Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

O casamento

um-dia-1.jpg

Em criança era assim que eu imaginava a vida de casado.

No dia depois do casamento, começa-se a andar de mãos dadas, a atravessar um planalto grandioso e vasto, e no horizonte à nossa frente há obstáculos espalhados, mas também há prazeres, pequenos oásis, por assim dizer - os filhos que se vão ter e que crescerão saudáveis, amorosos e fortes, os netos, as manhãs de Natal, as férias, a segurança financeira, o sucesso no trabalho. Fracassos também, mas nada que nos mate. Há portanto altos e baixos, ondulações na planície, mas geralmente consegue-se ver o que se aproxima, e caminha-se nessa direcção, a dois, de mão dada, durante trinta, quarenta, cinquenta anos, até que um escorrega pela beira abaixo e o outro segue pouco depois. Ao olhar para cima, da perspectiva de uma criança, era isto que o casamento parecia. 

Bem, agora posso dizer-lhe que a vida de casado não é de todo um planalto. Há ravinas e grandes picos dentados e fendas profundas escondidas que nos atiram pela escuridão às apalpadelas. Depois há extensões monótonas, ressequidas, que se tem a sensação de nunca mais acabarem, e grande parte da jornada passa-se em silêncio nervoso, e às vezes não se consegue ver de todo a outra pessoa, às vezes ela vagueia para muito longe, perde.se completamente de vista, e a jornada é dura. É simplesmente muito, muito, muito dura. 

"Nós", David Nicholls

«Nós», David Nicholls

image.jpg

Douglas Petersen compreende a necessidade da sua mulher de se «redescobrir a si própria» agora que o filho vai sair de casa. Estava apenas convencido era de que se iriam redescobrir juntos. Por isso, quando Connie anuncia que também se vai embora, ele resolve transformar as últimas férias em família na viagem das suas vidas: uma viagem que irá reaproximar os três e conquistar o respeito do filho. Uma viagem que irá fazer com que Connie volte a apaixonar-se por ele. As reservas estão feitas, os bilhetes comprados e o itinerário planeado com uma precisão cirúrgica. O que poderá correr mal?

_____________________________________________________________________

   David Nicholls é o autor de um dos meus livros preferidos, lido há uns bons anos, e que até chegou ao cinema:  "Um dia". Não estamos a falar de um grande escritor, até porque raramente ouvimos falar dele e o seu outro romance, o primeiro, "Uma questão de atracção" deixou muito a desejar. Ainda assim, quando vi este livro fiquei curiosa em o ler, não tanto pelo resumo da história que a contracapa nos oferecia, mas na esperança de ser tão bom como "Um dia". 

   Na verdade, este livro é muito mais do que aquilo que a contracapa anuncia. Não tendo nada para se tornar um "clássico da literatura", é um livro divertido, por vezes ridículo, mas cheio de relações humanas fortes, mas que se desgastam. Apesar de todos os esforços. Apesar de serem verdadeiras. Apesar de serem sinceras. Apesar de parecerem, e se calhar até serem, eternas.

   É daquilos livros que lemos de um sopro e por isso, recomendo!  

9 anos de nós

10176152_735011846580622_3031373253520929761_n.jpg

20 de Novembro é o nosso dia. 9 anos depois, é o nosso dia. E porque no amor não há segredos nem fórmulas mágicas, o que importa é sermos capazes de viver a dois, diariamente, dias felizes e dias menos felizes, dias em que mal nos conseguimos separar e dias em que qualquer coisa serve para implicar com o outro. Há 9 anos atrás não esperava estar aqui hoje, com ele. Na verdade, não esperava nada. Há 9 anos atrás eu era uma miúda de 19 anos apaixonada por um miúdo de 20 que viu uma vez na faculdade e pensou "olha que rapaz bonito", sem alguma vez pensar que 9 anos depois estaria ainda e quem sabe para sempre com esse rapaz bonito. Uns meses depois estavamos a conversar, a trocar sms, a marcar a primeira saída que também foi a última, porque bastou essa tarde junto ao mar com uma coca-cola para nunca mais nos largarmos. 

   A partir de hoje caminhamos para uma década de nós e começamos a pensar que nós tem muito mais piada que tu e eu. Somos um pelo o outro. Ele é o romântico, o lamechas, o piroso, o dedicado, o ciumento, o sonhador, o que toma a iniciativa, o que se entrga sem pensar no depois, o culto, o gadget boy, o guloso, o preguiçoso. Eu sou a racional, a fria, a dura, a teimosa, a reservada, a centrada, a introvertida, a complicada, a de humores instáveis, a peste, o bichinho dos livros, a que tem a mania da comidinha saudável, a dorminhoca... e não é que as coisas funcionam? E o melhor de tudo é saber que o que temos hoje, com tudo aquilo que somos, tem força para 9 anos e muitos mais. 

