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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

A vida privada de Salazar

 

   Assisti na Sic à mini-série acerca da vida privada de Salazar. Confesso que nutro algum interesse por este período da nossa história, muito provavelmente porque não a vivi nem sofri as consequências dos seus radicalismos. Esperava ver na série mais referências ao regime político da altura, as acções e decisões tomadas por esse homem imponente, duro, e ao que parece, solitário e com uma grande queda para romances turbulentes e sempre polémicos. À semelhança do que li há uns tempos num livro intitulado "Máscaras de Salazar", parece-me que tem surgido uma corrente que tenta suavizar a figura do Presidente do Conselho. Por trás de toda aquela ditadura e sede de poder, mostram-nos um homem só, amargurado pela (e com a) vida, preso ao passado, triste e com o desejo de conquistar tudo aquilo que nunca teve e sempre desejou. Um homem de gostos refinados, que nunca descalça as suas botas ou perde a postura. Mas depois há a paixão e qui ça o amor, e aqui se descobrem as maiores fragilidades do ser humano. António de Oliveira Salazar encerrava em si um secreto D. Juan, que exercia tamanha atracção e poder (também aqui) nas mulheres desde o primeiro contacto. E é vê-lo perdido de amores uma e outra vez e ainda outra e mais outra, questionando a sua vida e o seu significado, equacionando pelo menos uma vez, largar tudo por amor. Mas a sede de poder, a ambição e o desejo de vingança são sempre mais fortes e difíceis de controlar e todas as suas conquistas passam a "assunto resolvido" , com a extrema educação e formalidade típicas deste homem. Fica-lhe Maria, a eterna governanta e cuidadora, que desejou sempre desejou ser muito mais que isso mas nunca o abandonou.

   Impossível separar os actos do homem que os pratica ou os ordena. Ainda assim, vale sempre a pena conhecer a vida por detrás das máscaras. A do Sr. Professor parece-me que foi triste e só. Intercalada por paixões avassaladoras, e uma ou outra amizade sincera, pelas quais nunca teve coragem de "descalçar as botas" e levantar-se da sua cadeira do poder.