Aviso à navegação
Uma vez que só anunciarei o resultado do passatempo Saber Viver na próxima segunda-feira, podem continuar a concorrer até dia 1 de Julho, Domingo.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Uma vez que só anunciarei o resultado do passatempo Saber Viver na próxima segunda-feira, podem continuar a concorrer até dia 1 de Julho, Domingo.
Disse-me hoje uma das empregadas da Zara que entrarão em Saldos "a meio do mês". Entretanto têm colocado uma série de artigos em promoção (algumas delas bem simpáticas . comprei hoje um blazer com 50% de desconto!), pelo que já vale a pena dar lá uns saltitos porque a este ritmo (e quase todos os dias têm posto novos artigos em promoção) na época dos saldos só arranjamos t-shirts para o ginásio!
Eu já perdi a cabeça por lá...
«Só quando cheguei a casa notei que não vertera uma lágrima. Apenas os meus complxos de culpa me impediam de reconhecer o óbvio: o que sentia não era tristeza, mas alívio. Isto pode parecer - e é-o - difícil de admitir, mas é o que sucede a quem tem pais com doenças psíquicas prolongadas. Os onze anos, em que assitira a uma mente brilhante deteriorando-se, haviam-me conduzido ao desespero. Não esquecera que ela tinha tentado domesticar-me, que em ocasiões em que eu estava frágil me ferira, que fora demasiado dogmática para me aceitar como sou, mas os nossos conflitos nunca me impediram de a admirar e, quem sabe, de a amar.»
"A Morte", Maria Filomena Mónica
E saldos na Zara, para quando???
«Há algum tempo, deparei-me, num jornal, com o título: "Morre-se muito nos hospitais". Mas de que estava à espera quem tal escreveu? Organizados por agências funerárias, que tendem a copiar o modelo americano, os enterros deixaram de ter carga emocional. Tanto as empresas quanto as famílias querem que tuo se passe com rapidez. Uma vez que as sociedades não desejam encarar o facto de sermos mortais, a contemplação do morto é reduzida ao mínimo. Enquanto, na idade média, os santos gostavam de ter, diante de si, uma caveira, a fim de recordar quão breve era a passagem pelo mundo, os contemporâneos procuram esquecer a mortalidade. Daí a dessacralização dos enterros. O que se passa nas capelas mortuárias das igrejas parece-se, cada vez mais, com um garden party. Por outro lado, enterrado o morto, ninguém visita o túmulo. A ida aos cemitérios, a 2 de Novembro, Dias dos Fiés Defuntos, está praticamente limitada às classes rurais.»
"A Morte", Maria Filomena Mónica
«Uma das questões mais controversas do nosso tempo é a de saber se podemos escolher o momento da nossa morte. O assunto tem sido discutido nos Estados Unidos e em alguns países europeus, mas pouco ou nada em Portugal. Em tempo de crise, os meus compatriotas estão mais ocupados a tratar da vida do que da morte, o que tem como corolário deixar o nosso fim nas mãos dos políticos, dos padres e dos médicos. Uma atitude perigosa.»
"A Morte", Maria Filomena Mónica
Quando se trabalha com alguma da população com que eu trabalho é normal entrarmos em casas onde nos é tão difícil permanecer tal é a falta de higiene. Entre fortes odores (que com este calorzinho se intensificam loucamente) e alguma bicheza pouco adequada, há de tudo. Hoje foi dia de uma dessas visitas, com necessidade de me sentar numa cadeira que não sei bem se ainda era cadeira já que era necessario preencher alguma documentação. Se aos cheiros eu até me vou habituando e não é coisa para me causar grandes reacções, já a possibilidade de sair de lá com uns quantos amiguinhos a fazerem-me comichão leva-me ao desespero. E assim, não pensei noutra coisa a não ser enfiar-me num chuveiro, o que fiz assim que cheguei a casa. A roupa foi toda lavada isoladamente e eu esfreguei-me tanto que cheguei a recear deixar na banheira um pedaço de pele.
A Sra. A., de 89 anos, era uma senhora hiper-activa, autónoma, independente, culta, inteligente, antiga funcionária da C. M. Porto num cargo de chefia e muito, muito interessante. Um dia, há cerca de um ano, ao levar o cão companheiro de uma vida a passear caiu e, verdadeiro drama das mulheres, fracturou a anca, com necessidade de prótese. A cirurgia correu bem, a recuperação correu mal e a Sra. A. não voltou a caminhar. Não se conformando, pediu para ser novamente operada para corrigirem o erro. Contra todas as expectativas médicas e da família, esforçou-se e esfolou-se em fisioterapias e empenho pessoal. Nós últimos 5 meses passou da cadeira de rodas para o andarilho, recuperou grande parte da sua autonomia e a 22 de Maio, aquando da minha última visita, mostrava-me como já era capaz de caminhar de mão dada com alguém, referindo que em menos de um mês estaria a andar só com uma bengala. Lembro-me das últimas palavras antes da despedida: "Oh, Dra., o meu filho está com a mania que eu tenho Parkinson, acha mesmo? Eu sinto-me óptima!".
No dia 22 de Maio, às 17h, a Sra. A. sofreu um AVC muito grave enquanto lhe faziamos a higiene da tarde. Hoje fui vê-la.
Hoje, um mês depois da última visita, a Sra. A está acamada, hemiparética do lado direito e incapaz de falar. O seu estado é muito grave e os médicos não deram qualquer perspectiva de recuperação (não vale a pena internamento em unidades de cuidados continuados, não vale a pena fisioterapia, não vale a pena terapia da fala). O filho não se conforma e proporciona à mãe fisioterapia em casa e estimula-a verbalmente todos os dias. A Sra. A. tem um ar de sofrimento que me apertou o coração. Aquele olhar dizia tanto, dizia tudo o que não é capaz de expressar por palavras.
Sai de lá com a certeza cada vez mais firme de que tudo pode mudar...de um minuto para o outro.