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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Logo à noite...

E esta noite de Sábado será passada num concerto (ossos do ofício!).

E de quem? Pois não sei. Sei apenas que "a coisa" dá pelo seguinte nome:

 

Requiem de Fauré

 

Medo. E diz que é de música clássica. Muito medo!

 

Começo a acreditar que este meu trabalho me vai tornar uma pessoa bem mais culta...

Sobrevivendo, darei notícias.

Já não se fazem histórias de amor como antigamente

 

 

   Nos últimos tempos, sempre que vejo um filme ou leio um livro pertencente à categoria "romance" apanho uma valente desilusão. Hoje, já nenhuma história de amor é daquelas tão boas, tão boas, que nos fazem suspirar e querer ver o filme uma e outra vez ou reler determinadas passagens de um livro. Hoje, é tudo demasiado "adolescentizado", com vampiros ou outros seres à mistura, tudo demasiado fácil, banal, ridículo ou pouco sério. E é tudo demasiado igual, demasiado repetitivo, como se nisto de amor e da paixão já tudo tivesse sido dito e feito, tornando-nos especialistas desse sentimento tão complexo.

   A verdade é que sinto falta de um bom livro e um bom filme lamechas. E os últimos perfeitos exemplares disto que me lembro são os primeiros livros de Nicholas Sparks e respectivas adaptações ao cinema. Quantas vezes leram "As palavras que nunca te direi" ou "O diário da nossa paixão"? E quantas vezes viram os filmes? Quanto a mim, alturas houve em que cheguei a saber de cor passagens de ambos os livros, que estão sublinhados até à exaustão tal era a quantidade de pérolas literárias que continham. E se Nicholas Sparks era o mair escritor romântico, até isso se perdeu e hoje os seus livros são mais do mesmo, mas sem as belas frases de antigamente. Isto para não falar das adaptações cinematográficas repletas também elas de Hannas Montanas e o outro rapazito que põe a canalhada aos gritos e que agora não me recorda o nome.

   Conclusão: num mundo cada vez menos dado às relações humanas mas no qual todos se julgam especialistas de tudo o que diz respeito aos sentimentos humanos, fazem faltas bons filmes e bons livros que nos mostrem o lado bom, mágico e inexplicável do amor.

   E já agora, se conhecerem algum bom exemplo recente destes tipo de filmes/livros, é favor partilharem que eu preciso de me romantizar!

Quantas vezes podemos amar a mesma pessoa?

 

 

   Como já aqui escrevi antes, nisto do amor, não sou dada a lamechices e pirosices do género "felizes para sempre". Mas a verdade é que depois de ter visto este filme devo ter ficado um ou dois minutos a pensar no assunto. Basicamente o filme conta a história de um casal que se conhece, apaixona forever and ever e a dada altura sofre um acidente de viação no qual ela sofre um grave traumatismo craniano, perdendo a memória dos últimos 4 ou 5 anos, ou seja, esquece-se do marido e do amor que sentia por ele. E ele, como seria de esperar, lá faz de tudo para a reconquistar e, segundo o filme, a coisa não foi fácil. O final não digo e quem quiser saber que veja o filme. Basicamente é isto com muito momento absolutamente desnecessário lá pelo meio. O filme até poderia ser um bom filme, mas não o é. A parte que me deixou a pensar durante aquele minuto ou dois foi a parte após o final, final esse que não esclarece devidamente o final do próprio casal. Mas depois lá aparece uma frase que nos informa que a história deste casal foi baseada numa história real, do casal X e Y, mostrando-nos a foto do dito casal real, acrescentando que hoje continuam juntos e têm não sei quantos filhos. Até aqui tudo bem. Ok, é bonito e tal e parece que é mesmo felizes para sempre. Mas foi a frase final que me "matou". E era a seguinte: "Ela nunca recuperou a memória". Pum! E perante isto eu pensei: "Eh pah, há coisas fantásticas!". E depois deste pensamento absurdo, dei por mim a pensar que nestas coisas do amor, não sabemos absolutamente nada, mas perante exemplos destes (o da vida real e não o do filme) acabamos por duvidar se não existem coisas que têm mesmo que acontecer e ser, assim como uma espécie de destino. Se ela nunca recuperou a memória, significa que se apaixonou por ele. Outra vez. E quais são as possibilidades de nos apaixonarmos pela mesma pessoa duas vezes? Certo, há casais que se separam e voltam a juntar-se e são felizes até ao fim dos seus dias, mas isso é diferente. Isso será uma questão de mudanças nos sentimentos e nunca perda de sentimentos, muito menos esquecer-se totalmente da pessoa que amavamos. Nesta história, ela apaixona-se duas vezes. Do zero, do nada. Ama "para sempre" duas vezes o mesmo homem, de quem entretanto se lembra apenas uma vez. E se isto não é a coisa mai linda nestas lamechices do amor, então o amor não vale nada. E se isto não é uma estalada do destino, então eu vou continuar a ser a pessoa mais descrente e a-romântica do mundo.

