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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Querido S. Pedro

   Este fim-de-semana, que até é teu porque pelo norte se estará em festa em tua honra, vê lá se aguentas o bom tempinho durante mais uns dias e se nos ofereces um belo dia de praia lá para Domingo, sim já depois de amnhã, que eu quero muito estrear-me nos areais e Domingo é o único dia desta semana em que não se trabalha. Ah! E não te esqueças de fechar a janelas à ventania típica das praias do norte:

   Vais ser um santinho, não vais?

   Beijinhos, beijinhos, não te gosto das sardinhas mas gosto quando aqueces os dias!

Das coisas que me irritam

   São várias, mas hoje o que aqui me traz é uma coisa chamada "emergência alimentar" ou "cantina social".

   A nossa instituição está incluida neste programa de emergência alimentar, que basicamente consiste em proporcionar refeições a famílias carenciadas a um custo minímo, que muitas vezes é de zero cêntimos, 25 cêntimos, 50 cêntimos, um euro e poucas vezes mais do que isso, recebendo a instituição uma comparticipação da Segurança Social para ajudar a cobrir as despesas com a confeção das ditas refeições.

   Atualmente, prestamos este tipo de apoio a centenas de famílias do grande porto e o número continua a crescer. Como podem calcular, chegam-nos pessoas que já foram de todos os estratos sociais mas que hoje vivem nos limiares da probreza, muitas vezes envergonhada ao ponto de não quererem ser vistos a recolher as suas refeições num dos nossos centros, pedindo para marcarmos pontos de encontro em locais onde não serão reconhecidas. Um pequeno retrato do país que temos...mas não é isto que hoje me interessa.

   Claro que no meio de muita boa gente desesperada há aqueles que não poderemos chamar de nada mais do que "pobres e mal agradecidos". Estes senhores e senhoras são aqueles que recebem o nosso apoio, a maior parte totalmente gratuito, e que diariamente reclamam da qualidade e quantidade da comida. Mas ainda há mais! Aos fins-de-semana e feriados, como muitos dos nossos centros estão fechados, nós, instituição, entregamos as refeições nas casas das famílias, tal e qual como fazemos com os nossos utentes de apoio domiciliário. Pois estas criaturas (desculpem, mas merecem) conseguem reclamar semanalmente da hora a que as refeições são entregues! Minha gente, vocês comem de graça (ou quase), comem exatamente a mesma comida que todos os nossos utentes "normais" comem e pela qual pagam um preço bastante superior, têm direito exatamente às mesmas quantidades (que chegam a ser ridiculamente exageradas), aos fins-de-semana e feriados nem sequer precisam de se deslocar para receberem uma refeição completa e mesmo assim conseguem ter coragem de reclamar por tudo e por nada!!! Saberão por acaso que, por vocês estarem a ser ajudados por este programa estão outras pessoas em lista de espera e quem sabe a passar fome?

   Felizmente eu não mando neste país e nestas coisas, caso contrário, era uma queixinha destas e eram imediatamente excluidos do programa, acompanhados por aqueles que recebem o RSI e o gastam nos pequenos almoços no café e nas unhas de gel...mas isso contas para outro rosário.

   Há gente que realmente não merece ser ajudada. E o que me parece é que essa gente não precisa de ser ajudada. Nunca deve sequer ter sentido verdadeiras necessidades, caso contrário até um pão lhes saberia a caviar, quanto mais dois pães, sopa, refeição e fruta...

Este calor...

...deixa-me com uma vontade doida de pôr a perninha à mostra, mas com o meu trabalho não me é muito possível fazê-lo durante a semana, o que me deixa estupidamente revoltada. Bem me sinto tentada, mas coisas curtas está completamente fora de questão (ou seja, arruma os calçõezinhos, peça favorita deste ano!) e vestidos também é algo complicado, já que ando muito no sobe e desce das nossas carrinhas que são tudo menos simpáticas para quem vai de vestido.

