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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Sê grato

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Sê grato. Pela vida. Sobretudo pela vida. Pelas conquistas, pelas vitórias, pelas ambições concretizadas, pelos momentos felizes, pelas surpresas, pelas alegrias, pelas viagens, pelas descobertas, pelas leituras, pelas músicas que nos arrebatam a alma ou nos fervilham no corpo, pelas pessoas que conhecemos, pelas pessoas que ficam, pela saúde, pelo trabalho, pelos desafios, pelos sorrisos, por todos os sorrisos. Mas também pelas derrotas, pelas desilusões que viram lições, pelos momentos menos bons que ensinam, pela raiva que nos move, pelas lágrimas, pela revolta, pela perda, pelos dias sem cor que se arrastam sem sentido... Sê grato. Todos os dias. Pela vida. Sobretudo pela vida. #diamundialdagratidão

Então o que tens andado a ler?

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Deixando o marido em Florença, Elena volta a Nápoles para viver com Nino Sarratore, esperando que este se separe da mulher. É agora uma escritora reconhecida e procura escapar ao ambiente conflituoso do bairro onde cresceu e a sua família continua a viver. Evita encontrar Lila. Mas as duas amigas de infância não conseguem manter-se distantes e acabam mesmo por engravidar ao mesmo tempo, o que lhes permite reencontrar, por algum tempo, a passada cumplicidade.

 

Momento literário de infelicidade: acabei a tetralogia da Ferrante! Que maravilha de livros! Haverá alguém capaz de não os ter adorado? Haverá alguém que não acredite que a Lina e a Lenu se tornaram personagens literárias imortais que todos nós adoramos? 

Dos quatro volumes, talvez o terceiro tenha sido aquele que considerei menos fantástico, mas estamos perante uma grande obra. Ve realmente a pena cada página!

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Como é que enfrentamos o envelhecimento das pessoas que amamos? Apesar de trabalhar há anos como cirurgião, Atul Gawande só se apercebeu até que ponto estava mal preparado para lidar com a morte quando foi confrontado com a decadência do pai. Estaria o pai disposto a viver até onde fosse medicamente possível? Ou só enquanto tivesse qualidade de vida? E em casa ou num lar? O que era realmente importante? As respostas, não lhe eram dadas por uma ciência cada vez mais desumanizada. A medicina, com todos os extraordinários progressos tecnológicos, tem vindo a centrar-se cada vez mais em (apenas) manter os pacientes vivos. O coração falha? Há cirurgias, próteses e transplantes. O resto pouco importa. Na pior das hipóteses o paciente volta ao bloco operatório para nova intervenção. Esquecida fica assim a vida nos intervalos das consultas e cirurgias. No entanto, conforme defende Gawande, devemos encarar a medicina como uma forma de prolongar a qualidade de vida. Existem geriatras, lares, hospitais, unidades de cuidados paliativos que oferecem aos pacientes dignidade, auto-estima, autonomia. Provam que o fim pode ser (re)escrito de outra maneira – muito mais feliz. Leitura obrigatória para quem envelhece ou testemunha a velhice, "Ser Mortal" é o melhor e mais pessoal livro de Atul Gawande. Filosófico por vezes, comovente quase sempre, é a corajosa narrativa de um médico que conhece os limites da ciência, mas também o modo como ela nos pode servir melhor.

 

Um livro não sobre a morte, mas sim sobre o que antecede a morte e a melhor forma de nos prepararmos para ela. Absolutamente obrigatório para todos os profissionais de saúde, para todos os que trabalham com pessoas em final de vida e para todos nós, seres mortais. 

 

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Durante o dia, Judith Rashleigh trabalha numa prestigiada leiloeira de Londres. Ambiciona uma carreira no mundo da arte e, apesar das origens humildes, tornou-se uma mulher sofisticada.
Para fazer face às despesas, aceita trabalhar durante a noite como acompanhante num dos bares da capital. Mas depressa o sonho de uma vida luxuosa se desmorona.
Desesperada, acompanha um dos clientes do bar numa viagem. Após um acontecimento que marca o seu destino, Judith envereda por um caminho violento e tortuoso. Assistimos à ascensão de uma mulher à margem da lei e da moral, segura do seu rumo.
Mas mais do que possível, será a redenção desejável?
Maestra de L.S. Hilton é o thriller mais chocante do ano.

 

Este foi leitura de férias e ainda bem que o guardei para essa altura, pois não faz de todo o meu género. Pareceu-me uma mistura de thriller com 50 sombras de Grey, mas que deixa muito a desejar. Estava a contar com algo dentro do género de "A viúva", que li nas férias de Julho, ou de "A rapariga no comboio", mas ambos são bem melhores que esta Maestra. 

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À primeira vista, Ove é o homem mais rabugento do mundo. Sempre foi assim, mas piorou desde a morte da mulher, que ele adorava. Agora que foi despedido, Ove decide suicidar-se.
Mal sabe ele as peripécias em que se vai meter.
Um jovem casal recém-chegado destrói-lhe a caixa de correio, o seu amigo mais antigo está prestes a ser internado a contragosto num lar, e um gato vadio dá-se a conhecer.
Ove vê-se obrigado a adiar o fim para ajudar a resolver, muito contrariado, uma série de pequenas e grandes crises.
Um Homem Chamado Ove é um livro simultaneamente hilariante e encantador. Fala-nos deamizades inesperadas e do impacto profundo que podemos ter na vida dos outros.

 

Segunda leitura de férias. Não sei porque o comprei. Talvez tenha sido o fato de existir um gato no livro. Estava com receio que entrasse na onda da "auto-ajuda", mas conseguiu ficar longe disso (embora sem fugir completamente). E eu fiquei a adorar o Ove, não só porque adoro velhos rezingões, mas sobretudo porque com o mau feitio que tenho, também eu serei sem qualquer dúvida, uma velha bem mais rezingona que o Ove. 

