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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Alguém lhes lembre que são crianças

   Costumo dizer que, apesar de trabalhar com crianças, só três ou quatro são verdadeiramente crianças. Há pouco tempo, em conversa "informal" com algumas crianças de 10 anos, a palavra "bonecas" veio à baila e pareceu ofender gravemente aqueles pequenos que me rodeavam. A maioria ficou totalmente escandalizada quando lhes perguntei se não gostavam de brincar com bonecas, as meninas, e outras brincadeiras equivalentes para os meninos. Os animos exaltaram-se com comentários do tipo "Bonecas? Fogo isso é para criancinhas". O clima incendiou-se ainda mais quando eu proferi as palavras proibidas: "Mas vocês SÃO crianças!! Vocês têm 10 anos!". Foi o escândalo total! Naquele grupo, apenas uma criança saiu em minha defesa e do alto dos seus 10 anos de uma maturidade por vezes assustadora afirmou: "Qual é o mal? Eu ainda brinco com bonecas!". De facto, esta menina foi a única maior de 7 anos que pediu brinquedos para prenda de Natal.

    E é isto que me assusta. Esta falta de infância, esta negação daquilo que são: crianças!!! Que outra coisa poderiam ser aos 10 anos?

   Eles não brincam. Não brincam aos 10 e não brincam aos 9, nem aos 8...porque para mim, PSPs, PS3 e Facebooks não é brincar. É entrar demasiado cedo num mundo que ainda não conseguem compreender verdadeiramente.

   Serei a única a achar isto preocupante? Serei a única a achar que é preciso mudar alguma coisa?

 

 

 

Eis que o Pingo Doce encontra concorrência feroz

 

   Muito brevemente deixaremos de cantarolar que num determinado lugar o preço é baixo o ano inteiro e começaremos a trautear música italiana, tal é a quantidade de vezes em que somos obrigados a olhar para as mamocas zero retoques da Irina. Até é coisa para me incomodar menos que o outro do sítio onde vale mais o meu dinheiro. E por falar em dinheiro, é só mesmo um soutienzito que nos põe naquele estado de graça ou aquilo é coisa para custar uns euritos mais?  

Dia 13 de Março, na Casa da Música

 

 

   O homem mais bonito do mundo (mine!), vai levar-me a ver e ouvir o homem mais bonito de Portugal - o nosso muito adorado David Fonseca!

 

*Poderão questionar a parte do homem mais bonito de Portugal, mas que tem um je ne sais quoi, lá isso tem. E os olhos...ai os olhos do David...

Ainda falta uma semana mas já só penso nisto

 

 

   Que roupa levar na minha viagem a Paris com Disneyland incluída? Estará muito frio por lá? E se chove?

   Pior! Que calçado levar, quando a única coisa que tenho sem salto são sapatilhas, que não contam como calçado para mim, um par de sabrinas e dois pares de sandálias? Ora, estando as sandálias excluídas e sendo as sabrinas demasiado "frescas" para as temperaturas parisienses, irei mesmo palmilhar a glamourosa Paris de sapatilhas? Ou ainda sairei por aí disparada à procura de umas botitas rasas que alguém se esqueceu de tirar da loja? Será mesmo a primeira vez que uma mala minha não leva um só salto alto?

   Hummm...

Um dia conto a história que me esmaga. Hoje é o dia.

 

   Não é que eu sempre tenha sonhado ser psicóloga. Andei ali pendida para a medicina veterinária, pela minha obsessão por animais e para o jornalismo, porque dizia eu, gosto de escrever, de conhecer e de viajar (!). Mas a partir de dada altura, quando a maturidade já era suficiente para entendermos aquilo que nos vai cá dentro, decidi que a psicologia era o meu caminho.

   Aos 17 anos entrei para uma universidade privada, o meu primeiro desgosto, com uma média de 16 valores, que me valeu uma bolsa de mérito logo no primeiro ano, o que significou estudar à borliu durante um ano. Durante os 4 anos de licenciatura, fui a chamada aluna "exemplar e aplicada". Embora nunca me tenha esfolado a estudar, dediquei-lhe muita horas do meu tempo e mantive sempre a convicção de nunca tirar uma negativa, o que significava arrumar com tudo por frequência e nunca fazer um exame e terminar a licenciatura com média de 15 para cima. 4 anos depois, objectivos cumpridos. Uma licenciatura, nenhuma nega (ever!) e uma média final de 16 valores e o "mérito" de ser a segunda melhor classificada no meu ano, com direito a prémios e cerimónias. O 1º lugar escapou-me por décimas, para um colega de curso que ninguém suportava e que nunca ninguém percebeu como conseguia aquelas notas. Desculpas à parte, isto foi coisa que me incomodou, não pela competição mas pelo esforço empregue.

