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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1 de fevereiro 2017

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A 1 de Setembro de 2015 iniciei aquele que foi até hoje o meu maior desafio profissional: o de diretora técnica de um dos nossos centros sociais, felizmente o mais pequeno, apenas com a valência da 3a idade. Os primeiros tempos não foram fáceis para mim: não aceitei bem a mudança, não encarei bem a equipa e fui cheia de receios relativamente ao meus desempenho e ao futuro daquele centro, que estava a passar por uma fase menos boas em termos de ambiente e até financeiramente. Não desisti, adaptei-me, conformei-me e a dada altura percebi que as coisas começavam a rolar e que até se poderia fazer ali um bom trabalho. Com todas as expectativas, o centro cresceu muito, ficamos com casa cheia, passamos do prejuízo a um dos mais lucrativos e eu entreguei-me de alma e coração aquilo. Foi assim que consegui mudar aquele centro, aquela equipa e aqueles idosos. Conseguimos ser equipa, desde a empregada de limpeza até à diretora técnica e isso refletiu-se nos números e nos sorrisos, nossos e dos nossos idosos. Talvez fruto deste sucesso diário, há algum tempo que se manifestava uma vontade da chefia em me dar uma "casa maior". Sim, eu sou ambiciosa, sim eu quero chegar mais longe, sim eu gosto de fazer mais e melhor, mas sinceramente uma ano e três meses não era para mim o tempo suficiente para eu mostrar tudo o que podia fazer por aquele centro. Não agora, que estávamos melhores que nunca, que a equipa estava super motivada e eu completamente absorvida por aquele trabalho, aquele grupo de idosos e familiares e aquela equipa. Criei laços e relações como nunca e nesta área em que trabalho esta é a maior ferramenta de trabalho e de sucesso. Mas já diz o ditado "ano novo, vida nova", só nunca pensei que no meu caso a vida nova chegasse tão cedo. E assim, a 1 de Fevereiro de 2017, volto a aceitar o maior desafio da minha vida profissional: ser diretora técnica de um dos nossos maiores centros sociais, desta vez com uma população que vai dos 6 meses aos 100 anos e uma equipa enorme. É um desafio gigantesco que eu estou a tentar encarar como uma voto de confiança, uma espécie de promoção e uma oportunidade de crescimento pessoal e na minha carreira. Andei não cheguei à parte da aceitação de tudo isto, até porque a mudança aconteceu depressa demais e há todo um luto que preciso de fazer de tudo aquilo que fiz até hoje e de todas as relações que criei e ficaram para trás. Amanhã começo uma nova etapa da minha vida profissional. Vou com medo. Vou. Não tanto de falhar mas mais de não me adaptar, de não me encaixar e de não sentir aquilo como meu. É sempre esse o meu receio nas mudanças: não me sentir bem comigo. Mas vou com fé, com vontade de aprender , com vontade de fazer o melhor. Acima de tudo vou de coração cheio por tudo o que consegui até hoje com o que fiz durante estes cerca de 16meses. Se há coisa que estes dois dias de despedida me deram foi a nítida certeza de dever cumprido. Quer do ponto de vista profissional quer do ponto de vista emocional. Criei afetos durante 16meses e essa foi talvez a minha maior arma. Hoje dói saber o que deixei para trás, mas saber que a minha saída tocou tanta gente é a maior prova de sucesso que eu poderia ter. E agora é confiar. Vergar mas não quebrar e ir.

«O Prisioneiro do Céu», Carlos Ruiz Zafón

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Barcelona, 1957. Daniel Sempere e o amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, regressam à aventura, para enfrentar o maior desafio das suas vidas. Quando tudo lhes começava a sorrir, uma inquietante personagem visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo, enterrado há duas décadas na obscura memória da cidade. Ao conhecer a verdade, Daniel vai concluir que o seu destino o arrasta inexoravelmente a confrontar-se com a maior das sombras: a que está a crescer dentro de si.


Transbordante de intriga e de emoção, O Prisioneiro do Céu é um romance magistral, que o vai emocionar como da primeira vez, onde os fios de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo convergem através do feitiço da literatura e nos conduzem ao enigma que se esconde no coração de o Cemitério dos Livros Esquecidos.

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Não dei por este livro ser editado, a verdade é esta. Li os dois primeiros e no Natal ofereceram-me o último (O Labirinto dos Espíritos, que comecei agora), comigo convencidíssima de que se tratava do fim de uma trilogia. Qual o meu espanto quando ia começar a ler o dito último e descubro que era o quarto livro? Faltava-me um pelo meio, que era este Prisioneiro do Céu, que li em 4 ou 5 dias, pois é um livro mais pequeno que o habitual neste escritor e que se lê muito bem. 

Já li os dois primeiros livros há alguns anos (parece que o escritor demorou mais de 15 anos a escrever os 4 volumes!) mas recordava-me de todas as personagens e sobretudo daquele ambiente de livros e algum suspense. Este terceiro volume continua a história das personagens principais da trama e deixa-nos curiosos para o grande desfecho (que é literalmente grande, atendendo à quantidade de páginas que me esperam!). 

 

Boas leituras!

Mudanças que nos mudam

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E as coisas só nos matam quando nos entregamos a elas ao ponto de ser terrivelmente doloroso largá-las. Dias difíceis são estes em que percebemos que há coisas e pessoas que vão sentir a tua falta tanto como tu delas; dias em temos de romper laços, guardar só o que é de guardar e continuar a sorrir. Por ti, por eles e pelo que está para chegar. #confia

Ventos de mudança...

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Fevereiro está a chegar e vai trazer mudanças na minha vida. 

