...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR
...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR
Nos últimos tempos, sempre que vejo um filme ou leio um livro pertencente à categoria "romance" apanho uma valente desilusão. Hoje, já nenhuma história de amor é daquelas tão boas, tão boas, que nos fazem suspirar e querer ver o filme uma e outra vez ou reler determinadas passagens de um livro. Hoje, é tudo demasiado "adolescentizado", com vampiros ou outros seres à mistura, tudo demasiado fácil, banal, ridículo ou pouco sério. E é tudo demasiado igual, demasiado repetitivo, como se nisto de amor e da paixão já tudo tivesse sido dito e feito, tornando-nos especialistas desse sentimento tão complexo.
A verdade é que sinto falta de um bom livro e um bom filme lamechas. E os últimos perfeitos exemplares disto que me lembro são os primeiros livros de Nicholas Sparks e respectivas adaptações ao cinema. Quantas vezes leram "As palavras que nunca te direi" ou "O diário da nossa paixão"? E quantas vezes viram os filmes? Quanto a mim, alturas houve em que cheguei a saber de cor passagens de ambos os livros, que estão sublinhados até à exaustão tal era a quantidade de pérolas literárias que continham. E se Nicholas Sparks era o mair escritor romântico, até isso se perdeu e hoje os seus livros são mais do mesmo, mas sem as belas frases de antigamente. Isto para não falar das adaptações cinematográficas repletas também elas de Hannas Montanas e o outro rapazito que põe a canalhada aos gritos e que agora não me recorda o nome.
Conclusão: num mundo cada vez menos dado às relações humanas mas no qual todos se julgam especialistas de tudo o que diz respeito aos sentimentos humanos, fazem faltas bons filmes e bons livros que nos mostrem o lado bom, mágico e inexplicável do amor.
E já agora, se conhecerem algum bom exemplo recente destes tipo de filmes/livros, é favor partilharem que eu preciso de me romantizar!
Como já aqui escrevi antes, nisto do amor, não sou dada a lamechices e pirosices do género "felizes para sempre". Mas a verdade é que depois de ter visto este filme devo ter ficado um ou dois minutos a pensar no assunto. Basicamente o filme conta a história de um casal que se conhece, apaixona forever and ever e a dada altura sofre um acidente de viação no qual ela sofre um grave traumatismo craniano, perdendo a memória dos últimos 4 ou 5 anos, ou seja, esquece-se do marido e do amor que sentia por ele. E ele, como seria de esperar, lá faz de tudo para a reconquistar e, segundo o filme, a coisa não foi fácil. O final não digo e quem quiser saber que veja o filme. Basicamente é isto com muito momento absolutamente desnecessário lá pelo meio. O filme até poderia ser um bom filme, mas não o é. A parte que me deixou a pensar durante aquele minuto ou dois foi a parte após o final, final esse que não esclarece devidamente o final do próprio casal. Mas depois lá aparece uma frase que nos informa que a história deste casal foi baseada numa história real, do casal X e Y, mostrando-nos a foto do dito casal real, acrescentando que hoje continuam juntos e têm não sei quantos filhos. Até aqui tudo bem. Ok, é bonito e tal e parece que é mesmo felizes para sempre. Mas foi a frase final que me "matou". E era a seguinte: "Ela nunca recuperou a memória". Pum! E perante isto eu pensei: "Eh pah, há coisas fantásticas!". E depois deste pensamento absurdo, dei por mim a pensar que nestas coisas do amor, não sabemos absolutamente nada, mas perante exemplos destes (o da vida real e não o do filme) acabamos por duvidar se não existem coisas que têm mesmo que acontecer e ser, assim como uma espécie de destino. Se ela nunca recuperou a memória, significa que se apaixonou por ele. Outra vez. E quais são as possibilidades de nos apaixonarmos pela mesma pessoa duas vezes? Certo, há casais que se separam e voltam a juntar-se e são felizes até ao fim dos seus dias, mas isso é diferente. Isso será uma questão de mudanças nos sentimentos e nunca perda de sentimentos, muito menos esquecer-se totalmente da pessoa que amavamos. Nesta história, ela apaixona-se duas vezes. Do zero, do nada. Ama "para sempre" duas vezes o mesmo homem, de quem entretanto se lembra apenas uma vez. E se isto não é a coisa mai linda nestas lamechices do amor, então o amor não vale nada. E se isto não é uma estalada do destino, então eu vou continuar a ser a pessoa mais descrente e a-romântica do mundo.
