Em muitas situações do dia-a-dia dei por mim a pensar, naqueles momentos de reflexão e auto-análise depois da tempestade passar, se serei uma pessoa pouco tolerante, o que me assusta... mas misturando todas essas situações e analisando-as e analisando-me com toda a calma e racionalidade que a distância nos dá, não é uma questão de tolerância ou falta dela, é, isso sim, uma questão de exigência. Talvez eu seja uma pessoa demasiado exigente, com as outras pessoas, com os comportamentos, com as situações... Coloco nos outros e na vida os mesmos padrões de exigência que coloco a mim: o máximo! E é isso que, por vezes, me dificulta o lidar com tudo e todos que estejam abaixo desses padrões.
Em minha defesa devo dizer que sou uma pessoa compreensiva, calma, que ouve os outros e tenta sempre perceber o porquê de cada situação, mas quando as coisas correm menos bem a minha sirene dispara e a vida complica-se. Falta de responsabilidade, incompetência, falhas recorrentes e repetitivas, falta de dedicação, desmazelo, pouco envolvimento, falta de educação... tudo isto me faz muita, muita comichão interior e deixa-me num estado de ebulição perigoso. E eu sei que não somos todos iguais, que ninguém é perfeito, que eu também erro e tenho milhentos defeitos e falhas...eu sei isso tudo, mas...
Porque não assumimos todos como lema de vida a célebre frase de Fernando Pessoa: "põe quanto és no mínimo que fazes" e nos esforçamos por fazermos bem e diferente? Pelo menos podiamos tentar, sim?