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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

«Vozes de Chernobyl», Svetlana Alexievich

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 Vozes de Chernobyl é a mais aclamada obra de Svetlana Alexievich, Premio Nobel de Literatura 2015, tida como o seu trabalho mais duro e impactante.
A 26 de abril de 1986, Chernobyl foi palco do pior desastre nuclear de sempre. As autoridades soviéticas esconderam a gravidade dos factos da população e da comunidade internacional, e tentaram controlar os danos enviando milhares de homens mal equipados e impreparados para o vórtice radioativo em que se transformara a região. O acidente acabou por contaminar quase três quartos da Europa.
Numa prosa pungente e desarmante, Svetlana Alexievich dá voz a centenas de pessoas que viveram a tragédia: desde cidadãos comuns, bombeiros e médicos, que sentiram na pele as violentas consequências do desastre, até as forças do regime soviético que tentaram esconder o ocorrido. Os testemunhos, resultantes de mais de 500 entrevistas realizadas pela autora, são apresentados através de monólogos tecidos entre si com notável sensibilidade, apesar da disparidade e dos fortes contrastes que separam estas vozes.Vozes de Chernobyl é a mais aclamada obra de Svetlana Alexievich, Premio Nobel de Literatura 2015, tida como o seu trabalho mais duro e impactante.
A 26 de abril de 1986, Chernobyl foi palco do pior desastre nuclear de sempre. As autoridades soviéticas esconderam a gravidade dos factos da população e da comunidade internacional, e tentaram controlar os danos enviando milhares de homens mal equipados e impreparados para o vórtice radioativo em que se transformara a região. O acidente acabou por contaminar quase três quartos da Europa.
Numa prosa pungente e desarmante, Svetlana Alexievich dá voz a centenas de pessoas que viveram a tragédia: desde cidadãos comuns, bombeiros e médicos, que sentiram na pele as violentas consequências do desastre, até as forças do regime soviético que tentaram esconder o ocorrido. Os testemunhos, resultantes de mais de 500 entrevistas realizadas pela autora, são apresentados através de monólogos tecidos entre si com notável sensibilidade, apesar da disparidade e dos fortes contrastes que separam estas vozes.

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Este livro não é um livro, é uma partilha e acima de tudo uma lição sobre o lado negro, muito negro, de um dos piores acontecimentos da história. 

Neste livro não há uma história. Há vidas afetadas para sempre, há acontecimentos inexplicáveis, há factos incompreensíveis e há, acima de tudo, segredos, medos, omissões e disfarces que matam. Há tanto que não soubemos, há tanto que não querem que se saiba. Porque Chernobyl não acabou e nunca acabará. 

Svetlana é a Nobel da Literatura mais "diferente" de sempre, mas com certeza a melhor contadora de histórias de sempre, porque são histórias que saem, não da sua cabeça, mas do corpo, da boca e da alma de gente real. 

Bélgica

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Porque às vezes dá vontade de nos enfiarmos debaixo dos cobertores e só sairmos quando tudo passar. O problema é que nem tudo passa. O problema é que o mundo nem sempre é um lugar bonito. O problema é que há tanto nesta vida que nenhuma superpotência, nenhum super-herói, alguma vez será capaz de controlar, prever ou dominar. O problema é que ter fé, seja no que for ou em quem for, às vezes fica muito, muito, difícil. Que descansem em paz. E que um dia possa existir realmente fé num mundo de pessoas melhores.

Chernobyl

"Com esta patologia, a sua filha é de grande interesse para a ciência. Escreva para clínicas estrangeiras. Devem estar interessadas nisso..." E eu escrevo... Escrevo que a cada meia hora é preciso espremer-lhe a urina com as mãos, a urina é excretada através de orifícios pontilhado na região da vagina. Se não o fizer, o único rim deixa de funcionar. Onde existe no mundo uma criança que precise que a urina seja espremida com as mãos a cada meia hora? E quanto tempo é possível aguentar? Não me permito chorar... Não posso chorar... Bato a todas as portas. Escrevo. Aceitem a minha menina, nem que seja para experiências... Para investigações científicas... Consinto que se torne uma cobaia, como uma razinha ou um coelhinho, desde que sobreviva. #Vozes de Chernobyl, Svetlana Alexievich