E eu sei que temos de ver ser o lado positivo de todas as coisas e esta até tende a ter um elevado grau de positividade, mas é uma mudança e todas as mudanças exigem adaptação, aceitação, abandono e coragem. Eu ainda não cheguei à fase da aceitação total porque, como em todas as mudanças na minha vida, ainda não percebi se me vai fazer sentir bem ou não, se me vai motivar, se me vai deixar dar o melhor de mim...isto, e ainda não ter sido capaz de aceitar o que vou deixar para trás, que tanto trabalho me deu a construir mas de que me tanto me orgulho. O problema de tudo isto é que ainda não aprendi que quanto mais nos damos, mais custa cortar o cordão umbilical...

Haja coragem e força para confiar. 

«Arranha - Céus», J. G. Ballard

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«Mais tarde, sentado na varanda a comer o cão, o Dr. Robert Laing refletiu sobre os estranhos acontecimentos que nos últimos três meses tinham ocorrido no interior do prédio enorme.»
Num imponente edifício de quarenta andares, o último grito da arquitetura contemporânea, vive Robert Laing, um bem-sucedido professor de medicina, mais duas mil pessoas. Para desfrutarem desta vida luxuosa, não precisam sequer de sair à rua: ginásio, piscina, supermercado, tudo se encontra à distância de um elevador. Mas alguma coisa estranha borbulha por baixo desta superfície de rotina.
Primeiro atacam-se os automóveis na garagem, depois os moradores. Um incidente conduz a outro e, acossados, os vizinhos agrupam-se por pisos. Quando aparecem as primeiras vítimas, a festa mal começou. É então que o realizador de documentários Richard Wilder resolve avançar, de câmara em punho, numa viagem por esta inexplicável orgia de destruição, testemunhando o colapso do que nos torna humanos.
Entre a alucinação e a anarquia, a visão nunca ultrapassada de J. G. Ballard oferece-nos um retrato demencial de como a vida moderna nos pode empurrar, não para um estádio mais avançado na evolução, mas para as mais primitivas formas de sociedade.

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   Autor desconhecido, mas a sinopse deixou-me curiosa e efetivamente o livro não desilude. 

   Um arranha-céus com mais de 2 mil pessoas a habitá-lo, com todos os luxos que qualquer ser humano poderia desejar mas que, de repente, se começa a desmoronar, metaforicamente falando. São os seus habitantes que se começam a desmoronar e desumanizar, assumindo comportamentos irracionais e inexplicáveis, alguns a roçar o rídiculo. É o colapso daquilo que nos torna humanos, sem sair das quatro paredes daquele arranha-céus. Uma clara metáfora da sociedade atual, apesar de ter sido escrito há mais de duas décadas. 

   Um livro de Ballard mas que podia ter sido facilmente escrito por Saramago...ou Kafka... já dá para perceber do que estamos a falar, certo? 

   Boas leituras! 

 

Boa semana

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"Abre os olhos e encara a vida! / A sina tem que cumprir-se! / Alarga os horizontes! / Por sobre lamaçais alteia pontes com as tuas mãos preciosas de menina. Nessa estrada da vida que fascina caminha sempre em frente, além dos montes! / Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes! / Beija aqueles que a sorte te destina! Trata por tu a mais longínqua estrela, / Escava com as mãos a própria cova e depois, a sorrir, deita-te nela! Que as mãos da terra façam, com amor, / Da graça do teu corpo, esguia e nova, / Surgir à luz a haste de uma flor! ... #FlorbelaEspanca

Obrigada

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No dia internacional do Obrigada e em todos os dias da nossa vida há que saber reconhecer aquilo por que estamos gratos. Do mais banal ao mais significativo, do mais pequeno gesto aos grandes acontecimentos, é importante que nunca nos esqueçamos da gratidão por tudo o que a vida nos proporciona, ainda que isso possa parecer clichê (a própria existência de um dia do obrigada é já clichê suficiente!). Saúde, família, amor, trabalho, experiências, amigos, viagens, sensações, sentimentos... continuemos a sentir-nos gratos por isto e por tudo o resto que a vida nos oferece, para que nunca nos falte a força para colorir e enfrentar os dias cinzentos. Hoje e todos os dias, que saiba sempre dizer obrigada vida pela vida que me dás. Obrigada.

«Kafka à beira mar», Haruki Murakami

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Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, perseguido pela sombra da negra profecia que um dia lhe foi lançada pelo pai, e de Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um estranho acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa - procurar gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial. Assiste-se, ainda, a uma morte brutal, só que tanto a identidade da vítima como a do assassino permanecerão um mistério.
Trata-se, no caso, de uma clássica (e extravagante) história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.

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De Murakami li apenas a trilogia 1Q84, mas atendendo ao tanto que se diz e escreve sobre este senhor, um dos meus objetivos para 2017 é sem dúvida construir uma bela biblioteca de Murakami. 

Sobre este livro, que dizem ser dos melhores dele, não posso dizer que adorei, mas gostei. É exatamente o estilo que estava à espera de encontrar, com algo de mágico, espiritual e "histórias do outro mundo". Demorei um pouco a entrar no ritmo da história mas a dada altura já só queria ler mais e mais para saber o final. Personagem adorável aquele Nakata! 

E o próximo Murakami já está escolhido. Não é para já, mas será Norwegian Wood. Quem recomenda? 

Em frente, até ao fim do mundo

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"Sentes o peso do tempo como um velho sonho ambíguo. Continuas sempre em movimento, tentando arranjar maneira de te esquivares. Porém, mesmo que vás até aos confins do mundo não lograrás escapar-lhe. Mesmo assim, não tens outro remédio senão seguir em frente, até esse fim do mundo. Há algo que não se consegue fazer, sem lá chegar. " (Haruki Murakami, "Kafka à beira mar")

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