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Há pessoas que têm uma forma fantástica de viver a vida. Todos nós já ouvimos falar delas e alguns até já tivemos o prazer de conhecer e conviver com exemplos destes. Quando a velhice chega e a solidão nos ataca, fica mais difícil continuarmos a ser essas forças da natureza, até porque já perdemos muito daquilo que se pode e antes chamavamos vida e viver. É a solidão, é a perda de quem nos é mais querido, é a doença, é a perda de capacidades, é a perda de autonomia...é uma lista interminável de perdas que nos fazem sentir cada vez menos vivos. Quando a velhice chega, passamos a viver de memórias e recordações, o que não é fácil para muita gente, pois nem todos sabemos lidar pacificamente com o que já foi e não voltará nunca mais a ser.
Mas se, chegada determinada fase da nossa vida, a recordação é tudo o que temos, porque não compilar, literalmente, todas as recordações que temos daquilo que foi o nosso viver?
Ontem fui visitar novamente o Sr. A.M.B. 96 anos, viúvo há cerca de 4, daqueles que teve apenas uma companheira para a vida e que vai chorar a sua morte até ao fim dos seus dias, vive sozinho, tem uma filha muito presente, o filho morreu no ultramar, mais um desgosto que nunca ultrapassará, autónomo, independente, mentalmente activo, intelectualmente desafiante, daquelas pessoas com quem dá gosto conversar tamanho é o desafio e o interesse das nossas conversas. O Sr. A.M.B. teve uma vida cheia, cheíssima! Cheia de gentes, de momentos, de festas, de experiências, de estudos, de exposições, de trabalhos congratulados até com menções honrosas...O Sr. A.M.B. teve uma vida que qualquer um gostaria de ter vivido. Hoje a sua vida está vazia de experiências e de gentes, que já morreram na sua maioria, mas cheia, cheíssima de recordações. Recordações essas que ele está, literalmente, a compilar, em verdadeiros albúns de recordações.
Primeiro foram as fotografias, de que sempre tanto gostou. Após a morte da esposa começou a construir um álbum com fotografias da esposa ao longo de toda a vida, desde bebé até aos últimos retratos de quando ela ainda não estava doente (não é com a doença que ele quer continuar a recordá-la). Desse álbum passsou para um albúm sobre o filho falecido cedo demais, depois a filha, depois um albúm familiar...e fomos passando longas horas de conversa à volta daqueles albúns, daquelas fotografias e das histórias tão cheias que cada fotografia contém.
Agora que as fotografias começam a esgotar-se, resolveu passar para recordações do seu trabalho. Mais fotografias dos seus excelentes trabalhos, das suas exposições, ao que se juntam críticas em jornais, menções, opiniões, cartas de amigos...foi esta a nossa viagem de ontem.
Para mim, este é um excelente exemplo de saber viver a vida quando a vida já tem pouco para nos dar. Não é viver no passado, nem do passado. É viver recordando o que já vivemos, o que já fomos, quem já tivemos, o que já tivemos...é acabar a vida cheios da vida que nos encheu os dias, é viver recordando e já dizia o outro que recordar é viver...e de que maneira, e de que maneira!
Diz que os animais de estimação se parecem em muitas coisas com os seus donos e, de fato, cá em casa esta repetição de comportamentos entre eu e o meu gato é demasiado evidente, especialmente nestas situações recentes. Vejamos:
Situação 1, a do gato: dias de festa são inevitavelmente dias de foguetes com força. O gato tem medo dos foguetes, mas como a curiosidade matou o gato, toca a pôr uma patinha de cada vez na varanda para ver o fogo de artificio...assim que as quatro patinhas estão na varanda e o gato olha curioso para aquele céu de cores, disparam uma rajada de foguetes seguidos, com um barulho infernal até para os humanos, e o gato sai numa corrida desenfreada pelas escadas abaixo, parando apenas no local mais seguro da casa, que para ele é nas cadeiras da cozinha, desde que colocadas debaixo da mesa.
