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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Dia da Solidariedade entre gerações

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   Hoje, Dia da Solidariedade entre Gerações, o Presidente da Républica condecorou instituições que trabalham para coesão social, entre as quais a instituição onde trabalho, com o título de membro honorário da ordem de mérito. 

   Trabalhar numa IPSS há mais de 4 anos deu-me uma nova visão da vida e acima de tudo uma nova forma de estar na vida. É uma realidade diária dura, mas é isso que o torna tão rico e tão apetecível. Quem hoje foi condecorado foram todos aqueles que diariamente dão o melhor de si a quem mais precisa, com o objectivo de marcar a diferença, de fazer a diferença, na vida de alguém, na nossa instituição e em todas as outras que trabalham em prol do outro. E a maior condecoração que estas pessoas, que nós podemos receber, é o sorriso diário daqueles a quem nos dedicamos. 

   Um bem-haja,  um enorme, gigante bem-haja, para todos aqueles que fazem da sua vida uma tentativa diária de fazer a diferenção na vida de alguém. 

«Venenos de deus, remédios do diabo», Mia Couto

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O jovem médico português Sidónio Rosa, perdido de amores pela mulata moçambicana Deolinda, que conheceu em Lisboa num congresso médico, deslocou-se como cooperante para Moçambique em busca da sua amada. Em Vila Cacimba, onde encontra os pais dela, espera pacientemente que ela regresse do estágio que está a frequentar algures. Mas regressará ela algum dia? Entretanto vão-selhe revelando, por entre a névoa que a cobre, os segredos e mistérios, as histórias não contadas de Vila Cacimba — a família dos Sozinhos, Munda e Bartolomeu, o velho marinheiro, o administrador, Suacelência e sua Esposinha, a misteriosa mensageira do vestido cinzento espalhando as flores do esquecimento.

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   Aos poucos e poucos continuo a tentar entrar no universo Mia Couto, sem qualquer critério para a escolha dos livros para além do aspecto "encontrei-o em promoção". É um universo um tanto "mágico" e que nuitas vezes sai dos limites do real, que é talvez o que me está a custar mais a encaixar. Isso e o facto de os seus livros nunca contarem grandes histórias, ao ponto de ao terminar ficar com aquela sensação de ter livro um bom livro, com uma boa história. São sempre diferentes, é certo, mas também me deixam sempre um tipo de vazio que outros livros não deixam, ao ponto de nos questionar-mos "afinal o que se passou aqui?". 

   Este livro não foi excepção. 

Cure-me de sonhar

- Cure-me de sonhar, Doutor.

- Sonhar é uma cura.

- Um sonhadeiro anda por aí, por lonjuras e aventuras, sei lá fazendo o quê e com quem... Não haverá um remédio que me anule o sonho?

(...)

- Todos elogiam o sonho, que é o compensar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar os sonhos.

- Sonhar só o faz ficar mais vivo.

- Para quê? Estou cansado de ficar vivo. Ficar vivo não é viver, Doutor.

Mia Couto, "Venenos de deus, remédios do diabo"

Não. Continua a não ser uma dieta

   Hoje, no intervalo da manhã em mais um dia de formação, uma colega dirigiu-se a mim com um nunca inocente "Está de dieta? Vi-a a comer um iogurte. E está mais magra!". 

   A primeira lamparina que se acendeu no meu cérebro foi "mas desde quando comer um iogurte a meio da manhã é estar de dieta???". Mas depois acenderam-se logo centenas de outras lamparinas, que são as da saturação e da incompreensão misturadas com uma certa "revolta" com esta mania das pessoas acharem que quem se preocupa com a alimentação e gosta de comer, mas comer bem, está obrigatoriamente e eternamente "a fazer dieta". Mais uma vez, é de mudança de mentalidades que falamos aqui, já que as pessoas têm de tal modo enraizadas as ideias de que tudo o que não é artificialmente adoçado, gorduroso, alterado, processado, whatever, não é comida que alimente pessoa normal e que, por isso, nós, os esquisitos andróides que nos preocupamos connosco e optamos (sim, porque, mais uma vez é uma opção e não uma obrigação) por alimentos o mais saudáveis possíveis, somos uns granda malucos com a mania das dietas e que passam muita fome, porque comemos, imagine-se!, iogurtes a meio da manhã!!! 

De facto, o que eu vi a maior parte das pessoas comer a meio da manhã foram bolachas, bolos de arroz, folhados mistos e de chocolate... concordo que neste cenário, ver alguém deliciado com um iogurte, ainda por cima magro! que grande doidice!, é totalmente inovador e esquesitóide. Como eu dizia, são opções e por serem opções e não obrigações, surgem naturalmente em nós, longe de dietas ou preocupações com o peso. Já o disse várias vezes, o que faço e o que como são preocupações com a minha saúde, com o meu bem-estar e não com a minha balança. Satura ouvir constantemente esses comentários de "está a fazer dieta" ou "não come para manter a elegância" - minha gente, eu como! E como muito! Sou completamente incapaz de sentir sequer um início de fome! Estou mais magra, é um facto. Não fiz nada para o estar, é outro facto. Será uma fase, será a correria diária, será a intensidade e o tipo de treino que faço ultimamente... mas não será, NÃO É, garantidamente fome!

Isto cansa. Em pleno século XXI cansa ainda mais. E, acima de tudo, preocupa-me, porque me mostram que a maioria das pessoas continua completamente despreocupada e relaxada com a sua saúde. 

E descansem que eu já estou preparada para amanhã ser chamada de anoréctica quando me virem saborear uma bela cenoura crua a meio da manhã!

Cuidem-se, por favor!

Dia Mundial do Livro

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Diz que os portugueses lêem em média um a dois livros por ano (shame on you!).

