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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Ser criança

  

   Um mês de trabalho com crianças foi suficiente para eu perceber um pouco melhor o que é ser criança actualmente. Confesso que me surpreendi, muitas das vezes não pelos melhores motivos, porque, de facto, causa-me uma certa confusão a forma como hoje se vive a infância. Eu sei que deveria estar preparada para tudo e que até sou psicóloga e nada me deveria surpreender, mas a verdade é que me surpreendo. E todos os dias. E começo a perceber (e confirmar) a minha inexplicável aversão (no bom sentido) e incredulidade perante esses pequenos seres, afinal já tão cheios de tudo (para o bem e para o mal) 

   Estas crianças da “geração Magalhães” assustam-me. Por diversos motivos, mas principalmente porque não são crianças, não sabem ser crianças e não querem ser crianças. Têm sede de crescer, querem parecer (e ser) mini-adultos e esquecem-se de viver essa fase tão boa, tão pura. Conservam a inocência de quem pouco sabe e muito quer saber, mas são más, conflituosas, intrigistas, mal-educadas e competitivas, demasiadamente competitivas. Competem pelo melhor caderno, pela melhor letra, pela minha atenção, pelo melhor material, pela melhor resposta, pelo centro de estudos que frequentam, pelos pais que têm, pelo Magalhães que já chegou ou vai chegar, pelo telemóvel (chamem-me antiquada, mas com 8 anos ter telemóvel? Não chega o Magalhães?)… competem para se afirmarem aos 5, 6, 7, 8 anos, como se já percebessem que pela vida fora irão caminhar numa selva de competição e total luta pela sobrevivência do mais forte.

   As crianças de hoje são estupidamente mimadas e muito do que fazem e são é culpa de quem as mima e educa de forma tão permissiva. As “birras” são uma constante e frases do tipo “Não faço porque eu não quero” revelam que, em casa, são sempre elas a proferir tais palavras e nunca as ouvem em jeito de “Não. Tu não fazes porque eu não quero.”. Limites, disciplina, diálogo, compromisso. As nossas crianças precisam disso. Precisam também de amor, carinho, afecto e toda a atenção do mundo. Precisam que as ensinem a ser crianças neste mundo de crise e aceleração, que as deposita em centros de estudo e ATL`s das 8h da manhã às 8h da noite (este assunto ficará para próximos desabafos polémicos). As crianças de hoje não sabem conjugar o verbo brincar no presente, porque para elas, brincar, faz parte do passado. Brincar não é para elas, é para os “pequeninos”, mesmo quando elas próprias têm 5, 6, 7 ou 8 anos. É preciso ensiná-las a brincar e mostrar-lhes que existem outras prendas para além dos MP3, MP4, telemóveis da Hello Kitty, PSP...e toda uma parafernália de objectos que deveriam chegar bem mais tarde e nuca substituir um belo brinquedo.

   Lidar com crianças não é fácil. Mas, muitas vezes, mais difícil ainda é lidar com os pais dessas crianças. E quando os conhecemos, percebemos muito melhor as tais crianças.

 

(sem generalizações, ok?)

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