Elogio da doença (mas também podia ser "Das coisas que me fazem mesmo muita confusão")
Juntem um grupo de pessoas: conhecidos, amigos, familiares, o que quiserem. Deixem-nos conviver durante algum tempo e atentem nos assuntos que vêm à baila. Qual é aquele que NUNCA falha? Qual é, qual é? Isso mesmo, boa! Esta era fácil! Doença, doenças e doencinhas. As nossas, as dos nossos, as dos outros e as dos que não conhecemos mas ouvimos falar.
Quem é que consegui ter um Natal, uma passagem de ano ou um almoço de família sem que se falasse de alguma doença? Se há alguém que possa pôr o dedo no ar que fique já a saber que o invejo com todas as forças do meu ser! Falar de doenças tende a tornar-se uma epidemia maior que a própria doença. E o que eu gostava mesmo de perceber é de onde vem esta necessidade do ser humano em relembrar, reviver e repetir o que de negativo há na vida. É que fazendo assim uma análise rápida, a primeira justificação que encontro é a de o ser humano gostar mesmo muito de ser "o coitadinho" da mesa, ao ponto de se gerarem verdadeiras batalhas pela doença mais grave ou pelo sofrimento mais desumano.
É simples: não percebo, não concordo, não tenho paciência, não alimento. E a minha explicação é simples: o que é que é importante nesta vida: a doença ou a saúde? Devemos estar gratos pela doença ou pela saúde? O que é melhor de cantar aos sete ventos: que estamos ou estivemos doentes ou que temos saúde (se bem que, enquanto houver saúde que nos permita falar incansavelmente da doença é porque a coisa não está tão má assim)?
Saúde, saúde, saúde. Deverá ser sempre uma palavra de ordem na nossa vida. O maior dos desejos. O mais forte dos pedidos. A maior das bençãos. Aquilo por que devemos estar mais gratos. Saúde. Saúde da que nos permite viver e conviver e rir e saltar e disparatar e fazer tudo aquilo que nos dá na real gana e nos preenche. É a saúde que conta. Então, por favor, por favor muito grande, PAREM DE FAZER DA DOENÇA O MAIOR E MELHOR TEMA DE CONVERSA. Agradeçam pela saúde. Esqueçam a doença. Pisem-na. Atirem-na para o fundo do baú do cérebro. E sobretudo, deixem-na à porta de qualquer momento de convívio. Em último caso, lembrem-se daquela coisa do "más energias atraem maus acontecimentos". Quem sabe se o elogio da saúde não trará mais saúde?
Saúde!