   A verdade é que a dois a vida é bem mais simples. 

P.S - Continuo a gostar de ti só assim um bocadinho pequenino.

Ainda a propósito do dormir emparelhado...

   Têm de concordar comigo que, para quem tem dificuldades em dormir acompanhada, viver situações como esta não ajuda. Vejamos:

   Um hotel quentinho e sossegado no meio de uma região gelada, cerca das 4 da madrugada, ele faz a pergunta da praxe: "Estás a dormir?". Sim, eu ESTAVA a dormir antes de ele perguntar. Não respondi. Recebi um beijinho (durante a noite, não, não mesmo! Por muito bem que saiba acordar com um beijinho, às 4 da manhã perde toda a sua graça) e ele pôs-se a pé. Destino? A garrafa de água que estava do meu lado e a fatia de bolo de chocolate que o Hotel nos tinha deixado no quarto (sim, ele é rato que come bolos de chocolate à noite). Eu a ouvir tudo, acordada, a tentar adormecer novamente a todo o custo e, de repente, "Eiiii, aconteceu aqui um acidente...eeeiiii...". Acende a luz. "Xiiiiii...o bolo está a ser comido por formigas! Olha para isto, tudo cheio de formigas!". Já deitado ainda houve tempo para um "que desconsolo. Fiquei desconsolado. Estou cheio de fome."

   Tenho ou não tenho razão? E não, a culpa não foi das formigas...

Aquelas pequenas e rídiculas coisas onde vemos amor

   Eu e o meu Mr. Big temos esta características desde os primeiros tempos de namoro: diversas vezes vestimo-nos com os mesmos tons, sem combinar. Tal como era de esperar, nenhum de nós alguma vez reparou nisso, até que um dia, ainda na faculdade (my God, isto já é uma relação do tempo da faculdade!), uma amiga dele nos diz algo do tipo "mas vocês combinam a roupa que vão vestir para andarem iguais?". Não, nunca chegamos a esse ponto estupidamente lamechas e piroso, mas o que é um fato é que isso acontece. São aqueles momentos que carinhosamente (e pirosamente!) chamamos de "manos, manos!". E lá vamos nós, manos na cor da roupa, a lançar na cabeça dos outros comentários do tipo "que pirosice, aqueles vestem-se de igual".
   Poderemos chamar-lhe amor? :)

Os opostos têm mesmo de se atrair...

 

   Eu preocupo-me neuróticamente com o peso e jubilo de alegria sempre que uma balança marca umas gramas abaixo.

   Ele faz comentários deste género, enquanto experimenta umas peças de roupa numa loja onde não aguentava mais nunca ter feito compras: "Já estou mais gordinho".

   Não fosse o amor uma atração de opostos e não estariamos no caminho certo.

Há 4 anos atrás

 

A foto não é nossa mas há 4 anos atrás houve uma exactamente igual

 

"Eu não planeei apaixonar-me por ti, e duvido que tenhas planeado apaixonares-te por mim. Mas uma vez que nos encontrámos, ficou claro que nenhum de nós poderia controlar o que nos estava a acontecer. Ficámos apaixonados, apesar das nossas diferenças, e assim que o ficámos, algo de raro e maravilhoso foi criado. Para mim, um amor como aquele acontece apenas uma vez, e é por isso que cada minuto que passámos juntos ficou gravado na minha memória..."

«O Diário da nossa Paixão», Nicholas Sparks

 

Há 4 anos atrás fui convidada para um passeio à beira-mar, num Domingo de chuva miudinha que irrita mais do que o que molha. A conversa fluiu agradável, como sempre. Os sorrisos timídos mas insinuantes. Conseguimos sol, ao final do dia. Regressámos de mão dada. E conseguimos sol até hoje.

Confiei em ti para me mudares a vida. Mudaste-me a vida, a alma e o coração.  Somos diferentes, mas olhamos na mesma direcção. Aceitas-me incondicionalmente, tal como sou. E como eu sou difícil! E eu embirro contigo, irrito-me e digo "Pára, T. Pára, por amor de Deus". E tu fazes-me rir. Como sempre, desde sempre. E que mais podemos pedir, quando temos alguém que nos faz rir, que nos abraça, que nos aquece, que nos ouve...e que ainda por cima, nos ama?

4 anos depois, Parabéns a nós. Obrigada a ti.

Com amor.