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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

«O Jogador», Fiodor Dostoievsky

 

«O Jogador» foi publicado em 1866, ano em que saiu também «Crime e Castigo», volume que inaugurou esta colecção das obras de Fiódor Dostoiévski, sendo também a primeira a ser traduzida directamente do russo. Passado na Alemanha, num ambiente de casinos, Aleksei Ivánovitch destaca-se como figura principal - um jovem com um forte sentido crítico em relação ao mundo que o rodeia, mas carente de objectivos, que descobre em si a paixão compulsiva pelo jogo. Dostoiévski expõe as personagens nas suas motivações mais íntimas, com humor e ironia, criando uma obra simultaneamente viva e profunda, na melhor tradição dostoievskiana. O fascínio torturado dos jogadores adequa-se genialmente ao tratamento de temas caros ao autor, e ainda o descontrolo e o desespero, as paixões que raiam a loucura e a solidão sem perspectivas, além de uma análise social impiedosa, por vezes satírica. O Jogador, uma das obras mais lidas deste autor, tem muito da experiência do próprio Fiódor Dostoiévski, que também foi um jogador compulsivo durante vários anos.

Wook.pt

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   Depois de Kafka, achei que devia dar uma oportunidade a Dostoievsky. Mais um grande escritor clássico e intemporal cuja obra vou querer muito descobrir nos próximos tempos. Comecei por este livro porque era o que tinha cá em casa, mas fiquei bastante curiosa por saltar já para outras obras deste escritor. Definitivamente, estou numa de clássicos, talvez por um pouco de saturação por tantos e tantos anos dedicada à literatura moderna/actual/dos meus tempos. Mas que seria dos escritores de hoje sem estes grandes mestres do passado?

   Quanto ao livro, parece-me claramente autobiográfico e oferece-nos um relato perfeito desse vicío que pode ser o jogo.

Querido Pai Natal #3

Umas patufas! Isso mesmo! Eu prometi que ia ser modesta a partir das excentricidades iniciais. 
Pode ser de qualquer bonequinho, desde que sejam de um bonequinho para lá de fofo e que sejam quentinhas que só elas. 
É isto.

Porque a psicologia não está à mesa do café

   Uma notícia recente dá conta de um projecto de duas psicólogas do Porto que dão "consultas" na mesa do Café Ceuta. É um projecto interessante, sem dúvida, mas que peca por ser criado e realizado por duas psicólogas, que se identificam como tal e que por isso estão ali a fazer trabalho psicológico, por muito que afirmem que não fazem consulta psicológica, mas sim "escuta activa". A ordem dos psicólogos já veio condenar/criticar este projecto e eu tenho de concordar. Num país em que a psicologia é uma ciência tão maltratada e esquecida, acho que este projecto vem reduzir toda a complexidade do trabalho psicológico à mera conversa de mesa de café, que é tudo o que a psicologia não é. 

   Acredito que o facto de não ser realizada em contexto de consultório ajude a quebrar o gelo e a resistência de algumas pessoas, mas também acredito que o ser realizada num local público, com tanta exposição, poderá ter o efeito precisamente contrário, principalmente quando à mesa existe uma placa a dizer "psicóloga". Se tanta gente tem vergonha de consultar um psicólogo ("isso é para malucos"), estar à mesa com um, num locar público, piora um bocadinho as coisas. Acima de tudo tira-lhe a seriedade com que é necessário encarar todo o processo terapêutico, sim, porque é sempre um processo terapêutico, de ajuda, de descoberta, de exploração, de confrontação e nunca uma relação de amizade que se vai construindo à mesa de um café, por mais simpático e confortável que esse café seja. Questiono, por exemplo, como é que as duas partes envolvidas (a psicóloga e o "cliente") lidam e gerem as situações de grande exteriorização de sentimentos que são totalmente expectáveis que aconteçam no verdadeiro trabalho psicológico...como é que a técnica gere, por exemplo, um momento de choro ou desespero, em pleno café? E como é que a pessoa que chora se sentirá ao saber que está no limite da exposição interior com mais ou menos pessoas à sua volta a partilharem desse momento tão pessoal e intímo? 