Há um ano atrás...

  

 

  Iniciava esta minha nova caminhada profissional.

  Ainda me lembro do nervosismo do primeiro dia e da ansiedade e receios das primeiras semanas. Tudo era novo e tudo me parecia terrívelmente difícil, ao ponto de pensar "nunca serei capaz de dominar isto ou aquilo tão bem". A verdade é que hoje, 365 dias depois, domino isto e aquilo muitíssimo melhor do que naquele dia e do que alguma vez julguei chegar a dominar. Não fazendo balanços, até porque não lhes acho muita piada, apetece-me dizer que talvez tenha sido o melhor ano da minha vida, pelas experiências que me proporcionou e pelo tanto que me fez crescer pessoal e profissionalmente. Só tenho que me orgulhar e sentir satisfeita por neste ano ter ouvido apenas elogios ao meu trabalho e por manter a folha de "reclamações" em branco (acreditem que naquela instituição, com aquele presidente, é um verdadeiro euromilhões). Mas acima de tudo, tenho de me orgulhar, por todas as palavras maravilhosas e impagáveis que recebi dos meus utentes, principalmente dos mais idosos. Cada sorriso que lhes arranco é a maior das vitórias para mim. E, basicamente, o meu primeiro ano de trabalho nesta área é isso: sorrisos conquistados que, ainda que momentaneamente, marcaram alguma diferença na vida daquelas pessoas.

  Entrei por 6 meses, estou lá há um ano, por lá ficarei mais 6 meses e o futuro há que olhá-lo com a esperança de que daqui a mais um voltarei a escrever um post deste género, mas bem mais inspirado pela experiência.

Hoje, o melhor dos conselhos

 

   "Devemos ser vaidosos nos trapos e não no trato."

 

   Maravilhoso conselho vindo de um eterno vaidoso e charmoso senhor de 83 anos. Porque a classe (e o charme) quando são inatos, ficam para sempre. E só gostava que vissem o quão bonito este senhor é!

Some of my details

 

 

 

 

 

 
Anéis são, sem dúvida, um dos meus mais recentes vicíos. E por cá gostamos deles grandes, para dar nas vistas, ou como dizem os meus utentes, "se dá um murro em alguém, mata-o". :)
Juntando aos anéis, a minha Pandorinha do coração (thank you my Mr. Big), o meu Eletta também do coração (adorável bracelete coral que adquiri recentemente) e só ficam a faltar os meus colares, cuja colecção é ainda muito curta, porque gosto deles para os usar em decotes de blusas e não ocmpridões, e o meu golden Casio (Thank you my Mr. Big, again!) que é reinvenção mais fofinha dos últimos tempos!
 

A minha perspectiva

  Tal como prometido, agora que foi publicado na revista também pode ser publicado aqui.

 

   Um dia alguém me disse: “Tu tens um emprego fantástico! Tens sempre histórias para contar!”. É um facto. Mas esta é apenas uma das vantagens e mais-valias de ser psicólogo e, principalmente, de ser psicólogo na #$%&. (Sorry, mas não vou publicar o nome da instituição).

   Embora muitos o afirmem, ser psicólogo não é só ser capaz de ouvir o outro e dar bons conselhos. Essa é aquela “costela de psicólogo” que qualquer um de nós tem e que a vida e a experiência nos vão dando. Ser psicólogo exige uma certa vocação interior, uma espécie de curiosidade interna sobre tudo o que é o ser humano, nas suas variadas facetas, as agradáveis de mostrar e as que ninguém quer conhecer. É quase uma predisposição para dissecar o ser humano por dentro e sarar as feridas da alma. Ser psicólogo não é conhecer o comprimido mágico para a cura, muito menos curar pela palavra. É orientar, guiar, ajudar a chegar lá; é ser capaz de trazer ao de cima o melhor e pior de nós; é ensinar a lidar com o que dói e definir sentimentos, emoções e medos; tudo isto com o rigor e o compromisso assumido com essa grande ciência que é a Psicologia.

