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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Em Portugal, hoje, faz-se o culto da morte

 

   Como manda a tradição hoje Portugal foi em peso aos cemitérios. Contra isso, nada, que cada um sabe da sua vida e das suas formas de lidar com a morte. Só acho que, como muito mais, também este dia se comercializou, se banalizou e agora temos um verdadeiro "espectáculo", entre a melhor flor, a melhor indumentária para se ir "visitar" os entes que já partiram, a melhor campa...ou, quem sabe, a melhor e maior tristeza. Eu, que moro bem perto de um cemitério, pude testemunhar in loco a agitação que este dia traz. E a verdadeira palhaçada em que isto se transformou. Desculpem a agressividade de palavras, mas quem raio é que se lembro de estacionar uma grande rulote a vender farturas e suas amigas bem em frente ao portão do cemitério? Ah! Talvez os mesmos que se lembram de vir vender os bolos teixeira e as regueifinhas e as cavacas e toda a parafernália de doces tradicionais, não para o portão, porque esse já está ocupado, mas uns 5 metros mais acima. Digam-me, por favor, que isto só acontece na minha freguesia! Caso contrário, estou realmente desiludida com o povo português.

  

   Talvez estejamos todos a tentar fugir desta vida que não está nada fácil. Talvez não sejamos capazes de deixar partir. Ou talvez, simplesmente, não saibamos como lidar com a morte, que nos mostra que somos finitos, totalmente e inevitavelmente, finitos. Mas, para mim, esta não é, de todo, a melhor forma de estar "por cá", orgulhando os que estão "por lá".

 

   Eu não vou ao cemitério. Não tenho motivos para o fazer. Os que partiram, já o fizeram há muito, muito tempo. Mas no dia em que um cemitério for a moradia de alguém que me é (porque vai sempre ser; a morte não acaba com os sentimentos) muito querido, não vou ter problemas em o visitar. Em qualquer dia. Sempre que o coração o pedir. Não religiosamente. Não enquanto rotina. Não para não deixar morrer a sua memória. Apenas porque sim. Em qualquer dia, menos num em que possa dar com a cabeça numa rulote de farturas.

  

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