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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Soraya M.

 

 

   Soraya Manutchehri, uma iraniana que viveu até aos 35 anos, casou aos 13 com um marido escolhido pelo pai, marido esse que a sujeitava a violência física, verbal e psicológica, que fazia de tudo para colocar os seus filhos homens contra a mãe, que menosprezava as filhas mulheres e que via nas prostitutas as suas melhores amigas. Soraya M., tornou-se, como ela própria se definia, uma esposa inconveniente. Em Agosto de 1986, o marido de Soraya M. mostrou ser um monstro sádico escondido na máscara do fundamentalista islámico. Conheceu uma criança (!) de 14 anos com quem decidiu que queroa casar. Mas primeiro precisava de se divorciar de Soraya, que se opôs por amor às filhas, que sem um pai e num país onde as mulheres não podem trabalhar, estaria condenadas à fome e à miséria. A solução? Acusar, através de um esquema doentio, a mulher de infidelidade, com a cúmplicidade dos altos representantes da vila, os senhores que mascaram erros em títulos de lei islâmica. Não interessava não existirem provas de infidelidade, nem o facto de as supostas testemunhas terem sido chantageadas a confessar o que não viram. Não interessava que Soraya tivesse filhos para criar. Não interessava que Soraya fosse inocente. 

   Soraya M. foi condenada à morte. E foi morta. Por apedrejamento, em praça pública.

  

   Tudo isto aconteceu à décadas. Actualmente, embora se negue, muitas mulheres são apedrejadas até à morte por acusações de adultério. Hoje, no século XXI, existem homens capazes de comportamentos abaixo dos da Idade da Pedra. E nós permanecemos no nosso cantinho, indiferentes a tudo isto e muito mais. E só podemos estar gratos por estes filmes e livros que nos abrem os olhos para as atrocidades que se praticam por esses mundos fora. Vergonha é tudo o que conseguimos sentir perante estes relatos. Vergonha por pedras serem atiradas de mãos de seres da mesma raça que nós.  

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