Simplesmente incompreensível

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"Quando sai do gueto, com os seus muros coroados de lápides, e comecei a caminhar pelas ruas de Cracóvia, fiquei atónito ao verificar que a vida parecia igual ao que era dantes. Era como se eu estivesse num túnel do tempo... Ou como se o gueto fosse noutro planeta. Pasmei para as pessoas limpas e bem vestidas, atarefadas de um lado para o outro. Pareciam tão normais, tão felizes... Não saberiam o que nós tínhamos sofrido, a uns escassos quarteirões de distância? Como podiam não saber? Como podiam não ter feito nada para nos ajudar? Um eléctrico parou e os passageiros embarcaram, alheios à nossa presença. Não manifestaram absolutamente nenhum interesse em quem éramos, para onde íamos ou porquê. Que a nossa miséria, o nosso confinamento e a nossa dor fossem irrelevantes para as suas vidas era simplesmente incompreensível. "

#O rapaz do caixote de madeira#

Porque morrer tem de ser uma opção de vida

   Nunca se falou tanto de eutánasia, de morte digna, do direito de escolhermos morrer. Este sempre foi um tema que me interessou e a minha posição sempre foi clara e direta: SIM, viver também é poder dizer "eu não quero mais", que na realidade se traduz num "eu não aguento mais". Não se trata de banalizar a morte ou desprezar a vida. Não se trata sequer de apoiar qualquer espécie de suicídio (onde aliás a minha posição é também e desde sempre clara e direta: absolutamente e cobardemente errado). Trata-se de tornar a vida uma vida que pode ser vivida até ao fim. Uma vida que é vida e que desagua sempre e inevitavelmente na morte, mais ou menos dolorosa, mais ou menos morosa. Mas uma vida que deixou de ser vida não é uma vida que mereça ser vivida. Uma vida de sofrimento físico, de dor que nem os melhores avanços da medicina conseguem aliviar, uma vida em que tudo o que deveria ser natural e automático em nós é assistido, uma vida destas já não é vida. Já não é nada e ainda nos arriscamos a que anule e apague tudo aquilo que antes foi vida em nós. 

   Acerca deste assunto ouvi alguém dizer que o velho cliché do "só quem passa por isto é que compreende". No caso, uma mãe cujo filho de 15 anos, diagnosticado com um tumor cerebral severo, disse um dia "não quero mais quimioterapia, por favor, deixem-me partir". A sua vontade foi respeitada e o jovem morreu ao fim de vários dias de dores insuportáveis, mas provavelmente com alguma paz na alma por a sua vontade ter sido respeitada. Não estamos aqui a falar de eutanásia pura, mas não teria este jovem direito a ter partido sem passar pelo sofrimento desumano por que passou? Só quem passa por isto...

   Eu nunca passei por isto nem por nada semelhante. Mas, profissionalmente, já vi muita coisa. Já vi muito sofrimento. Já vi muitas vidas que há muito deixaram de o ser. Já ouvi muitas vezes "por favor Senhor, leva-me". Tenho neste momento um utente de pouco mais de 40 anos, seropositivo, acamado há vários anos, cujo corpo está literalmente a apodrecer, sujeito a dores atrozes, com uma mente dolorosamente consciente, que repete incansavelmente "Leva-me. Leva-me". Até quando é que vamos ter de esperar pela intervenção do divino para acabar com o sofrimento humano? Até quando vamos continuar a proclamar o prolongamento de existências que já não são nem nunca mais serão vidas humanas, vendendo a ideia de que os nossos cuidados de saúde têm resposta para tudo e que toda a gente parte serena e calmamente? Até quando é que vamos continuar a ser prisioneiros da doença? 

   Não sou a favor da banalização da eutanásia. Não concordo que seja a resposta para todos os males. Não concordo que seja permitida em todos os casos que manifestem essa vontade. Não concordo sequer que esta seja aplicada em casos de sofrimento psicológico supostamente insuportável, como em alguns países é permitida. Concordo sim que, quando devidamente estudada, fundamentada, justificada e consciente, morrer seja uma opção de vida, porque há casos em que a morte é a única, a única, forma de uma vida ser uma vida digna. 

 

«O Rapaz do Caixote de Madeira», Leon Leyson

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Leon Leyson tinha apenas dez anos quando os nazis invadiram a Polónia em 1939 e a sua família foi forçada a viver no gueto de Cracóvia. Neste seu livro de memórias, Leon começa por nos descrever uma infância feliz, na sua aldeia natal e felizmente para a família, o seu caminho cruzar-se-ia com o de Oskar Schindler que os incluiu na célebre lista dos trabalhadores da sua fábrica. Na altura com apenas 13 anos, Leon era tão pequeno que tinha de subir para cima de um caixote de madeira para chegar aos comandos das máquinas. Ao longo desta história, que reproduz com autenticidade o ponto de vista de uma criança, Leon Leyson deixa-nos entrever, no meio do horror que todos os dias enfrentavam, a coragem, a astúcia e o amor que foram necessários para poderem sobreviver.