Ainda me lembro do nervosismo do primeiro dia e da ansiedade e receios das primeiras semanas. Tudo era novo e tudo me parecia terrívelmente difícil, ao ponto de pensar "nunca serei capaz de dominar isto ou aquilo tão bem". A verdade é que hoje, 365 dias depois, domino isto e aquilo muitíssimo melhor do que naquele dia e do que alguma vez julguei chegar a dominar. Não fazendo balanços, até porque não lhes acho muita piada, apetece-me dizer que talvez tenha sido o melhor ano da minha vida, pelas experiências que me proporcionou e pelo tanto que me fez crescer pessoal e profissionalmente. Só tenho que me orgulhar e sentir satisfeita por neste ano ter ouvido apenas elogios ao meu trabalho e por manter a folha de "reclamações" em branco (acreditem que naquela instituição, com aquele presidente, é um verdadeiro euromilhões). Mas acima de tudo, tenho de me orgulhar, por todas as palavras maravilhosas e impagáveis que recebi dos meus utentes, principalmente dos mais idosos. Cada sorriso que lhes arranco é a maior das vitórias para mim. E, basicamente, o meu primeiro ano de trabalho nesta área é isso: sorrisos conquistados que, ainda que momentaneamente, marcaram alguma diferença na vida daquelas pessoas.
Entrei por 6 meses, estou lá há um ano, por lá ficarei mais 6 meses e o futuro há que olhá-lo com a esperança de que daqui a mais um voltarei a escrever um post deste género, mas bem mais inspirado pela experiência.
Maravilhoso conselho vindo de um eterno vaidoso e charmoso senhor de 83 anos. Porque a classe (e o charme) quando são inatos, ficam para sempre. E só gostava que vissem o quão bonito este senhor é!
Anéis são, sem dúvida, um dos meus mais recentes vicíos. E por cá gostamos deles grandes, para dar nas vistas, ou como dizem os meus utentes, "se dá um murro em alguém, mata-o". :)
Juntando aos anéis, a minha Pandorinha do coração (thank you my Mr. Big), o meu Eletta também do coração (adorável bracelete coral que adquiri recentemente) e só ficam a faltar os meus colares, cuja colecção é ainda muito curta, porque gosto deles para os usar em decotes de blusas e não ocmpridões, e o meu golden Casio (Thank you my Mr. Big, again!) que é reinvenção mais fofinha dos últimos tempos!
Tal como prometido, agora que foi publicado na revista também pode ser publicado aqui.
Um dia alguém me disse: “Tu tens um emprego fantástico! Tens sempre histórias para contar!”. É um facto. Mas esta é apenas uma das vantagens e mais-valias de ser psicólogo e, principalmente, de ser psicólogo na #$%&. (Sorry, mas não vou publicar o nome da instituição).
Embora muitos o afirmem, ser psicólogo não é só ser capaz de ouvir o outro e dar bons conselhos. Essa é aquela “costela de psicólogo” que qualquer um de nós tem e que a vida e a experiência nos vão dando. Ser psicólogo exige uma certa vocação interior, uma espécie de curiosidade interna sobre tudo o que é o ser humano, nas suas variadas facetas, as agradáveis de mostrar e as que ninguém quer conhecer. É quase uma predisposição para dissecar o ser humano por dentro e sarar as feridas da alma. Ser psicólogo não é conhecer o comprimido mágico para a cura, muito menos curar pela palavra. É orientar, guiar, ajudar a chegar lá; é ser capaz de trazer ao de cima o melhor e pior de nós; é ensinar a lidar com o que dói e definir sentimentos, emoções e medos; tudo isto com o rigor e o compromisso assumido com essa grande ciência que é a Psicologia.
