Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Dos radicalismos fora de moda no século XXI

   Por motivos profissionais, iniciei este mês uma formação na área da igualdade de género. Fui para lá extremamente motivada, já que me pareceu um tema interessante e totalmente desconhecido para mim do ponto de vista formativo. Ao fim de 3 sessões de formação já estou completamente desmotivada e desiludida, não tanto pelo tema, mas pela forma como este está a ser abordado. O que nós temos ali é uma clara acção dos movimentos feministas cujas ideias e princípios estão completamente desactualizadas e desadequadas. Reunido o grupo ideal, 100% feminino, temos ali um claro ataque ao sexo/género masculino que já está mais do que fora de moda. Pior que isso é que começamos a cair em radicalismos estúpidos e na nítida mania da perseguição, considerando que o mundo é completamente anti-mulher e que, no século XXI, continuamos a ser desprezadas e humilhadas em todas as esferas da sociedade. Caímos no ridiculo de realizar actividades como a de procurar em revistas e jornais actuais sinais evidentes do desprezo/diminuição/humilhação da mulher na sociedade (por exemplo na publicidade, nas próprias notícias publicadas ou, imagine-se!, nos cátalogos dos brinquedos) e a oerder mais de meia hora a discutir se o uso do masculino generalizador, como por exemplo em "Exmos. Srs" quando também se dirigem a senhoras ou "os nossos filhos" quando também existem filhas, é ou não redutor da importância da mulher.

   Eu, que em tudo na vida não sou de radicalismos e extremos, não me identifico com estas correntes e modos de pensar e ver a vida e as pessoas. Acho que, como numa grande maioria das situações, tudo é relativo e dependente das pessoas (há homens e Homens, assim como há mulheres e Mulheres, assim como há pessoas e Pessoas) que qeum adopta discursos tão acusatórios em relação aos homens e se consegue sentir menosprezada com ninharias só pode ter uma veia de frustração muito apurada e muita pouca realização pessoal, para além de estar provavelmente a conviver com gente pouco gente, ou a quem simplesmente não dá oportunidade. Sim, porque este sim é um grande problema das mulheres: vivemos tantos anos na sombra (inegável) e recalcadas por eles (verdade!) que agora que nos emancipamos (excelente!) e nos sentimos capazes de conquistar o mundo queremos ser as donas e senhoras do nosso mundo e fazer tudo, sem dar oportunidade ao outro (homem). Queremos tanto mostrar que somos capazes, que somos fantásticas e multifacetadas (e somos) que agarramo-nos ao lema do "tu vais fazer mal, ou lento, ou de uma forma que não me agrada e por isso deixa estar que eu faço e assim tenho a certeza que fica bem feito" e esquecemo-nos que tudo na vida é uma aprendizagem e que são necessários momentos que potenciem essas aprendizagens e é isso que muitos homens precisam: estimulação, uma boa dose de motivação e momentos de aprendizagem, com erros e asneiras incluídas.

   Pessoalmente, nunca me senti inferiorizada por ser mulher. Compreendo as batalhas do passado, reconheço-lhes a importância e foi graças a elas que hoje pude escrever estas palavras, por exemplo. O que eu não compreendo é que apesar de tantas vitórias, a mulher continue a sentir-se inferior e com necessidade de menosprezar e criticar o (bicho) homem até à exaustão, quase numa de "vou fazer aos outros o que eles me fizeram a mim". Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, os homens mudaram, as mulheres mudaram. Mas continuam a ser seres individuais e com características próprias e estas generalizações e movimentos ao jeito de "vamos agora todas queimar soutiens" estão completamente demodé e só servem, isto sim, para diminuir a nossa condição e o nosso valor.

  

   Acrescentando só mais uma pouquinho de ironia há coisa, deu-me um certo gozo ver que, depois de um belo momento de descascadela nos homens e de discursos do tipo "nós não precisamos deles para nada e fazemos tudo muito melhor sem eles", a formadora, líder deste movimento de quase rebelião, perante uma dificuldade técnica com o pc e o datashow, tenha pegado de imediato no telemóvel para ligar a quem? Pois é, foi mesmo ao companheiro. Sem comentários. Deixo um grande sorriso irónico.