Aprendizagem para reciclar
Em dia de início de ano lectivo e resultados do ingresso (ou não) no ensino superior dediquei-me à "reciclagem" de muitas horas de estudo e resiliência. Foi dia de arrumações do material escolar / universitário e disso resultou uma boa quantidade de folhinhas e folinhas que a partir de amanhã passarão a residir num ecoponto perto de mim.
Eram capas e capas de aulas, apontamentos, resumos, fotocópias e afins à mistura com uma quantidade significativa de pó e recordações. Um ano depois de terminar o meu percurso académico chegou a hora de terminar com uma boa parte da "palha" com que nos vão enchendo os ouvidos e o cérebro (ao mesmo tempo que nos esvaziam os bolsos). Um ano depois, o balanço é...duvidoso. O desanimo provocado pelas 1001 barreiras que colocam aos jovens licenciados é exarcebado pela certeza cada vez mais "certa" de que a minha licenciatura em Psicologia me ofereceu muita teoria e pouca psicologia (daí a bela quantidade de papel com destino ao ecoponto). Ao olhar para aquelas folhas carregadas de horas de dedicação perguntava-me constantemente: "Mas para que é que isto me serviu? Nunca mais vou ler nada disto ou utilizar qualquer uma destas supostas teorias...", enquanto pronunciava a alto e bom som: "Lixo...lixo...lixo...".
E assim, em dia de início para muitos, pus um fim a uma parcela da minha vida. O que ficou, acompanhar-me-á naquele que será o meu verdadeiro percurso de aprendizagem: a experiência, o "trabalho de campo". Quanto aos estudos, esses prosseguirão e cada vez mais enriquecedores e menos teóricos. Sim, porque embora enviar para a reciclagem uma parcela da minha vida com o sentimento de missão cumprida com sucesso me deixe bastante satisfeita, aprender é para mim essencial e igualmente satisfatório. Depois de uma licenciatura de 4 anos e uma pós graduação de 2, vejo e planeio mais desafios a iniciar brevemente.
"Parar é morrer". Aprender é crescer. E os desafios adoçam a vida.