Mas afinal, o que faz um psicólogo na #$%&? É uma pergunta legítima que muitos colocarão. Se pensarmos nas principais valências da instituição, poderemos afirmar que nós, psicólogos, trabalhamos no presente, a pensar no futuro e a reviver o passado. Somos mais um dos membros fundamentais deste esqueleto interventivo que se preocupa com a realidade social e ainda acredita que a pode mudar, agindo.
Ser psicólogo ou colaborador na #$%& nos dias que correm é ver todos os dias o reflexo da sociedade actual, da qual a maioria tem conhecimento apenas através dos meios de comunicação social.
Aqui aprendemos que as crianças são como esponjas que absorvem tudo o que as rodeia, para o bem e para o mal, tornando-se reflexos desta agitação social e de valores que nos rodeia. Percebemos ainda que elas podem sofrer como gente crescida e que não é errado os pais pedirem ajuda ou necessitarem de algumas dicas sobre a forma de educar ou lidar com um filho e com o seu comportamento.
Aqui vemos como para alguns é difícil ser idoso em Portugal. Convivemos lado a lado com o sofrimento humano, com a dor da perda, com a incerteza do amanhã, com a solidão, o vazio e o abandono. Aqui lutamos com os nossos idosos contra doenças mais ou menos galopantes, com as perdas de capacidades e com as demências que lhes roubam a identidade e as recordações.
Num dia uma perda, no outro uma vitória. E a esperança, sempre a esperança. Às vezes sentimo-nos impotentes, incapazes e desmotivados, tantas são as solicitações e os pedidos de ajuda e tamanhas são as dificuldades e incapacidades em responder a muitas delas. Chegamos ao final do dia a desejar possuir uma capa de super-heróis, daqueles em que as nossas crianças acreditam e gostam de se transformar, e sermos capazes, não de mudar o mundo, mas de mudar o mundinho daqueles que nos estendem a mão e acreditam no nosso empenhamento em cada causa.
A cada dia, sempre que regressamos ao calor dos nossos lares e da nossa família trazemos cada uma daquelas histórias connosco. Embora a ética profissional às vezes o exija, é impossível separar o psicólogo (ou qualquer outro profissional) da pessoa humana que este é. São os nossos valores a falarem e são eles que fazem de nós aquilo que somos – somos, antes de tudo o resto, “pessoas a sentirem pessoas”. E é por isso que, a cada final de dia, percebemos que valeu a pena deixar o conforto da nossa cama numa manhã fria de Inverno ou perder uma tarde de sol em frente ao rio para podermos entrar em cada uma daquelas vidas com história(s) e (re)escrevermos um capítulo mais feliz, ou pelo menos, menos doloroso. Valeu a pena ouvir o idoso que se sente só e estar ali com e para ele. Valeu a pena ouvir a mãe que não se sente capaz ou a criança que sonha com o impossível e que ninguém parece compreender. E sempre que recebemos um sorriso, percebemos que valeu realmente a pena cada segundo investido naquele caso.
Na #$%& também há sorrisos, dos 0 aos 101 anos. Vemo-los nos bebés que palram e nas crianças que brincam, nos jovens que descobrem algo novo da vida a cada passo, nos idosos que todos os dias nos ensinam algo mais e nos familiares de todos eles, que nos agradecem a ajuda e o estarmos presentes nos momentos bons e nas crises, honrando o compromisso que assumimos com cada um dos nossos utentes. E se são sorrisos que recebemos, devemos retribui-los de forma transparente, sincera e humana.
Na minha perspectiva,eu tenho de facto um emprego fantástico. Não só pelas muitas histórias que tenho para contar, mas por poder conhecê-las e aos seus actores e por, de certa forma, poder fazer parte delas enquanto mediadora entre um momento de sofrimento ou dúvida e a vida, no seu completo e pleno significado. Ser psicólogo também é isto: viver e dar vida ao outro.