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   Desconhecia este livro, mas numa visita à Fnac encontrei-o em destaque, aparentemente na categoria Fnac Kids, como um dos "100 livros que crescem contigo". A verdade é que todos nós crescemos um pouco mais a ler livros destes, tão bons para crianças como para adultos sedentos de conhecimento daquela que foi, muito provavelmente, uma das piores realidades da história da humanidade. Sendo eu uma apaixonada por tudo quanto se relaciona com o Holocausto, este pequeno livro dá-nos a conhecer um pouco mais desta duríssima realidade e deixa-nos mais uma vez a questionar até onde é que podem ir as atrocidades humanas. 

 

 

Eu sou mulher!!!

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I am woman, hear me roar In numbers too big to ignore And I know too much to go back an' pretend 'cause I've heard it all before And I've been down there on the floor No one's ever gonna keep me down again. Oh yes I am wise But it's wisdom born of pain Yes, I've paid the price But look how much I gained If I have to, I can do anything I am strong (strong) I am invincible (invincible) I am woman

O amor depois do amor

   Nuno Markl e Ana Galvão vão se separar. O que é isto me interessa, perguntam vocês e muito bem. Pouco ou nada. É a vida deles, é a decisão deles, são mais um dos muitos casais que um dia percebem que, afinal, acabou. 

   O que me chamou a atenção nesta história foram as palavras dos próprios relativamente a este fim de história. Que afinal nem será um fim de história. 

"Nestes oito incríveis anos, fizemos das nossas diferenças união, rimo-nos das mesmas coisas, lemos frequentemente o pensamento um do outro. Talvez por isso tenhamos conseguido perceber que, a dada altura, pode acontecer que aquilo que nos separa, acabe por, de facto, nos separar. E sentimos que a nossa relação era preciosa demais para ser sepultada nas infelizmente habituais muralhas de não-comunicação em que tantos casamentos descambam. É uma decisão dos dois. Desculpem, senhores da imprensa cor-de-rosa: não houve discussões, não houve acontecimentos mirabolantes. Apenas o final de uma história de duas pessoas que sempre se respeitaram, continuam a respeitar-se a admirar-se mutuamente.(...) Que nunca se acabe a comunicação entre quem ama. Mesmo quando o amor acaba. Ou se transforma noutra coisa."

  Ora a isto eu só consigo chamar amor. Amor puro. E uma enorme maturidade e inteligência emocional que só pode existir em pessoas que realmente sabem o que querem e o que sentem. Porque isto também pode ser um happy ending. Porque isto é amor. É o amor. Construído a dois, vivido a dois; amor que foram alimentando e que um dia perceberam que deixou de fazer sentido daquela forma que anteriormente fazia. Para quê discutir, para quê barafustar, para quê dramatizar? Porque não tomar apenas consciência e assumir que o amor é eterno, sim, mas muitas vezes deixa de fazer sentido a dois, com aqueles dois? E é nessa altura que ele deve demonstrar toda a sua força, em palavras como estas, em finais como estes. 

 Todos os amores deviam ser assim. Vividos enquanto fazem sentido e transformados noutra coisa, igualmente boa, igualmente eterna, quando deixam de fazer sentido. Provavelmente há sofrimento na mesma, e tem de o haver, mas com certeza também haverá muita paz de alma e de coração para seguirem em frente, com respeito, com amor e com um filho traquilizado. E felizes. 

   Porque as boas palavras nunca são demais: 

Que nunca se acabe a comunicação entre quem ama. Mesmo quando o amor acaba. Ou se transforma noutra coisa."

 

«A História Secreta», Donna Tartt

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Um grupo de estudantes inteligentes, excêntricos e rebeldes de uma escola em Nova Inglaterra frequentada por alunos oriundos da nata da sociedade norte-americana, sob a influência de um carismático professor de Estudos Clássicos, descobre um novo modo de pensar e viver, totalmente diferente do resto dos colegas.
Só que, quando os limites da normalidade moral são ultrapassados, as suas vidas alteram-se totalmente e para eles torna-se tão fácil viver como matar…

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   Adorei o "Pintassilgo", por isso não podia passar muito tempo sem ler também este livro. Não sendo tão bom, confirma-se que Donna Tartt é uma excelente contadora de histórias, que nos deixa a cada página com aquela sensação que estamos quase que num filme de tão bem que o enredo se encaixa e nos prende. Este livro tem um cheirinho de "O clube dos poetas mortos", talvez apenas por se centrar num grupo de alunos especiais e existir um professor diferente, mas por diversas vezes senti esse toque do passado. Não é, claramente, tão emocional e humano como o Pintassilgo, mas sabe bem. Soube-me mesmo bem.