Diz que passou um fim-de-semana com Deus, Jesus e o Espírito Santo, a quando de um momento de grande tristeza e sofrimento pela morte brutal de uma das suas filhas. Diz até que recebeu uma carta de Deus a "convidá-lo" para esse fim-de-semana. E diz que veio curado de lá, que perdoou o assassino da sua filha, que Deus lhe mostrou onde se encontrava o seu corpo desaparecido e que viveu experiências extraordinárias e inesquecíveis de perdão e amor com aquelas três figuras santas - terão de pereber que para a maioria dos mortais eles são mesmo figuras, já que nem todos tivemos a sorte de passar um fim-de-semana destes. Diz, no final, que tudo terá acontecido durante um estado de coma profundo provocado por um acidente de carro e este facto parece-me o mais "normal" e o que torna toda aquela história minimamente humana, já que são conhecidas diversas "experiências" que ocorrem nestes estados alterados de consciência.
A verdade é que li este livro por curiosidade religiosa, aguçada pelo meu cada vez maior espírito científico. Uma conversa com Deus? Ok, não me choca muito. Um fim-de-semana com Deus, Jesus e o Espírito Santo? Alto lá, isto poderá prometer algo. Poderá, mas não me prometeu, nem me convenceu. Sendo sincera, continuo sem perceber muitas das coisas que antes não percebia e que agora ainda percebo menos ao ler as (supostas) palavras de Deus carregadas de amor, perdão e bondade. Continuo sem perceber, sobretudo, porquê que esse amor todo matou aquela criança inocente, que poderá ser a representação de tantas outras crianças e seres humanos que sofrem e morrem perante o seu olhar de bondade e perdão. Li com convicção à procura dessa resposta e não a encontrei, ou não a quis encontrar, porque afinal parece que essas e outras respostas estão por lá e que o que nós, humanos, precisamos é de aprender a viver em Deus e com Deus e aí todas as respostas serão nossas. Entre outras coisas bastante promissoras.
Não vou dizer que espero uma carta de Deus a convidar-me para um desses fins-de-semana, porque esse convite só chega a quem está desesperadamente perdido mas merece ser salvo. Vou continuar com as minhas questões e com as minhas dúvidas. Mas vou continuar à procura de respostas. Uma "cabana sagrada" todos nós temos - é aquele local, dentro ou fora de nós, para onde fugimos sempre que precisamos de nos curar. A crença ajuda, sem dúvida. Mas não interessa a natureza dessa crença. Acreditar é o fundamental.