Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

O último

IMG_3258.JPG

 

Porque os balanços devem ser diários e não de 365 dias em 365 dias, o que importa é a vida que vivemos a cada dia. E que a cada dia que passa nunca nos falhe a força de acreditar. Em nós, nos outros, mas sobretudo na vida. A vida que tudo resolve e tudo ensina. A vida, que é o mais precioso dos bens que temos. Hoje, 31 de Dezembro de 2016 e todos os outros dias da nossa vida!

Ok

IMG_3051.JPG

 

Ao fim de 6 dias parece que finalmente começo a sentir-me melhor desta gripe monstra que me atacou. Não me recordo de alguma vez ter tido uma verdadeira gripe. Já fiquei várias vezes constipada, mas gripe e então como esta felizmente nunca tive. E espero que não se repita! Acho que nunca me senti tão mal como por estes dias. Para além da febre tive sobretudo dores horríveis no corpo todo e uma perda completa de forças, ao ponto de subir meia dúzia de escadas ser um sofrimento doido. Nos meus momentos de maior aperto, com a febre alta a teimar em não baixar e o corpo completamente quebrado, sem forças sequer para falar ou abrir os olhos, lembrei-me várias vezes de como será duríssimo viver com uma doença grave que nos deixa de rastos dias e dias intermináveis. Felizmente no meu caso era só uma gripe, mas uns dias assim puseram me a pensar em todas as pessoas realmente doentes e o quão doloroso deve ser acordar dia após dia sem melhoras, sem forças, sem energia, sem nada... pude perceber o sentimento de derrota e a vontade de desistir e acima de tudo acho que aprendi a valorizar ainda mais todos os lutadores que se recusam desistir ou deixar de acreditar numa recuperação. Heróis. Super heróis. Por cá parece que a coisa está a passar. A tosse abrandou bastante, as dores no corpo diminuíram depois de dias a arrastar me pelo mundo e a energia há-de voltar aos poucos ao meu corpo, assim como os quase 2 kg que perdi com esta brincadeira, o que para quem pesava 48kg me deixa num valor assustador. Agora só me apetece pensar no Natal, nas férias e na minha recuperação total, para poder voltar às minhas rotinas!

«1984», George Orwell

1507-1.jpg

1984 oferece hoje uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as democracias capitalistas. A electrónica permite, pela primeira vez na história da humanidade, reunir nos mesmos instrumentos e nos mesmos gestos o trabalho e a fiscalização exercida sobre o trabalhador. O Big Brother já não é uma figura de estilo - converteu-se numa vulgaridade quotidiana.

________________________________________________________________

Este livro dispensa qualquer tipo de apresentação. Quem não o conhece? Intemporal e eterno, talvez um dos maiores clássicos da literatura. Andou a escapar-me durante muito tempo, pelo simples motivo de que tinha receio que fosse uma espécie de lição filosófica e demasiado descritiva/política sobre um mundo utópico. Como eu estava enganada! E como eu gostei disto!

Como é possível que em 1948 se escrevesse assim? Como é possível que em 1948 alguém idiealizasse o mundo de 1984, que afinal é tão semelhante ao mundo de 2016? Este entrou diretamente para a minha lista de "livros de uma vida". 

Se isto é viver...

7EE88980-0672-4D4F-B647-71711F725331.jpg

 

A realidade vai-nos passando ao lado tantas e tantas vezes. Demasiadas. Não será indiferença nem mero não querer saber; é talvez um mecanismo de defesa, vivermos a nossa vida informados sobre o que se passa noutras vidas e noutros mundos mas sem nos envolvermos muito. O problema é quando paramos 2minutos para ler ou ouvir as notícias e outros 5 para assimilarmos o que lemos ou ouvimos. É nesse momento que percebemos que há vidas tão mas tão difíceis e mundos tão duros que parecem irreais. O que se passa na Siria será apenas um exemplo desse mundo onde não há vida mas sobrevivência (ou nem isso!) e nem sei bem o que poderemos fazer para mudar isto. Mas sei que podemos importar-nos. Sei que podemos olhar para aquelas imagens e parar para pensar naquelas vidas que não são vidas, mas sobretudo na nossa vida. Parar para pensar a quantidade ridícula de vezes em que fomos ingratos com a vida, injustos, egoistas, mesquinhas... parar para pensar que algures aqui ao lado homens matam homens, mulheres, crianças sem qualquer pingo de... seja o que for que não dá para descrever! É isto a primeira coisa que podemos fazer para mudar o mundo: reconhecer somos uns sortudos e agradecer muito, mas muito, à vida pela vida que temos. Que algo ou alguém ou o que quer que seja ajude estas pessoas a acreditarem que o mundo pode ser um lugar melhor.