   Ideia gira, volto a reforçar. Imensa gente precisa de alguém que as ouça. Completamente de acordo. O que está mal é ser realizado por psicólogas que se identificam como tal para praticarem a tal escuta activa. Realizado por outras pessoas, ou por alguém que não colocasse uma placa com "psicóloga" à frente, e aí sim, uma grande ideia. 

Ainda a propósito do dormir emparelhado...

   Têm de concordar comigo que, para quem tem dificuldades em dormir acompanhada, viver situações como esta não ajuda. Vejamos:

   Um hotel quentinho e sossegado no meio de uma região gelada, cerca das 4 da madrugada, ele faz a pergunta da praxe: "Estás a dormir?". Sim, eu ESTAVA a dormir antes de ele perguntar. Não respondi. Recebi um beijinho (durante a noite, não, não mesmo! Por muito bem que saiba acordar com um beijinho, às 4 da manhã perde toda a sua graça) e ele pôs-se a pé. Destino? A garrafa de água que estava do meu lado e a fatia de bolo de chocolate que o Hotel nos tinha deixado no quarto (sim, ele é rato que come bolos de chocolate à noite). Eu a ouvir tudo, acordada, a tentar adormecer novamente a todo o custo e, de repente, "Eiiii, aconteceu aqui um acidente...eeeiiii...". Acende a luz. "Xiiiiii...o bolo está a ser comido por formigas! Olha para isto, tudo cheio de formigas!". Já deitado ainda houve tempo para um "que desconsolo. Fiquei desconsolado. Estou cheio de fome."

   Tenho ou não tenho razão? E não, a culpa não foi das formigas...

Quando uma cama sempre foi para um, não é fácil passar a ser para dois

   Tenho em mim uma característica desde pequena: não gosto de dormir acompanhada. Quando se é menina e principalmente filha única a coisa resolve-se bem e não é problema de maior, mas quando se começa a crescer e a ver bem de perto a possibilidade de partilhar a cama com alguém diariamente este pequeno pormenor ganha dimensões gigantescas. Muitos poderão dizer "é uma questão de hábito", mas o que é certo é que, ainda que não tenha companhia nocturna diária (um gato, pelas dimensões, não conta), as noites em que durmo acompanhada (e sim, é sempre a mesma companhia) são as minhas piores noites. Primeiro porque, que há muito não sei o que é ter dificuldades em adormecer, estou tempos doidos a aguardar a chegada do sono ( e diz ele que falar não ajuda, por isso tenho de estar caladinha, ora de olhos fechados ora de olhos abertos a olhar para a escuridão, a pensar na vida, que é tudo o que eu não gosto de fazer na cama). Segundo porque tenho uma noite pessimamente mal dormida, com despertares constantes e frenéticas mudanças de posição (sim, porque eu sempre fui daquelas que de cada vez que muda de posição desperta), quando eu sou aquela pessoa que só desfaz um cantinho da cama e é mais sossegada a dormir que um urso a hibernar. 
   Eu sei que o defeito é meu, mas pelo sim pelo não já o fui instruindo com regras básicas do meu sono de beleza, que deverá incluir sempre uma leitura pré-dormida e que não pode, de todo, contar com momentos lamechas de "vamos dormir bem agarradinhos" ou "dá cá a tua mão para dormirmos unidos". Comigo na cama para dormir é para dormir e por isso tem de ser cada um no seu espaço saudável de sono, ou seja, cada um no seu canto (vestir um pijama polar é o segredo para ele fugir para o cantinho dele...diz que fico demasiado quente...) e "beijinho e até amanhã". Ele já começa a perceber como é que o meu sono funciona, embora não haja uma noite a dois em que, a meio de um soninho, não desperte com um "estás a dormir?" ao qual nunca respondo verbalmente mas perante o qual o insulto em silêncio. O resto é culpa minha, das minhas rotinas e do meu sono. E esper, sinceramente, que seja mesmo uma questão de habituação, senão antevejo um futuro negro: camas separadas...alguém no sofá...ou muitas olheiras pela manhã!

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