Orgulhosamente completamente e totalmente fora da média - um a dois livros sim, mas POR MÊS!!!
Cultivem-se. Eduquem-se. Distraiam-se. Viagem. Surpreendam-se. Apaixonem-se. Com um livro.
Boas leituras!!!!

Para mudar comportamentos é preciso mudar mentalidades

Cinco minutos de gritos e berros representam atenção e energia garantidos por parte dos pais. Meia hora de bom comportamento e sobriedade não rendem tanto. Temos de inverter as coisas e mostrar que os maus (comportamentos) perdem e os bons vencem.

"O grande livro dos medos e das birras", Mário Cordeiro

 

Porque às vezes parece mais fácil desgastarmo-nos a apontar o dedo a uma criança, repreendê-la, gritar com ela, pô-la de castigo... do que estarmos ali para aplaudir os seus bons comportamentos, as suas conquistas, as suas aprendizagens... 

Uma birra é sempre uma chamada de atenção, com ou sem fundamentos, com ou sem justificações, mais ou menos absurda, mas é uma chamada de atenção. Os bons comportamentos não são tão apelativos mas são importantíssimos, pelo que o reforço positivo é fundamental. Dediquem tempo bom às boas coisas das vossas crianças e verão que a Dona Birra acaba por vos visitar menos vezes. 

«D. Amélia», Isabel Stilwell

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Uma rainha não foge, não vira costas ao seu destino, ao seu país. D. Amélia de Orleãs e Bragança era uma mulher marcada pela tragédia quando embarcou, em Outubro de 1910, na Ericeira rumo ao exílio. Essa palavra maldita que tinha marcado a sua família e a sua infância. O povo acolheu-a com vivas, anos antes, quando chegou a Lisboa. Admirou a sua beleza, comentou como era alta e ficou encantado com o casamento de amor a que assistiu na Igreja de São Domingos. A princesa sentia-se uma mulher feliz. Mas cedo começou a sentir o peso da tragédia. O povo que a aclamou agora criticava os seus gestos, mesmo quando eram em prol dos mais desfavorecidos. O marido, aos poucos, afastava-se do seu coração, descobriu-lhe traições e fraquezas e nem o amor dos seus dois filhos conseguiu mitigar a dor. Nos dias mais tristes passava os dedos pelo colar de pérolas que D. Carlos lhe oferecera, 671 pérolas, cada uma símbolo dos momentos felizes que teimava em não esquecer. Isabel Stilwell, autora best-seller de romances históricos, traz-nos a história da última rainha de Portugal. D. Amélia viveu durante 24 anos num país que amou como seu, apesar de nele ter deixado enterrados uma filha prematura que morreu à nascença, o seu primogénito D. Luís Filipe, herdeiro do trono, e o marido D. Carlos assassinados ao pleno Terreiro do Paço a tiro de carabina e pistola. De nada lhe valeu o ramo de rosas que tinha na mão e com o qual tentou afastar o assassino. Outras mortes a perseguiriam... D. Amélia regressou em 1945 a convite de António de Oliveira Salazar com quem mantinha correspondência e por quem tinha uma declarada admiração. Morreu seis anos depois em França, seu país natal, na cama que Columbano havia pintado para ela. Na cabeceira estavam desenhadas as armas dos Bragança.

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   Já aqui disse várias vezes que os romances históricos me enchem as medidas literárias. Este sobre a "nossa" rainha D. Amélia foi assim uma compra impulsiva ao encontrá-lo com 40% desconto e a verdade é que o "passei à frente" de todos os outros livros que tinha para ler. Não me desiludiu e serviu acima de tudo para ficar a conhecer melhor esta figura da nossa história. Sem dúvida, uma das grandes mulheres que Portugal teve. 

Birras de gente crescida...

Os adultos, por exemplo, sofrem diariamente injustiças e deparam-se com frustrações, tendo de as engolir porque as consequências de uma reacção destemperada podem ser desagradáveis. As crianças, talvez se possa dizer "felizmente", não pensam muito para lá do curto prazo, pelo que são mais espontâneas nas suas manifestações - os adultos não podem começar a berrar e a espernear no meio de uma reunião em que o chefe os deita abaixo, ou na fila da repartição, quando os funcionários os desprezam e ignoram os seus direitos. É por isso que, muitas vezes, fazem depois a birra, descarregando a tensão acumulada, em casa, perante a mulher, os idosos ou os filhos no que chega ao limite da "violência doméstica", uma relação de poder perverso que tem a sua origem muito antes dessa forma de explosão... quando toda a gente andava distraída, provavelmente na infância.

Mário Cordeiro, «O grande livro dos medos e das birras»

Fazer a diferença

"Para tudo terás a recompensa de saberes que fizeste a diferença."

(Isabel Stilwell, em "D. Amélia")

   A nossa vida tem de ser pautada por isto: por fazer a diferença. Em tudo. Ou em qualquer coisa. Fazer a diferença. Saber que, de alguma forma, deixamos a nossa marca no mundo, em algo ou em alguém. Saber que não fomos apenas mais um e que tivemos aquele momento em que fomos...especiais. Talvez na nossa vida pessoal seja mais fácil atingirmos estes momentos, já que todos nós somos "especiais" para alguém, seja para os nossos pais, para o nosso companheiro, para os nossos familiares, para os amigos, para o nosso gato... mas é importante ultrapassarmos os limites do nosso lar e marcarmos a diferença na vida de outras pessoas ou em outras áreas da nossa vida. Há sempre um cantinho onde podemos e devemos brilhar. Há sempre uma oportunida, a nossa oportunidade, de fazer a diferença.

   Descubram a vossa.

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