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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

«Flores», Afonso Cruz

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Um homem sofre desmesuradamente com as notícias que lê nos jornais, com todas as tragédias humanas a que assiste. Um dia depara-se com o facto de não se lembrar do seu primeiro beijo, dos jogos de bola nas ruas da aldeia ou de ver uma mulher nua. Outro homem, seu vizinho, passa bem com as desgraças do mundo, mas perde a cabeça quando vê um chapéu pousado no lugar errado. Contudo, talvez por se lembrar bem da magia do primeiro beijo - e constatar o quanto a sua vida se afastou dela - decide ajudar o vizinho a recuperar todas as memórias perdidas. Uma história inquietante sobre a memória e o que resta de nós quando a perdemos.
Um romance comovente sobre o amor e o que este precisa de ser para merecer esse nome.
«Viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias.»

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   Afonso Cruz é um dos melhores escritores da nossa actualidade literária. E se dúvidas faltassem, este seu último livro veio demonstrá-lo mais uma vez. Se há gente que nasceu para escrever diferente e bem, Afonso Cruz é um deles. Mais um livro carregado de sentimentos pesados mas reais. Não ficamos mais bem-dispostos ao lê-lo ("Para onde vão os guarda-chuvas" teve esse dom como nenhum outro), mas ficamos com certeza mais conscientes do que é esta coisa de viver. 

".. já não cabemos na nossa pele"

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 (...) porque nós temos um tamanho, uma proporção, mas por vezes ficamos gigantes, vastos como as searas do sul. A esperança faz-nos crescer, as pernas alongam-se, os cabelos confundem-se com o vento, as unhas das mãos arranham as estrelas mais distantes, já não cabemos na nossa pele.

"Flores", Afonso Cruz

Trrrim, trrrrim...

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Tenho a certeza de que a vida morre com rotina e não com a morte, e que o hábito nos petrifica, um dia olhamo-nos ao espelho e estamos transformados em estátuas (...) 

(...) queremos o conforto da banalidade, daquilo que conhecemos, sentarmo-nos num restaurante e pedir sempre o mesmo bitoque, olhar para a corrupção quotidiana como quem olha uma montra de um pronto-a-vestir, fazer sempre as mesmas maldades, dobrar as camisolas da mesma maneira, votar nos mesmos criminosos, saber que as meias estão na gaveta certa, ignorar a miséria e ter a certeza absoluta de que os chapéus jamais serão pousados em cima da cama. 

(...) A consciência da morte é o que nos desperta dessa morte em que vivemos, que nos diz o que deveríamos ter feito, o que deixámos de fazer, a morte é um despertador que nos acorda para a inevitabilidade dos nossos erros. Trrrrim, trrrim, morreremos em breve, temos de agir, de resistir. Não desistiremos. A solução seria termos todos uma caveira na mesinha-de-cabeceira, como fazem os monges cartuxos, para nos servir de despertador e todos os dias sabermos que temos de acordar, não para viver a rotina fatal do quotidiano, mas a vida apaixonada de alguém que ainda sabe que existem nuvens, céu e beijos. 

"Flores", Afonso Cruz

Mulheres...

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"As mulheres são as primeiras a reparar numa mulher bonita". Ouvi isto na rádio um dia destes e pensei automáticamente: "não podia ser mais verdade!". Mulheres, é ou não é verdade??? Sem pudores, assumo aqui que eu reparo numa mulher bonita e muitas vezes com aquela invejazinha saudável de "arrrggghhhh, que há gente que saiu tão perfeitinha que até é pecado!". Mas se dúvidas houvessem basta pensarmos em duas ou três coisinhas básicas:

1. Quem é que vem nas capas das revistas de moda femininas??? Mulheres bonitas e jeitosas (com mais ou menos photoshop)! E quem é que lê essas revistas??? Nós, mulheres!!! E gostámos? Claro que gostámos!

2. Quem é que vem na capa das revistas ditas de sport life femininas?? Mulheres bonitas e tonificadas. E nós apreciamos e queremos ficar ainda melhor!

3. Somos seguidoras que quantos blogs cujas personagens principais são mulheres bonitas e bem vestidas??? Não dá para contabilizar!!! 

4. Onde nos inspiramos para seguirmos tendências e modas? Em mulheres bonitas e que estão sempre impecáveis quando saem à rua.

5. E porque nem tudo é bom e há que ser sincera e directa, a quem é que nós mais facilmente apontamos o dedo acusador de "vaidosa, exibicionista, atiradiça" e por aí fora (e não vale a pena disfarçar, todas nós já o fizemos)? A mulheres que fogem um pouco dos nossos padrões de "o que é admissível para uma mulher de bem".

6. Quantas de nós já não se aperaltaram um pouquinho mais antes de sair de casa só porque vamos estar com esta ou aquela pessoa, mulher, ou já não pensamos "o que elas vão achar disto?". 

   A mulher vive muito para a mulher e vive muito para agradar outras mulheres e ser vista por outras mulheres. O fenómeno das it girls é uma prova irrefutável disso mesmo. Não são os homens que fazem de algumas mulheres it girls, acreditem! Pessoalmente, não vejo mal nisso. O ser humano precisa de modelos, de quem nos mostre o que faz, como faz e nos motive a fazer tão bem e melhor. Ser mulher é saber olhar para outra mulher e, positiva e saudavelmente pensar "eu também posso ser assim". 