   Que venha o fim-de-semana para pôr as pernocas ao sol! Ou no meu caso, que venha o Domingo, já que Sábado trabalha-se :(

As manhãs calmas do mundo

  

Gosto de acordar cedo naquelas manhãs em que o mundo dorme até mais tarde, enquanto cura a "ressaca" de uma noite longa. Assim de repente, lembro-me das manhãs do dia de Natal, do dia de Ano Novo ou do dia de S. João, como foi hoje o caso. Apesar de ter acordado relativamente cedo para um feriado, deixei-me ficar a ouvir o silêncio que era o mundo até cerca 10h ou mais...É como se o mundo estivesse em modo "pause" e tudo acontecesse muito devagar e muito depois do habitual. Os carros quase não existiam, as pessoas ainda não tinham aberto as portas para um magnifico dia de calor abrasador e o silêncio da cama era mais reconfortante que o silêncio da manhã.

   Ainda bem que o mundo gosta de acordar tarde de vez em quando. Por uns momentos, ele é mais meu que dos outros. E é meu calmo e silencioso, tal e qual como eu gosto dele e da vida.

«O Terceiro Gémeo», Kin Follett

 

A cientista Jeannie Ferrami, especialista em gémeos e nos componentes genéticos da agressão, faz uma descoberta espantosa. Recorrendo a um banco de dados do FBI, descobre dois homens que parecem ser gémeos verdadeiros: Steve, estudante de direito, e Dennis, assassino condenado. No entanto, nasceram em dias diferentes, de mães distintas, em hospitais separados por centenas de quilómetros.
Que segredo terá ela desvendado? Poderá confiar no seu chefe e mentor, ou terá de pôr a sua vida nas mãos de Steve Logan, o gémeo por quem se apaixona, apesar de ele estar envolto em intriga e suspeita? Uma coisa é certa: não há nada que faça certas pessoas deixar de conspirar na sombra…

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   Acontece-me sempre o mesmo nos livros deste género: no início vou lendo sem grande entusiasmo mas a dada altura quero tanto saber o que vem a seguir que acabo por devorar o livro até às últimas páginas. Acontece-me muito isso com Ken Follett e acho que isso acaba por ser um bocadinho a "magia" dos seus livros.

   E assim arrumei mais um na minha batalha de conhecer toda a obra de Ken Follett.  

Pequenos nadas que nos enchem o coração

   Fazendo uma retrospetiva rápida da minha semana de trabalho, facilmente encontro pelo menos um motivo para cada dia ter sido um bpm dia de trabalho e de realização pessoal.

   Senão vejámos e muito rapidamente:

   Segunda-feira consegui finalmente tirar a Sra. C. de casa depois de mais de um de visitas a insistir para que saísse de casa nem que fosse para vir lanchar ao nosso centro. Segunda-feira foi passar todo o dia connosco e com perspectivas de voltar.

   Terça-feira cheguei a casa da Sra. A. com uma dor de cabeça horrível, daqueles que até enjoadas nos põem, e fui recebida com um abraço tão apertadinho logo à entrada que a dor de cabeça foi logo esquecida. Adivinham o que aconteceu na hora da despedida? Mais um abracinho bom!

   Quarta-feira fiquei a descansar, o que é sempre positivo.

   Quinta-feira, primeira visita do dia, logo pela fresquinhas das 8h30, a Sra. A., acamada há cerca de 2 anos, mais conversadora que o habitual diz-me "está com um ar tão feliz que até a mim me põe feliz". E foram tantas as vezes que a pus a rir como há muito não a via fazê-lo.

   Sexta-feira fui visitar um dos meus velhinhos do coração (há sempre aqueles que nos roubam um bocadinho mais do coração que os outros que também adoramos) e depois de quase 2 horas de conversas mais que interessantes (são 94 anos extraordinários e tão cheios de vida e sabedoria) despedimo-nos com um "faz-me tão bem quando cá vem, gosto tanto de falar consigo, venha mais vezes, venha mesmo".

   E tão fácil encontrar motivos para nos sentirmos de coração cheio...

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