E de repente, 31...

IMG_2270.JPG

 

Acho que é isto que mais interessa no dia de hoje e em cada dia da nossa vida: vivemos? Pode parecer banal e clichê, mas a verdade é que é fácil esquecermo-nos de viver na loucura que muitas vezes os nossos dias são. E o tempo não espera, nem a vida volta para ser o que não foi ou até o que já foi e passou. E de repente parámos (ou a vida obriga-nos a parar) e percebemos que ficou tanto por viver... 31 anos não é nada e não são mais nem menos importantes que os 30 que já passaram ou os 32 a que espero chegar de hoje a um ano. Mas a verdade é que o que vai ser a vida amanhã isso não sei e isso tem de ser motivo suficiente para darmos tudo hoje. Viver muito e sorrir muito. É que a vida é mesmo só uma (ainda que possamos cá voltar em forma de gato!) e é para ser vivida. Esta vida. Esta que é nossa e que é única. Obrigada vida pela vida com que tens preenchido os meus 31 anos. Vou continuar por cá a experimentar-te enquanto me deixares!

De coração cheio

IMG_2896.JPG

 

Daquelas coisas que nos enchem o coração e a alma. Ainda com mais significado quando é escrito por alguém com 87 anos! Porque eles são o melhor do meu trabalho! Parabéns lhe queremos desejar Que tudo merece porque é nossa amiga Que deus a venha abençoar Para ser feliz na sua vida Desejamos o seu amor sentir Tudo o que nos faz é com m satisfação E vamos também contribuir Com o carinho que temos no coração Está sempre com boa disposição E a sua alegria nos faz sentir Quando está connosco no salão Até os idosos vem divertir Oferecemos-lhe este raminho Foi o que pudemos arranjar Mas é dado com carinho Para a sua casa bem cheirar. Eu fiz esta minha poesia Muito gosto tive em fazer Mas sinto me feliz neste dia Por no seu aniversário lhe oferecer. Parabéns doutora Que sejam 31 anos de felicidade

Ir é o melhor remédio: Braga, no Natal

IMG_2833.JPG

Gosto de Braga. Já o disse várias vezes. É das poucas cidades onde digo que era capaz de viver caso deixasse o meu Porto. De vez em quando gosto de lá ir passar uma tarde e nunca me canso de passear pelas suas ruas cheias de vida e bom gosto. Braga é uma daquelas cidades que soube crescer, evoluir e modernizar-se e que consegue manter um lado tradicional conjugado com um lado moderno que os tempos atuais exigem.

IMG_2819.JPG

Braga no Natal é ainda mais especial e uma visita anual obrigatória na minha adorada "tour das luzinhas". Gosto ainda mais de Braga fria e iluminada pelo Natal, com as suas ruas ainda mais cheias de gente e vida. Este fim-de-semana "a tradição cumpriu-se" e fomos viver um bocadinho da magia do natal em Braga, que este ano se reveste do tema tão adequado "o Natal é na rua". 

IMG_2822.JPGIMG_2825.JPGIMG_2831.JPG

IMG_2838.JPGIMG_2844.JPGIMG_2859.JPG

 

 

 Se vivem por perto (ou não!) não deixem de passar por Braga. Para uma visita rápida ou para uma estadia mais prolongada visitem Braga. É uma bonita cidade, e nesta altura do ano ainda mais!

IMG_2845.JPGIMG_2850.JPG

 

 

 

«A Gorda», Isabela Figueiredo

500_9789722128339_a_gorda.jpg

Maria Luísa, a heroína deste romance, é uma bela rapariga, inteligente, boa aluna, voluntariosa e com uma forte personalidade. Mas é gorda. E isto, esta característica física, incomoda-a de tal modo que coloca tudo o resto em causa. Na adolescência sofre, e aguenta em silêncio, as piadas e os insultos dos colegas, fica esquecida, ao lado da mais feia das suas colegas, no baile dos finalistas do colégio. Mas não desiste, não se verga, e vai em frente, gorda, à procura de uma vida que valha a pena viver.