   Apreciem-se mulheres e melhorem-se! 

Histórias com gente dentro

   A desumanidade de alguns humanos é coisa que eu nunca vou ser capaz de compreender, por mais que me esforce e por mais que o meu emprego me ponha à prova e me mostre que nisto das relações humanas tudo é possível. A verdade é que apesar de realmente tudo ser possível, nunca estamos preparados emocionalmente para tudo.

   Apesar de enquanto psicóloga apenas eu já ter uma forte ligação com os meus velhinhos, ser coordenadora veio-me trazer toda uma nova perspectiva e responsabilidade sobre eles. E isto nem sempre é fácil de gerir, especialmente quando gostamos do que fazemos e sentimos que estar ali para eles é realmente algo que nos preenche e realiza. O difícil é saber até onde é que vai a minha responsabilidade e quais os limites do meu envolvimento. O difícil é saber dizer "a minha função termina aqui, porque eles são meus clientes e não meus familiares". O difícil é não tomá-los como meus. E o mais difícil é desligar esse botão do "profissional/pessoal" quando sabemos que quando não estamos, não há mais nada para além do abandono e da solidão. O difícil é saber que se eu e a minha equipa não fizermos um esforço diário que por vezes vai para além do tolerável aquela pessoa passa os dias numa cama gelada, humanamente falando, numa casa sem condições, sem atenção, sem cuidados, sem comer, sem afecto, sem visitas. Duro é eu saber que se eu não estiver lá para chamar o INEM ou os receber quando têm alta hospitalar, mais ninguém está. Duro é saber que os serviços sociais contam mais comigo do que com os filhos. Duro é saber que eu faço mais por eles do que um filho. E verdadeiramente duro é eu ter de repetir diariamente para mim própria "eles não são a minha família". Mas para muitos deles, eu e a minha equipa, somos tudo o que eles têm. 

   Não será isto também uma forma de terrorismo, tão grave como qualquer outra? 

A vida também é isto

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imagem simpaticamente roubada de "às9nomeublog"

     A vida também é isto. A vida é muito isto. Viver é perder. Perder o que muitas vezes nos faz falta e nunca mais vamos recuperar. Mas viver também é deixar ir, deixar para trás. Num caso ou noutro, viver é sobretudo tirar a lição disto e perceber que a felicidade não passa por não perder ou não deixar para trás, porque a vida é sempre curta demais para a (pre)ocuparmos com o não lhe é verdadeiramente essencial, fundamental e importante. Saber deixar para trás é tão importante como sugar todos os momentos bons da vida. Saber o que é para manter e o que mais vale deixar ir é uma das chaves para a felicidade e plenitude. É porque eu sei o que é realmente importante para mim que sou capaz de lidar com as perdas e deixar coisas para trás. E é por isto que eu sei o que é viver. 

   Que a vossa vida seja plena de tudo o que é essencial. 

1Q84 - vol.2, Haruki Murakami

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O Livro 1 revelou a existência do mundo de 1Q84. Algumas perguntas encontraram resposta. Outras permanecem em aberto: Quem é o Povo Pequeno? Como farão esses seres para abrir caminho até ao mundo real? Existirão mesmo?, como sugere Fuka-Eri. Chegarão Aomame e Tengos a reencontrar-se? «Há coisas neste mundo que é melhor nem saber», como diz o sinistro Ushikawa. Em todo o caso, o destino dos heróis de 1Q84 está em marcha. No céu, distinguem-se nitidamente duas luas. Não é uma ilusão. Murakami descreve aqui um universo singular, que absorve, que imita a realidade, e a faz sua. A narrativa decorre em dois mundos que se cruzam, qual deles o mais real e o mais fascinante - o de 1984 e o de 1Q84. A perturbante história de um amor adiado, recortada num cenário marcado pelo desencanto e pela violência. Uma fábula sobre os dilemas do mundo contemporâneo. Murakami retrata o mal-estar da sociedade japonesa que se esconde por debaixo de uma aparente quietude. ___________________________ Começo a gostar de Murakami. O volume 3 já cá canta e quero conhecer o desfecho desta história que tem o seu quê de mistério e fantastico, mas que se lê muito bem.

Recomeçamos

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E isso significa renascer, reconstruir e continuar a acreditar. Significa ir e fazer ainda melhor. Significa não desistir, não baixar os braços, não procurar alvos ou bodes expiatórios. Significa acreditar que continuamos a ser capazes de mais e melhor. E que amanhã é outro dia. Em tudo na vida, não desistimos. Recomeçamos. Fazemos de novo e melhor. Recomeçar. Sempre. E não retaliar. E nunca desistir.

Parabéns

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Se ainda estivesse entre nós faria hoje 93 anos. É por mais anos que passem e escritores bons que surjam irá sempre fazer falta aos livros, às ideias e ao mundo. Há pessoas eternas. Ele é uma delas. Parabéns.

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