   Durante o primeiro semestre do primeiro ano percebi porque tinha seguido psicologia. Percebi o que realmente me concretizava naquela área. Graças a um magnífico professor e homem que me dava a disciplina de neuropsicologia I e mais tarde II e III. Durante aquelas aulas eu estava completamente absorvida pela ideia de "é mesmo isto que eu quero fazer". O resultado foi uma Pós-graduação de especialização em Neuropsicologia Clínica que iniciei logo no meu último ano de licenciatura e que durou 2 anos, nos quais aprendi muito mais do que em 4 anos de licenciatura, ou então eu estava muito mais interessada naqueles assuntos do que nas mais de 50 disciplinas que tive na faculdade. Dois anos depois, concluí a PG, com sucesso.

   Assim que terminei a licenciatura, iniciei um estágio de 6 meses num Lar de 3ª idade "de luxo", naquela que foi, até hoje, a melhor fase/experiência da minha vida. Durante 6 meses fui a pessoa mais realizada do mundo. Tinha tudo: velhinhos amorosos, casos problemáticos, condições fabulosas, duas colegas fantásticas que se tornaram mais do que amigas e a oportunidade de "exercer" na área da neuropsicologia. Aprendi imenso, academicamente e pessoalmente. Ao fim de 6 meses terminei o estágio com uma grande tristeza, com uma classificãção de 18 valores e com rasgados elogios dos meus superiores.

   E foi aqui que a coisa começou a doer. Lancei-me no mercado de trabalho, entreguei currículos, activei conhecimentos e acreditei em promessas. Uma atrás da outra, todas se desfizeram. Uma atrás da outra, as desilusões seguiram-se. E as certezas que eu tinha de que todo o meu esforço e dedicação iriam ser recompensados e reconhecidos foram-se.

   Porque parar nunca foi o meu lema e estudar nunca foi um problema, fui tirar o Mestrado em Psicologia Clínica. Não fui com esperanças de aprender, nem por realização pessoal, já que o meu objectivo e graças às minhas notas, era dar o salto de uma licenciatura para um doutoramento. Mas o prémio da universidade pelo meu desempenho durante a licenciatura foi uma bolsa para mestrado, daí que não aproveitar seria quase uma loucura. Lá fui e lá fiz, muitas vezes com o pensamento de "para quê que eu me meti nisto", principlamente durante as muitas noites perdidas a trabalhar na minha tese. Em Novembro de 2010 defendi a minha tese e terminei o meu mestrado com uma média de 18 valores e os mais rasgados elogios ao meu trabalho.

   Entretanto arranjei um trabalho. Um trabalho que aceitei porque julguei temporário, mas no qual já estou há mais de 2 anos. É um trabalho que nunca me satisfez, no qual nunca me senti realizada. É um trabalho onde faço aquilo que sempre disse que não queria fazer: ser professora e trabalhar com crianças. É um trabalho para o qual vou totalmente desmotivada, onde cumpro as minhas obrigações e do qual nunca senti falta. É trabalho que nunca me pagou sequer o ordenado mínimo nacional e no qual, nos último meses, ganho menos de metade do dito, porque trabalho menos horas. Será escusado referir o verde dos recibos. Ainda assim, é um trabalho que faço bem feito, onde todos parecem gostar de mim e onde acabei por conseguir marcar a minha presença e introduzir algumas mudanças, pelo menos na vida das minhas crianças.

   Hoje a pergunta impõe-se, com toda a justiça: será que tudo isto valeu a pena? Dentro de mim a dúvida de que sim e a certeza de que fiz a escolha errada. Seguir o meu sonho poderia ter ficado adiado. O curso deveria ter sido outro e talvez assim não visse tantos e tantos sonhos adiados. De que me valem as boas classificações, as palavras de mérito, as cartas que guardo de parabenização pelo meu desempenho académico? Até o presidente da câmara me enviou uma carta, para quê, se nunca ninguém me deu oportunidade de demonstrar aquilo que eu realmente valho?

   Eis-me aqui, aos 25 anos, a escrever num blog para matar o tempo e o tédio. Eis-me adulta, responsável, empenhada, competente e dedicada, transformada naquilo que nunca quis ser: alguém sem esperança, completamente desmotivada e com cada vez menos vontade de sorrir. Podia ignorar, podia continuar a acreditar que a minha estrela vai brilhar, podia viver a minha juventude e aguardar a minha vez, afinal sou a típica jovem a "quem não falta nada". Imaginem só que me falta o mais importante: a minha vida, a minha realização pessoal, o meu sorriso rasgado. A realização profissional não só ums parte de mim, é aquilo que eu sou, é a minha maior meta, porque eu não sou feliz se não tiver o meu lugar no mundo. Mas tens amor, tens uns pais que te adoram, um namorado maluco por ti, tens carro, roupas, sapatos, até vais à Disneyland na próxima semana. Verdade e mil graças por isso. Mas tudo isso junto não é capaz de tapar o fosso que se abre cada vez mais dentro de mim e o ódio crescente para com aqueles que, simplesmente, não me deixam SER.

   A questão é: onde vamos buscar as forças para continuar?

   No final a certeza de que "não, não sou a única a NÃO olhar o céu..."

 

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