Leitura levezinha, que nos prende, com momentos de humor. Boa escolha para férias. 

Descobri também que foi realizado um filme baseado neste livro que estou muito curiosa para ver. 

 

Viver

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VIVER* [É estar com quem a gente gosta. É trocar mensagens. É viajar por entre cidades e abraços. É um festival de música. É a sensação de fazer valer cada segundo. É quando a gente aprende a existir do jeito certo. É criar passados, viver presentes e inspirar futuros. É não sentir em vão.] *produto com prazo de validade. Aproveite. #João Doederlein

Assim fácil, sorrisos

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Tudo na vida precisa de vez em quando de uma mudança (e logo eu que detesto rotinas!). Há vários meses que olhava para o meu centro de dia e não gostava do que via. A frase "preciso de mudar isto" não me saía da cabeça. Resolvi partilhá-lo com a minha equipa que automaticamente concordou comigo e se disponibilizou para me ajudar. Assim, ontem pusemos mãos à obra e mudamos totalmente a disposição e decoração do interior do nosso centro. Saímos de lá todas mais leves e satisfeitas. Mas o importante era a reação que hoje os meus velhinhos iam ter à mudança. Confesso que tinha algum receio, não só porque conheço bem o grupo que tenho, mas principalmente porque todo o idoso é avesso à mudança. Um a um foram chegando hoje e eu corria sempre para a sala para lhes avaliar a reação. Contra todas as minhas expectativas, todos adoraram!!! Entre "parece outra casa", "isto até cresceu", ou "só podia ser ideia sua" ou "a doutora não sabe estar parada", também houve espaço para "obrigada por se preocupar connosco" e todos, todos sem excepção me disseram o mesmo "fez bem doutora, quem muda Deus ajuda". Não sei se foi da simples mudança de disposição e decoração, mas hoje foi de longe dos dias mais animados que passamos naquele centro no último ano. Eles cantaram, dançaram, riram, gritaram, deram sugestões, não se chatearam com as mudanças de lugares e nem televisão quiseram ver. Eu não sei se realmente "quem muda Deus ajuda", mas sei que mais uma vez percebi que é preciso tão pouco para fazer alguém feliz. Sei que hoje passei o dia de coração cheio e sorriso rasgado. Sei que foi dos maiores boosts de energia e motivação que podia receber. E sei que por eles, pelos sorrisos deles e pelo brilho nos olhares tão apagados pela vida, valeu a pena. Valeu tanto a pena!

Karma

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"Não me preocupo com o futuro. Os japoneses têm a palavra karma. Significa: se é para acontecer, não há nada que eu possa fazer para impedir. Sei que o meu tempo é limitado. E daí? Tive uma boa vida."

Mais do que viver no presente e o presente, temos de ser capazes de viver o que a vida nos dá agora, sem anseios, medos e preocupação relativamente ao que o futuro nos reserva. Não é fácil. Não é. Cada vez é menos fácil até. Mas são estes medos e ansiedades que nos tiram a alegria do imediato e a capacidade de apreciar cada bocadinho desta nossa passagem por cá. É viver que conta. É viver que interessa. Viver vida com vida, cheia de vida e plena de vida (e isso também significa viver uma vida que às vezes nos surpreende e põe à prova). Para quando o fim estiver perto, e se tivermos tempo para pensar nisso, podermos dizer que vivemos. Não passamos pela vida. Vivemos a vida. Boa semana!

1 de Setembro de 2016 - um ano depois

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Há um ano atrás iniciei uma nova fase da minha vida profissional. Fui com medo, fui. Fui ansiosa, fui. Fui até algo desiludida e desanimada. Mas fui. Iria assumir a coordenação de um dos nossos centros sociais e isso assustou-me. Se a organização e responsabilidade são o meu forte, mandar não é para mim, não precisava de experimentar para confirmar. Mas experimentei. E rapidamente percebi que para correr bem ia ter de me entregar aquilo de corpo e alma, caso contrário tinha tudo para correr mal, pois iria-me me desiludir comigo acima de tudo. Era o único caminho. Foi o melhor caminho. Em pouco tempo as minhas expectativas foram superadas. Como em tudo na vida entreguei-me às minhas funções, à minha equipa e aos meus idosos, mas acima de tudo conquistei a vontade de "já que aqui estou vou deixar a minha marca". E assim tem sido ao longo deste ano. Tive momentos complicados, tive dificuldades, tive muitas desilusões, tive períodos em que a vontade de desistir foi gigante e assustadora. Tive. Mas tive sobretudo momentos felizes, de conquistas, objectivos cumpridos, sucessos e afetos, muitos afetos. Alimentei-me deles sempre que precisei e o barco continua a navegar. Um ano a liderar uma equipa. O tempo suficiente para confirmar que detesto dar ordens e perceber que "leading by example" é a única forma de liderar que conheço. Porque dizer "vão por ali" pode até ser mais simples e menos desgastante, mas "VAMOS por ali" parece me um caminho mais enriquecedor e, no final, mais positivo. Se eu e a minha equipa ultrapassamos os momentos difíceis foi porque fomos juntas; foi porque deixei o meu porto seguro hierarquicamente revestido para me fazer ao terreno de guerra; fomos juntas, comigo a orientar mas a lutar junto delas. Nunca serei a pessoa nascida para mandar, mas um dia de cada vez vou continuar a aprender e a crescer. Entretanto VAMOS continuar a dar apenas o melhor que temos e sabemos. Por nós e por aqueles que precisam de nós, porque no final de cada dia o que conta é a certeza de que estivemos presentes na vida de alguém que precisou.