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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Todos os dias

   Todos os dias sou recebida calorosamente. Há gritos de alegria, correria ao meu encontro, sou agarrada por todos os lados e os esforços para não ir parar ao chão, juntamente com três ou quatro pirralhos, são árduos. Todos os dias levanto a voz para algum deles, quase todos os dias ameaço com castigos e muitas vezes as ameaças concretizam-se (sim ,já me chamaram ditadora, mas não é fácil manter a ordem em 20 crianças). Ainda assim, todos os dias sou elogiada. Todos os dias me dizem "Está tão bonita". Todos os dias me mexem nos caracóis. Todos os dias me abraçam enquanto falam comigo. Todos os dias recebo um beijo de alguém que vai de propósito à sala. Todos os dias me contam as suas histórias e me pedem para contar as minhas histórias.

   Aquelas crianças que eu não consigo compreender e que me fazem a cabeça num oito, são as mesmas que fazem uma análise pormenorizada a cada uma das minhas roupas. São as mesmas que sabem que "aqueles sapatos castanhos clarinhos com umas coisinhas à frente são os que têm os saltos mais altos". São as mesmas que deliram quando uso uma trança ao lado e me pedem para lhes fazer uma igual. São as mesmas que pedem para se sentarem no meu colo e lutam por ele como por água para beber. São as mesmas que depois do beijinho de recepção gritam "Senta-se ao meu lado". São as mesmas que, sempre que lhes toco ou abraço, gritam de alegria e chamam todos para ver. E são as mesmas que, quando não estou, perguntam porque não estou e quando chego.

   São pestes. São crianças que não sabem ser crianças. Mas conservam alguma inocência pura que as faz entregarem-se a todos os que lhe dedicam algum do seu tempo.

   O que elas não sabem é que também eu aprendo algo com elas todos os dias. Aprendo, principalmente, a lidar com crianças e a gostar delas. Era fundamental para o meu crescimento pessoal. Por tudo isso e por tudo o que me dão, não poderia deixar de lhes estar grata.

 

(Quantas vezes me irão ouvir falar assim de pestes de metro e dez? Não, não estou convertida, nem rendida! Não sou assim tão fácil de vergar!)

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