Histórias com gente dentro...
A D. J. é a velhinha que eu quero ser quando for grande!
Hoje, em mais uma visita domiciliária, encontrei-a preocupadíssima com o facto de não conseguir fazer sozinha a sua árvore de natal. Quando temos mais de 90 anos, vivemos sós e não temos absolutamente nada nem ninguém na vida e nos preocupamos com coisas como enfeitar a casa para o Natal ou para o S. João (são os 2 momentos em que a casa da D. J. é uma miscelânea de enfeites!) só podemos ser especiais e só por isso já merecemos uma grande salva de palmas. Foi por isso que não resisti e lá andamos a montar a árvore de natal, entre luzes, fitas, bolas e muitos espirros, à procura do material necessário em caixotes carregados de pó.
No final, quando o olhar dela já brilhava mais que as luzes coloridas no pinheiro, ainda houve tempo para: "oh, que pena, agora só me falta comprar um ano velho". Perante a minha admiração, "então não sabe? Espere, tem outro nome... o velhote", "ah, o pai natal! É o pai natal, não é o ano velho, D. J.". "E então? Não é velho ele? Então é o ano velho!".
E lá vim eu carregada de sorrisos com a alegria dela por ter o natal em casa antes do fim de novembro, com duas bolas de natal para a minha árvore oferecidas pela D. J. e a clara certeza de que é muito fácil fazer alguém feliz. Hoje, era apenas isto que a D. J. precisava. Não era de conversar, de desabafar... provavelmente dos momentos mais enriquecedores da minha vida profissional.