tudo" ser servido "espetado num pau". 

Aspetos positivos: o espaço é agradável, calmo, sossegado e bem localizado, praticamente todos os pratos são grelhados e os preços são acessíveis. Se gostam de comer muito, preparem-se para pedirem uma série de espetadas, já que a maioria são pequenas. Certo é que, mesmo para quem não gosta de se empanturrar de comida, o recomendável é pedirem sempre duas espetadinhas diferentes. E é no momento da escoha que surge o primeiro e se calhar o maior aspeto negativo: a variedade não é muita. Há espetada de queijos, de duas ou três variedades de carne, vegetariana, de salmão, de lulas e pouco mais...

Nós optamos por uma espetada de queijos (servida com tostas e compota) e outra de frango grelhado para ele e para mim espetada vegetariana (tofu, corgete, cherry e cogumelos) e espetada de salmão e camarão. Para acompanhar existe salada, arroz ou batatas fritas ou assadas; optamos pelas batatas fritas, que para mim foi o aspecto menos positivo da refeição; não gostei e quase não lhes toquei, mas isto sou eu que nunca como batatas fritas em lado nenhum! 

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 Quanto à qualidade da comida...não era má, mas também não era nada de especial. Para mim, estava tudo demasiado salgado, mas mais uma vez há que dar o benefício da dúvida, já que eu praticamente não uso sal em nada!

Conclusão: não digo que não voltarei lá, mas não fiquei de todo fã ou cliente. Mais rapidamente me encontrarão ali ao lado na Dona Maria Pregaria do que aqui. Ok, é um conceito diferente, a comida é serevida em espatas engraçadas, numas tábuas de madeira igualmente engraçadas, mas quanto à qualidade e paladar da comida, não traz nada de novo nem nada que me tenha feito lambuzar. Mas passem por lá, experimentem e tirem as vossas conclusões!

Boas refeições! 

   

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«O Pavilhão Púrpura», José Rodrigues dos Santos

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Nova Iorque, 1929. A bolsa entra em colapso, milhares de empresas fecham, milhões de pessoas vão para o desemprego. A crise instala-se no planeta.
Salazar é o ministro das Finanças em Portugal e a forma como lida com a Grande Depressão granjeia-lhe crescentes apoios. Conta com Artur Teixeira para subir a chefe de governo, mas primeiro terá de neutralizar a ameaça fascista.
O desemprego lança o Japão no desespero. Satake Fukui vê o seu país embarcar numa grande aventura militarista, a invasão da Manchúria, na mesma altura em que tem de escolher entre a bela Harumi e a doce Ren.
Lian-hua escapa a Mao Tse-tung e vai para Peiping. É aí que a jovem chinesa e a sua família enfrentam as terríveis consequências da invasão japonesa da Manchúria.
A crise mundial convence os bolcheviques de que o capitalismo acabou. Estaline intensifica as coletivizações na União Soviética e o preço, em mortes e fome, é pago por milhões de pessoas. Incluindo Nadezhda.

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Continuação do anterior "Flor de Lótus", continuamos a descobrir a vida e o destino das personagens centrais desta trilogia. À semelhança do que aconteceu com o primeiro livro, cheguei a um ponto em que tive de fazer uma pausa, pegar noutro livro e depois voltar a este. Não é que seja um mau livro, simplesmente é muito grande (quase 700 páginas) e por vezes torna-se demasiado teórico e político, o que tem a parte boa de nos ensinar imenso, mas que ao fim de umas quantas páginas se torna maçador. 

Agora é aguardar pelo desfecho desta história, que acontecerá apenas no próximo ano. 

Head full of dreams

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Já fui uma sonhadora. Daquelas do clássico tipo de "sonhar acordada". Já criei muitas histórias, já idealizei destinos, já imaginei o futuro cor de rosa que gostaria para mim, já fiz planos e mais planos que ficavam a dever uns bons trocos à razão. Já fui isto tudo. E a maior parte das vezes gostei de o ser. Depois veio a vida e eu cresci. Veio a vida ( e felizmente até veio calma e pacífica, comparativamente com tantas outras guerras a que chamam vida) e a experiência e a mãe de todas as mudanças: a maturidade. E quando a maturidade chegou e se instalou deixou de haver espaço para sonhos e a menina sonhadora tornou-se ambiciosa. E é isto que acontece quando crescemos: deixamos de sonhar com o impossível para passarmos a acreditar que se chegamos até aqui somos capazes de ir mais além e ser mais e melhor. Na. Isa real, os sonhos dão lugar a está ambição boa e saudável que não nos deixa estagnar, que não permite acomodações ou "deixa estar assim que está bom". Quando está bom, pode ficar melhor. Sem ser preciso sonhar, mas com muita capacidade de acreditar e lutar por aquilo que se calhar um dia foram sonhos, mas que hoje são possibilidades e vontades reais. Não sinto falta de sonhar. Como sentir, quando sou tão feliz a festejar todas as minhas conquistas?

«O meu nome é Lucy Barton», Elizabeth Strout

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Mais do que uma história de mãe e filha, este é um romance sobre as distâncias por vezes insuperáveis entre pessoas que deveriam estar próximas, sobre o peso dos não-ditos no seio das relações mais íntimas e sobre a solidão que todos sentimos alguma vez na vida. A entrelaçar esta narrativa está a voz da própria Lucy: tão observadora, sábia e profundamente humana como a da escritora que lhe dá forma.

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Prémio Pulitzer, este livro de Elizabeth Strout, autora que desconhecia, é realmente bom e obrigatório. Trata de relações humanas e de laços que, por mais dolorosos que possam ser ou ter sido, são impossíveis de quebrar. 

Tão humano quanto bom! Leiam, por favor!

Rasgar e remendar-se

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Nada poderia ser mais verdade em relação à vida. Rasgar e remendar-se. Ambos importantes, ambos fundamentais para o nosso crescimento, ambos inevitáveis. Viver é o melhor da vida, mas às vezes também magoa. Nada é sempre bom ou sempre mau, já sabemos, por isso há que estar preparado para os "auch" da vida. Os rasgões da vida. Uns mais fundos, outros mais superficiais, uns que sagram sem quererem parar e outros que facilmente cicatrizam. É a vida a por-nos à prova. É a vida a testar o nosso sistema imunitário contra as adversidades, a nossa resiliência. É a vida a rasgar-nos. E é a vida a remendar-nos, porque pele que sangra, sara. Não é com pensos rápidos, nem sequer com paciência, coragem e determinação. É sobretudo com fé - acreditar em nós e na vida. A vida que tanto rasga mas que tudo cura. Com fé. Sejamos como os gatos: quando as feridas aparecerem, lambam-nas. Porque só nós nós podemos curar. Só nós nos podemos remendar. E em caso de dúvida ou maiores dificuldades, remendemos com um sorriso! O resto a vida traz.

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