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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

É a vida que segue e não espera pela gente

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"A vida está confinada a limites, apenas se dispõe de um tempo determinado, em suma, vive cortada em fatias sem ligação entre si, a não ser aquelas que o homem arrasta consigo de uma ponta à outra do seu percurso, lembranças incertas do que foi e esperanças vagas do que será. A passagem de uma a outra não é clara, trata-se de um mistério, um dia o belo bébe dorminhoco inveterado desaparece, coisa que não assusta ninguém, é uma criança turbulenta e curiosa, um lego, surge no seu lugar, o que não surpreende a mãe que dá por si com dois seios pesados e inúteis. Mais à frente, têm lugar outras substituições igualmente sub reptícias, um homem bem fornido e ansioso substituirá repentinamente o jovem esbelto e sorridente que ocupava o seu lugar e, por sua vez, não se sabe por que passe de mágica, o varão enfermiço cederá o lugar a um homem curvado e taciturno. É no final que nos espantamos, quando um morto ainda quente substitui repentinamente o velho mudo e frio colado a uma cadeira em frente a uma janela. É uma transformação que está a mais, mas que é por vezes bem-vinda. A vida passa tão depressa que não se vê nada, diremos a caminho do cemitério. " ("2084", Boualem Sansal)