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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Quando tudo se torna rotina...

   Chego a ser uma pessoa estupidamente organizada, às vezes a roçar o neurótico, o que me leva a muitas sequenciar tarefas de modo a não escapar nada e cumprir tudo devidamente. Este é um dos meus lados. Mas depois há o outro, completamente oposto, que é o lado que não sabe lidar com tudo o que se transforma em rotina. Coisas como o simples facto de acordar todos os dias à mesma hora ou ter um dia fixo da semana para estar em cada um dos nossos centros sociais há quase dois anos, ou saber que imediatamente após terminar as refeições tenho de lavar os dentes para retirar toda uma refeição que ficou presa no aparelho, cansam-me absurdamente e retiram-me muitas vezes alguma energia e vontade de fazer.
   A verdade é que as rotinas, sendo necessárias na nossa vida, são também inimigas de uma vida plena e satisfatória, porque nos cansam e porque retiram a novidade à vida e já todos sabemos que o imprevisível é, provavelmente o melhor da vida.
   Há momentos em que sentimos que vivemos num círculo. Apesar da novidade de cada dia, no seu fundamental, parece que todos os dias são iguais. Profissionalmente, sinto-me entrar nessa fase. Embora cada dia seja diferente e nunca saiba como vou encontrar os "meus meninos", quando acordo sei o que tenho para fazer nesse dia (até porque cada um dos meus dias é semi programado com uma semana de antecedência, de acordo com o que não consigo fazer nessa semana e que tenho de adiar para a semana seguinte), os sítios por onde vou passar para chegar onde tenho de chegar nesse dia, sei que vou ver as mesmas caras de sempre (ou quase as mesmas, já que a morte também é uma coisa com a qual sei que convivo quase diariamente), sei que vou ouvir alguma história repetida...continuando a adorar o que faço e onde faço, ao fim de quase 3 anos, tenho dias em que anseio pelo final do dia, dias em que não me sinto capaz de dar aos meus velhinhos aquilo que eles precisam, dias em que regresso a casa com a sensação de que poderia ter feito muito mais, porque sou capaz de mais e eles merecem mais.
   Acredito que se trate apenas de uma fase (até porque o trabalho promete aumentar já a partir deste mês e especialmente durante todo este ano, já que 2014 é o ano em que a nossa instituição comemora 50 anos, com uma série de iniciativas e actividades ao longo destes 12 meses), mas que é uma fase que assusta e que nos deixa psicologicamente desgastados, lá isso é.