O dador de memórias
"The Giver - O dador de memórias". Um livro e um filme. Desconhecia-os.
Enquanto via o filme dei por mim a pensar: "E se um mundo assim existisse realmente?".
Um mundo totalmente controlado e previsível, onde a uniformidade é a lei. Se o ser humano tem tanta dificuldade em lidar com a diferença, que tal criar um mundo onde todas as diferenças são eliminadas, um mundo onde não existem sons, cores, sabores, raças, necessidades de escolha?
Um mundo ónde existe um total controlo "informático" das nossas acções, desde as mais primitivas, como a hora a que sentimos sono ou nos apetece acordar, até à escolha do que vestir ou do que comer?
Um mundo onde a nossa profissão é quase geneticamente decidida?
Um mundo onde não existem famílias de sangue, pais, avós ou irmãos, porque somos "criados" em laboratórios e entregues a casais com as melhores características para nos criarem?
Um mundo onde todas as manhãs nos injectam, antes de sairmos de casa, um soro que nos impossibilita de sentir qualquer emoção, impedindo o envolvimento emocional no que quer que seja?
Um mundo onde palavras como amor, amizade, família, gosto... não são pronunciadas por serem excessivamente abstractas e vagas - "precision of language, please!"?
Um mundo onde todas as memórias nos foram apagadas, as memórias pessoais e a memória colectiva do que somos e do fomos, desde os primórdios da humanidade...
Um mundo onde apenas uma pessoa seria um verdadeiro humano, pois contém em si todas as memórias do mundo (o "dador")...
Um mundo assim... mas alguém gostaria de viver num mundo assim?