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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

O sol quando nasce (não) é para todos

    Este nosso actual governo é de facto rico em medidas e programas e coisa e tal para ajudar os portugueses e contribuir para o desenvolvimento do país. Desta vez os nossos ilustres (sentem a ironia?) governadores vieram a público dizer, orgulhosamente, que apoiam todas as famílias que quiserem instalar painéis solares nas suas casas.

   Acho tudo isto muito bonito, percebo que é necessário incutir nos portugueses este sentido de poupança e modernização, até percebo que essa coisa dos painéis solares é importante para o desenvolvimento do próprio país. O que eu não percebo é, como é que esses senhores têm dinheiro para painéis solares e não têm dinheiro para criar postos de emprego, para apoiar as inúmeras empresas que abrem falência todos os dias ou para, mais grave ainda, ajudar as famílias que realmente precisam. Não de painéis solares, mas de bens essenciais para a sobrevivência. O que eu também não percebo é como é que um país se pode considerar evoluido e os telhados se podem enfeitar com esses acumuladores de energia solar (que por sinal até são bastante inestécticos), quando tanta e tanta gente continua a não ter as condições mínimas de habitabilidade, quando tanta gente não tem dinheiro para medicamentos básicos para a sua saúde, quando cada vez mais gente não tem sequer dinheiro para comer.

   O sol quando nasce é para todos. É fácil de se dizer e um belo slogan para este programinha. Não sei se esses senhores vivem noutro Portugal diferente deste nosso, mas neste Portugal, no Portugal real, o sol ainda não nasce para todos. Deixem-se de modernices e vaidades (tão tipicamente português também), deixem-se de tapar o sol com uma peneira (ou com um painél, adequa-se melhor ao caso) e preocupem-se em fazer chegar um raio de sol que seja onde, todos os dias, só existem nuvens e tempestades.

Vicky Cristina Barcelona

 

   Bizarro. Bem ao jeito de Woody Allen. Bons desempenhos. Scarlett Johanson continua a nova musa de Woody e Penélope Cruz tem um frenético desempenho excelentemente alternado entre o inglês com prenúncia e o sempre engraçado espanhol, enquanto Javier Barden encarna muito bem o seu papel de artista sedutor com um coração e um corpo com espaço para uma, duas ou três chicas e não se cansa do "in english, Maria Elena". 

   Uma história sem grandes lições ou grandes momentos. Uma outra perspectiva do amor e das relações entre os seres. Um amor que só é perfeito quando é incompleto. Doentio. Confuso. Alternativo.  O par perfeito quando vivem longe um do outro. A amizade como solução. O cortar raízes de vez e para sempre. Um filme que não cansa. Agradável de se ver.     E no entanto, é impossível não nos rendermos à banda sonora simplista mas optimista, ao som da guitarra espanhola comovedora. E é impossível ficar indeferente a cada pormenor do cenário, que confirma a beleza inagualável de Barcelona (e já agora Oviedos), com ou sem Vicky, Cristina ou Maria Elena.