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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Histórias com gente dentro

  A Sra. M. tem 48 anos (repito, 48 anos) e sofreu em Janeiro deste ano um AVC isquémico gravíssimo, do qual resultou hemiparesia direita que a impede de mover a perna e o braço direitos, comprometimentos da fala e alguns défices cognitivos ao nível da produção do discurso, nomeação, sequenciação, compreensão de frases longas e passagem do discurso interno a palavras, já para não falar da grande instabilidade na exteriorização das emoções.  

   A Sra. M. está totalmente dependente, embora não esteja acamada. Está dependente dos nossos serviços e do apoio dos seus dois filhos, de 22 e 26 anos. A Sra. M. tem idade para ainda "cuidar" dos filhos, mas naquela casa, quem precisa de ser cuidada é ela.

   A Sra. M. sofreu um AVC gravíssimo aos 48 anos e nada o fazia prever. Sem antecendentes ou factores de risco. Levantou-se de manhã, preparou-se para sair, despediu-se dos filhos que sairam primeiro. O filho encontrou-a no chão e seguiram 8 longos meses de internamentos em hospitais, unidades de cuidados continuados e unidades de recuperação.

   Conheci a Sra. M. na quarta-feira, passei a tarde com ela e com os filhos e só conseguia pensar no que será a vida de uma mulher que aos 48 anos fica totalmente dependente dos filhos e no que será a vida daqueles dois jovens que veem a mãe em tal estado. Tenho um medo enorme dos AVCs (um dia destes passei creme da cara pelos lábios sem querer e perdi a sensibilidade de parte do lábio e estive prestes a chamar o VMER), ver e conhecer este caso deixou-me doente. Assustada. E revoltada. 48 anos. 48 anos. Não somos mesmo nada neste mundo.

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