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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Chernobyl, 30 anos

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Comparam constantemente com a guerra. Mas a guerra...Dá para compreedê-la... O meu pai contou-me da guerra, li em livros...Ora, neste caso? Da nossa aldeia restam três cemitérios: no primeiro, que já é antigo, jazem pessoas, no segundo, cães e gatos baleados, que deixámos para trás, no terceiro, as nossas casas.

Até as nossas casas foram sepultadas...

"Vozes de Chernobyl", Svetlana Alexievich

 

Porque no mundo e dos homens há muito que nunca chegaremos a compreender. Que fique a lição. Que descansem em paz. 

«Mataram a Cotovia», Harper Lee

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   Vencedor de um prémio Pulitzer, este é o livro mais conhecido de Harper Lee. Depois de ter lido "Vai e põe uma sentinela", de que gostei, fiquei com curiosidade para este. Com as mesmas personagens e a mesma temática, os dois livros centram-se sobretudo na luta dos negros pela afirmação e liberdade. 

   Não considero este um grande livro. Julgo que o mais recente é até superior a este. Acho que lhe falta uma grande história, já que personagens fortes tem, mas o enredo perde-se um pouco e no final deixa aquela sensação de "só isto?", porque quando as páginas começam a ficar realmente interessantes não há mais para ler. 

   As leituras continuam e já a meio do eleito seguinte!

Nada e vazio...

   Ontem acordei demasiado cedo, até para quem salta sempre cedo da cama ao sábado para ir treinar. Ainda não eram 7h e já estava mais que desperta (ah e tal, o fim-de-semana, finalmente vou poder dormir até mais tarde...esqueçam lá isso). Tentei ficar na cama, não fosse o sono voltar. Ao fim de 15min já estava com os meus níveis de ansiedade no máximo e foi então que dei por mim a pensar na dura realidade daqueles que, por doença, por obrigação, passam os seus dias e as suas noites na cama, muitas vezes sem qualquer distração, uma televisão, uma visita, o que quer que seja. 

   Ontem, pela minha cabeça, naqueles 15/20 minutos, passou tanta coisa...o que passará pela cabeça de alguém para quem há anos tem na cama a sua vida, a sua realidade? Será que lhe podemos chamar realmente vida? Qual é a força que os mantém, que os faz aguentar aquilo? 

   Ao longo do meu percurso profissional conheci diversos casos destes. Pessoas acamadas há anos, algumas completamente alheias ao mundo à volta e outras totalmente conscientes do mundo, da sua situação e da inevitabilidade da mesma. O que nos segura à vida quando tudo o que temos é aquilo e aquilo é pura e simplesmente nada e vazio? 

   São guerreiros, só podem ser guerreiros...

«A improvável viagem de Harold Fry», Rachel Joyce

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Para Harold Fry os dias são todos iguais. Nada acontece na pequena aldeia onde vive com a mulher Maureen, que se irrita com quase tudo o que ele faz. Até que uma carta vem mudar tudo: Queenie Hennessy, uma amiga de longa data que não vê há vinte anos, e que está agora doente numa casa de saúde, decide dar notícias. Harold responde-lhe rapidamente e sai para colocar a carta no marco do correio. No entanto, está longe de imaginar que este curto percurso terminará mil quilómetros e 87 dias depois. E assim começa esta improvável viagem de Harold Fry. Uma viagem que vai alterar a sua vida, que o fará descobrir os seus verdadeiros anseios há tanto adormecidos e sobretudo vai ajudá-lo a exorcizar os seus fantasmas.

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   Quando este livro foi publicado deixou-me curiosa. Foi adiando a sua compra até o ver em promoção. Era a oportunidade de satisfazer a minha curiosidade. Tenho de admitir que me desiludiu um pouco. É certo que não é o tipo de história que me prenda e me agrade logo à partida, mas a forma como está escrita e como se desenvolve não ajuda. Há ali alguma pretensão de lições de moral e livro de "autoajuda" que não me agradaram e a história deixa um bocadinho a desejar. 

   A curiosidade foi desfeita, mas não satisfeita. Que venha o próximo. 

Intolerente vs Exigente

   Em muitas situações do dia-a-dia dei por mim a pensar, naqueles momentos de reflexão e auto-análise depois da tempestade passar, se serei uma pessoa pouco tolerante, o que me assusta... mas misturando todas essas situações e analisando-as e analisando-me com toda a calma e racionalidade que a distância nos dá, não é uma questão de tolerância ou falta dela, é, isso sim, uma questão de exigência. Talvez eu seja uma pessoa demasiado exigente, com as outras pessoas, com os comportamentos, com as situações... Coloco nos outros e na vida os mesmos padrões de exigência que coloco a mim: o máximo! E é isso que, por vezes, me dificulta o lidar com tudo e todos que estejam abaixo desses padrões. 

   Em minha defesa devo dizer que sou uma pessoa compreensiva, calma, que ouve os outros e tenta sempre perceber o porquê de cada situação, mas quando as coisas correm menos bem a minha sirene dispara e a vida complica-se. Falta de responsabilidade, incompetência, falhas recorrentes e repetitivas, falta de dedicação, desmazelo, pouco envolvimento, falta de educação... tudo isto me faz muita, muita comichão interior e deixa-me num estado de ebulição perigoso. E eu sei que não somos todos iguais, que ninguém é perfeito, que eu também erro e tenho milhentos defeitos e falhas...eu sei isso tudo, mas... 

   Porque não assumimos todos como lema de vida a célebre frase de Fernando Pessoa: "põe quanto és no mínimo que fazes" e nos esforçamos por fazermos bem e diferente? Pelo menos podiamos tentar, sim?