Situação 2, a da dona do gato: ontem a noite foi de trovoada e bem forte. A dona do gato tem medo da trovoada, não gosta dela, vá, amedronta-se. A dona do gato acordou cerca das 2h aflitinha para um xixizinho. Ouviu a trovoada e pensou "vou deixar passar a trovoada e depois vou". Mas como uma bexiga cheia não é coisa que se aguente facilmente, a dona do gato vai num pézinho de cada vez, a contar cada relâmpago, em direcção ao quarto de banho. Assim que vai a entrar no dito, sai um relâmpago gigante, com um trovão de meter medo a qualquer bomba atómica, com direito a coisas a abanar, perda de energia e alarmes de carros a tocar e a dona do gato sai numa corrida desenfreada para p local mais seguro da casa, que para ela, naquele momento, era debaixo dos lençóis.
Se nos fotografassem nestas duas situações, tenho a certeza que não haveria diferença entre cara e focinho. E sim, eu apertei muit, muito o xixi até a trovoada passar...
Quando o narrador, um escritor prematuramente frustrado e hipocondríaco, viaja até Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Coxo, portador de uma bengala, e planeando uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer Vincenzo Gentile, um escritor italiano mais jovem, mais enérgico, e muito pouco sensato, que o convence a ir da Hungria até Itália, onde um famoso produtor de cinema tem uma casa de província no meio de um bosque, escondida de olhares curiosos, e onde passa a temporada de Verão à qual chama, enigmaticamente, de O Bom Inverno. O produtor, Don Metzger, tem duas obsessões: cinema e balões de ar quente. Entre personagens inusitadas, estranhos acontecimentos, e um corpo que o atraiçoa constantemente, o narrador apercebe-se que em casa de Metzger as coisas não são bem o que parecem. Depois de uma noite agitada, aquilo que podia parecer uma comédia transforma-se em tragédia: Metzger é encontrado morto no seu próprio lago. Porém, cada um dos doze presentes tem uma versão diferente dos acontecimentos. Andrés Bosco, um catalão enorme e ameaçador, que constrói os balões de ar quente de Metzger, toma nas suas mãos a tarefa de descobrir o culpado e isola os presentes na casa do bosque. Assustadas, frágeis, e egoístas, as personagens começam a desabar, atraiçoando-se e acusando-se mutuamente, sob a influência do carismático e perigoso Bosco, que desaparece para o interior do bosque, dando início a um cerco. E, um a um, os protagonistas vão ser confrontados com os seus piores medos, num pesadelo assassino que parece só poder terminar quando não sobrar ninguém para contar a história.
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Mais um primeiro livro de um escritor português cuja obra era desconhecida para mim. Confesso que escolho um pouco estes autores pela atribuição dos prémios, especialmente quando se tratam de prémio literário José Saramago. Se Saramago acha que merece um prémio, então merece, com certeza, ser lido.
Quanto a este livro, estava à espera de uma coisa menos thriller e menos tragédia e mais emocional e humano. Ainda assim, e mesmo estando bem longe de um Valter HUgo Mãe ou do José Luis Peixoto (pelo menos neste livro), fica o bichinho de querer conhecer um pouco mais da obra deste autor.
Quem conhece?
passou-me completamente ao lado a polémica da Miley Cyrus, mas nada do que estas miúdas possam fazer para vender, gerar audiência ou ganhar público possam fazer me surpreende. O que realmente me surpreende é o estado da rapariga, que até era gira quando era uma menina inocente e que agora se apresenta com um look completamente despropositado que em nada a favorece e com um corpo escanzelado, onde a magreza chega a incomodar. Isto sim deveria ser notícia e motivo de polémica: até onde é que estas miUdas estão dispostas a ir por um suposto corpo escultral.
Que padrões de beleza são estes? assustador...