(Re)Encontros com desconhecidos
Durante a nossa vida cruzamo-nos com milhares de pessoas. Falo daqueles "cruzamentos" ocasionais, que nada nos dizem, com pessoas que não conhecemos, com quem não contactamos e que passam tão depressa como surgem. Nas nossas rotinas diárias, por esta vida fora, os nossos passos cruzam-se com os de um número infinito de pessoas de quem nem sabemos sequer a cor do cabelo, mas que a dada altura pisaram o mesmo terreno que nós.
Não sei se é por esta minha veia de observadora nata, tão própria da minha profissão, mas por norma, não estando eu num momento de alheação ou saturação emocional, sou uma pessoa que gosta de reparar nas outras pessoas. Seja numa esplanada, numa praia, num restaurante, numa ida ao supermercado... quase que inconscientemente a minha atenção fixa-se por milésimos de segundos nas pessoas que se cruzam comigo. Não possuindo eu uma capacidade de processamento de informação visual digna de um computador de última geração, a maioria dessas pessoas não fica retida na minha memória nem por um segundo, mas o mundo é mesmo um balão e as nossas vidas acabam por ter rumos que se intersectam e, por vezes, os nossos passos cruzam-se com os mesmos passos de outro alguém mais do que uma vez e eu fico sempre a pensar que a vida tem rumos curiosos. Não sei se já vos aconteceu, mas a mim tem-me acontecido várias vezes encontrar em diferentes lugares as mesmas pessoas. Um exemplo actual e rápido: este ano, no hotel de Porto Santo onde estive, estava uma mesma família que estava de férias no hotel de Cabo Verde onde estive o ano passado e que, curiosamente, assim que os vi os situei de imediato, apesar de nunca ter falado com eles. Quais são as probabilidades de nos cruzarmos com a mesma pessoa, um ano depois, a km de distância? Não só nesta situação de férias, como noutras situações de ver alguém e automaticamente saber que já nos cruzamos com aquela mesma pessoa num outro lugar e que, sabe-se lá como ou porquê, nos recordamos disso...
A verdade é que estas coisas acontecem. É certo que tanto o meu namorado como os meus pais são peritos em encontrar gente conhecido em todo o lado a que vamos, desde os sítios mais expectáveis a locais que ficam a km de distância dos que habitualmente frequentamos, mas reencontrar desconhecidos e lembrarmo-nos deles é um trabalho do destino muito mais aprimorado. Não é coisa que me assuste. Pelo contrário, gosto destas experiências. Não só porque parece quase uma partida do destino, mas também porque me deixa sempre a pensar que o nosso cérebro é realmente fascinante e assustador, pois é capaz de guardar informação tão bem escondida ao ponto de nos surpreender com o nosso próprio conhecimento.
Já vos aconteceu isto?