   Mas afinal, o que faz um psicólogo na #$%&? É uma pergunta legítima que muitos colocarão. Se pensarmos nas principais valências da instituição, poderemos afirmar que nós, psicólogos, trabalhamos no presente, a pensar no futuro e a reviver o passado. Somos mais um dos membros fundamentais deste esqueleto interventivo que se preocupa com a realidade social e ainda acredita que a pode mudar, agindo.  

   Ser psicólogo ou colaborador na #$%& nos dias que correm é ver todos os dias o reflexo da sociedade actual, da qual a maioria tem conhecimento apenas através dos meios de comunicação social.

   Aqui aprendemos que as crianças são como esponjas que absorvem tudo o que as rodeia, para o bem e para o mal, tornando-se reflexos desta agitação social e de valores que nos rodeia. Percebemos ainda que elas podem sofrer como gente crescida e que não é errado os pais pedirem ajuda ou necessitarem de algumas dicas sobre a forma de educar ou lidar com um filho e com o seu comportamento. 

   Aqui vemos como para alguns é difícil ser idoso em Portugal. Convivemos lado a lado com o sofrimento humano, com a dor da perda, com a incerteza do amanhã, com a solidão, o vazio e o abandono. Aqui lutamos com os nossos idosos contra doenças mais ou menos galopantes, com as perdas de capacidades e com as demências que lhes roubam a identidade e as recordações.      

  Num dia uma perda, no outro uma vitória. E a esperança, sempre a esperança. Às vezes sentimo-nos impotentes, incapazes e desmotivados, tantas são as solicitações e os pedidos de ajuda e tamanhas são as dificuldades e incapacidades em responder a muitas delas. Chegamos ao final do dia a desejar possuir uma capa de super-heróis, daqueles em que as nossas crianças acreditam e gostam de se transformar, e sermos capazes, não de mudar o mundo, mas de mudar o mundinho daqueles que nos estendem a mão e acreditam no nosso empenhamento em cada causa.

   A cada dia, sempre que regressamos ao calor dos nossos lares e da nossa família trazemos cada uma daquelas histórias connosco. Embora a ética profissional às vezes o exija, é impossível separar o psicólogo (ou qualquer outro profissional) da pessoa humana que este é. São os nossos valores a falarem e são eles que fazem de nós aquilo que somos – somos, antes de tudo o resto, “pessoas a sentirem pessoas”. E é por isso que, a cada final de dia, percebemos que valeu a pena deixar o conforto da nossa cama numa manhã fria de Inverno ou perder uma tarde de sol em frente ao rio para podermos entrar em cada uma daquelas vidas com história(s) e (re)escrevermos um capítulo mais feliz, ou pelo menos, menos doloroso. Valeu a
pena ouvir o idoso que se sente só e estar ali com e para ele. Valeu a pena ouvir a mãe que não se sente capaz ou a criança que sonha com o impossível e que ninguém parece compreender. E sempre que recebemos um sorriso, percebemos que valeu realmente a pena cada segundo investido naquele caso.

   Na #$%& também há sorrisos, dos 0 aos 101 anos. Vemo-los nos bebés que palram e nas crianças que brincam, nos jovens que descobrem algo novo da vida a cada passo, nos idosos que todos os dias nos ensinam algo mais e nos familiares de todos eles, que nos agradecem a ajuda e o estarmos presentes nos momentos bons e nas crises, honrando o compromisso que assumimos com cada um dos nossos utentes. E se são sorrisos que recebemos, devemos retribui-los de forma transparente, sincera e humana.

   Na minha perspectiva,eu tenho de facto um emprego fantástico. Não só pelas muitas histórias que tenho para contar, mas por poder conhecê-las e aos seus actores e por, de certa forma, poder fazer parte delas enquanto mediadora entre um momento de sofrimento ou dúvida e a vida, no seu completo e pleno significado. Ser psicólogo também é isto: viver e dar vida ao outro.

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