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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Ansiosa-Mente

   

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Eu gostava, sinceramente, de ser aquele tipo de pessoa que passa pela vida calmamente, que absorve cada momento e que se consegue desligar de tudo o resto e simplesmente disfrutar. Gostava mesmo, mesmo, de ser capaz de me sentar a, simplesmente, observar, sem me preocupar com horas e com tudo o que fiz até aí e o que ainda tenho para fazer. Gostava de ser, por dentro, que é onde conta e onde faz mossa, tão calma e pacífica como aparentemente sou por fora, nas palavras, nos gestos e nas acções. Gostava de conseguir abrandar o dentro para poupar o fora. Gostava de conseguir pôr em prática todas aquelas coisas bonitas e fofas e óptimas que eu tão convincentemente vendo aos outros. 

   Agora corrijo: eu gostava de voltar a ser a aquele tipo de pessoa capaz de se sentar a, simplesmente, observar. Sim. Voltar a ser. Porque eu já o fui. Eu até já pratiquei yôga e meditação e todas essas técnicas de relaxamento com um prazer imenso, quando hoje não consigo sequer passar muito tempo a fazer os alongamentos no final dos treinos. Apesar de observar ser um dos meus maiores hobbies, uma forma de estar na vida e uma ferramenta de trabalho, desde há algum tempo que deixei de ser capaz de verdadeiramente o fazer, sem estar com a cabeça em mil sítios diferentes. E como por dentro não páro, há dias em que me é muito difícil, se não mesmo impossível, estar quieta. Porque a mente não pára, o corpo não pára. E isto irrita-me, enerva-me, incomóda-me, perturba-me e impulsiona ainda mais a minha actividade cerebral e corporal.

   Hoje é um desses dias. Um desses em que acordei de mau humor (não estranhem. é 4ª feira. As quartas sempre foram os meus dias de mau humor) a desejar que o dia passasse a correr para me puder esticar no sofá ou na cama a fazer o que realmente gosto, logo hoje que o dia prometia ser cheio e longo. O dia lá se arrastou, eu arrastei-me com ele (ok, o treino de ontem também contribuiu para este arrastanço), o fim do dia chegou e às 22h30 percebi que o único momento em que parei foi este em que me dediquei a escrever estas palavras. E apesar de saber que podia escrever isto amanhã e aproveitar enquanto o sono não chega para ler ou acabar de ver aquele filme, as minhas ideias turbilhavam de tal maneira (desde que estive parada no trânsito no regresso a casa, que foi me pus a pensar nestas coisas) que tinha mesmo de as passar para aqui. 

   Não me sinto melhor. Não me sinto mais leve. Mas também não sinto que não seja capaz de viver com esta minha ansiosa-mente. Sei que sou tão funcional como qualquer outra pessoa. Sei que não permito que isto me afecte. Sei que sei lidar com isto com maior ou menor calma. Sei que o meu psicossomático se ressente disto muito mais que o meu emocional (já dizia o outro, "quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga). Sei que gostava que fosse diferente. Mas também sei que há coisas que, sendo nossas, fazem-nos e são muito, muito difíceis de mudar. E sei, acima de tudo, que ainda sei como aproveitar a vida e as coisas boas que ela todos os dias nos oferece. Só as aproveito um pouquito depressa demais e não, não é tudo vontade de viver muito e mais. É mesmo defeito nos botões on, off e pause.

   Agora sim, vou ver se me estico a ler durante os cinco minutos que demoro a adormecer!

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