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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

A primeira semana

 

   Foi a primeira semana de um novo trabalho e, por isso, não poderia criar nenhumas expectativas, fossem elas positivas ou negativas. O segredo era, e é!, não desmoralizar nem me orgulhar no primeiro mês, vá, sendo positiva.

   A verdade é que correu bem. Dos 7 centros sociais que me foram atribuidos, alguns senti-os mais acolhedores que outros, para mim, em termos de pessoal auxiliar, educadores e coordenadores, bem como em termos de utentes. Há aqueles velhinhos amorosos que nos parecem adorar desde o primeiro momento, que cantam para nós, que nos pedem miminhos (este já está no meu leque de favoritos!), que nos contam 3600 vezes a mesma história, que com um simples "como está minha querida" desabafam connosco anos e anos de alegrias ou sofrimentos. E há os outros, que nos ferram (true, true, true), que nos mandam ao Continente para não nos mandarem à m****, que não partilham e para os quais qualquer esforço mental é uma perda de tempo e uma canseira. E depois há as criancinhas, que não diferindo muito dos primeiros, têm aquele dom de se apegarem facilmente a quem quer que lhes dê um pedacinho de atenção e carinho.

   Para primeira semana, já estou mais rica. Pelas histórias que conheci, pelos casos em que terei de intervir, pelos locais por onde me "passeio", lado a lado com puro tráfico e consumo. Mas acima de tudo, pelas pessoas que tanto me têm dado, com um sorriso, um carinho e com aquele abraço espontâneo e apertado da I., de 9 anos, hoje no momento do "até segunda", com um "volta".

Das memórias

 

 

   «(...) em casos assim a memória é como aquele toque instântaneo de sol na retina que deixa uma queimadura à superfície, coisa leve, sem importância, mas que molesta enquanto dura (...) ».

 

JSaramago

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