______________________________________________________________

 

Um dos melhores livros que li este ano. Começo já assim e podia terminar por aqui, porque já disse tudo o que importa! 

Descobri este livro por acaso, primeiro através da rádio (foi sugestão de livro de dia na TSF num final de tarde de trânsito caótico por causa da Black Friday e da chuva) e no dia seguinte estava em destaque na FNAC. Foi o suficiente para lhe dar uma oportunidade e acabar por descobrir um dos melhores livros que se escreveu em Portugal nos últimos tempos. 

"A Gorda" está cheio de vida, de vida de gente normal e humana, na pele "da gorda", narradora de toda a história e personagem pela qual é impossível não nos apaixonar-mos. É a vida dela que preenche estas páginas e é uma vida que facilmente imaginamos como real (autobiográfica, será?). Este é um daqueles livros que nos enche as medidas todas e ainda transborda. Daqueles que nos deixam muitas saudades ainda no último parágrafo. Este é daqueles que vale a pena ler e que um dia vamos querer reler. Entretanto, vamos reomendando-o a toda a gente que gosta de ler bons livros!

Autora totalmente desconhecida para mim, mas tenho de lhe deixar aqui uma palavra de agradecimento por nos oferecer um livro tão bom! 

Juntamo-nos

IMG_2689.JPG

 

Juntamo-nos porque há a simpatia inicial, depois o enamoramento, mas também para que olhem por nós, nos tragam um chá ou um cobertor. Sabe bem haver quem se preocupe connosco, nos toque no braço, nos cabelos e nas mãos. Juntamo-nos porque é o que se faz há milhares de anos e o que se espera que façamos. Juntamo-nos para que as vidas se justifuiquem e legitimem, ao assemelharem-se a todas as outras. É assim que se faz. Juntamo-nos e ficamos nivelados e amparados. Juntamo-nos porque acreditamos amar-nos. Temos filhos. Entremos para esse exército, que é também um corpo diplomático. Habituamo-nos. (...) Amamos aquele com quem estamos juntos? Estamos juntos, não estamos? Chega de pormenores. Que interessa o resto? Que interessa quem amei mais? A minha mãe casou para se amparar, o tio Alberto amou toda a vida a cunhada e nem no leito de morte lho revelou, e a minha tia Inês negou-se ao rapaz por quem se apaixonou por estar prometida ao tio Alberto. Todos cumpriram as suas obrigações. Não terem acordado ao lado do objecto amado, não terem iniciado os gestos ou as palavras do amor não amputou a paixão. Amaram na presença e na ausência. É assim que se faz. O amor não anda ao nosso lado, o amor anda à solta nos peitos, como um pássaro engaiolado. Adormece-nos. Desperta-nos. Faz-nos sair e voltar a casa. Chorar. Rir. E se isto não é viver, o que é a vida?

"A Gorda", Isabela Figueiredo

«Nem todas as baleias voam», Afonso Cruz

afonsocruz.jpg

Em plena Guerra Fria, a CIA engendrou um plano, baptizado Jazz Ambassadors, para cativar a juventude de Leste para a causa americana. É neste pano de fundo que conhecemos Erik Gould, pianista exímio, apaixonado, capaz de visualizar sons e de pintar retratos nas teclas do piano. A música está-lhe tão entranhada no corpo como o amor pela única mulher da sua vida, que desapareceu de um dia para o outro. Será o filho de ambos, Tristan, cansado de procurar a mãe entre as páginas de um atlas, que encontrará dentro de uma caixa de sapatos um caminho para recuperar a alegria.

_____________________________________________________________

   São as personagens, e as suas características e particularidades, que fazem a maravilha deste livro. Tristan é o meu preferido, o menino que "vê coisas", ou sentimentos, ou emoções, personificando (e humanizando) conceitos como a morte, a tristeza, a mágoa...depois há o pai deste menino, uma personagem pesada, melancólica, deprimida e apaixonada, há os amigos deste pai, há a mãe desparecida e os agentes da CIA, que serão secundários em toda a história... todos juntos fazem deste livro uma referência absolutamente obrigatória na literatura nacional, confirmando mais uma vez Afonso Cruz como um dos nossos melhores escritores.

   Prenda de Natal perfeita, acreditem! Tão cheio de vida e sentimentos. Tão bom!  

 

Pág. 1/2