Na solidão da velhice
«A velhice extrema, pensei, ou é uma decadência sem sentido ou uma inconsciência sem explicação. Eis um homem que viu morrer ou desaparecer quase todos à sua volta; que sabe que vai morrer em breve; que vive sozinho numa terra onde já ninguém mais vive e que tem, como companhias mais próximas de um ser humano, um cachorro, as galinhas que cria para matar quando precisa de comer, um porco e um peru qye engorda paras as minhas visitas. E, todavia, está preso às notícias de um mundo que desconhece, onde jamais viverá e que não deve fazer sentido algum para ele!»
"Madrugada suja", Miguel Sousa Tavares