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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Porque...

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...porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer. Porque a minha força é imortal.

[José Luís Peixoto] 

Vir à tona

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"Aliás, para viver é preciso reter a respiração, para depois vir à tona, voltar a reter a respiração como um mergulhador e imergir no mundo, experimentar o horror, vir à tona, reter a respiração. O segredo está na capacidade pulmonar. A vida é a retenção de respiração da alma. Inspira, mergulha, volta à superfície, é isso." [Valter Hugo Mãe, "Nem todas as baleias voam"]

Por causa de...

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"Se as suas emoções pudessem traduzir-se em palavras, seriam assim: por causa da nota que tocas na cabeça, por causa das paredes que tens nos olhos, por causa das cicatrizes todas na tua pele, das rosas e da tristeza, por causa do coelho branco que está sempre a correr, por causa do frio que sinto ao chegar a quatro centímetros da tua presença, por causa das traças que voam à nossa volta, por causa dos sonhos que ainda não cumpri e porque me sinto sozinho como se estivesse pendurado no meio do universo, preso a uma estrela muito distante, tão distante que não se pode ver a olho nu, nem nenhum astronauta lá chega, nem os olhos dos telescópios. " (Valter Hugo Mãe, Nem todas as baleias voam)

"O paraíso é o que fizermos da vida"

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"A vida não tem nenhum sentido metafísico ou místico, ou se tem ele é, e sempre será, inatingível. A vida é a vida e temos de a aceitar como ela se nos apresenta. O sentido da vida está na arte de a fruir de forma sã, equilibrada e harmoniosa, como o velho deste poema que acabei de te recitar é que vagabundeia para longe enquanto voga para a Felicidade. O velho sabe que o paraíso não se esconde no céu, encontra-se na Terra. O paraíso não se situa no futuro, mas no presente. O paraíso é o que fizermos da vida, é o que formos capazes de melhorar enquanto pessoas, e é aí que se inscreve o seu sentido. Os yang guizi [ocidentais] passam o tempo a criar coisas e a correr de um lado para o outro e andam sempre tão ocupados e preocupados que não chegam a fruir a vida. Nós [orientais] não somos tão inquietos e ocupamo-nos antes em saborear a existência porque ela é tudo o que alguma vez teremos. Se não a gozarmos agora, quando a gozaremos?" ("O Pavilhão Púrpura", José Rodrigues dos Santos)