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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

O casamento

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Em criança era assim que eu imaginava a vida de casado.

No dia depois do casamento, começa-se a andar de mãos dadas, a atravessar um planalto grandioso e vasto, e no horizonte à nossa frente há obstáculos espalhados, mas também há prazeres, pequenos oásis, por assim dizer - os filhos que se vão ter e que crescerão saudáveis, amorosos e fortes, os netos, as manhãs de Natal, as férias, a segurança financeira, o sucesso no trabalho. Fracassos também, mas nada que nos mate. Há portanto altos e baixos, ondulações na planície, mas geralmente consegue-se ver o que se aproxima, e caminha-se nessa direcção, a dois, de mão dada, durante trinta, quarenta, cinquenta anos, até que um escorrega pela beira abaixo e o outro segue pouco depois. Ao olhar para cima, da perspectiva de uma criança, era isto que o casamento parecia. 

Bem, agora posso dizer-lhe que a vida de casado não é de todo um planalto. Há ravinas e grandes picos dentados e fendas profundas escondidas que nos atiram pela escuridão às apalpadelas. Depois há extensões monótonas, ressequidas, que se tem a sensação de nunca mais acabarem, e grande parte da jornada passa-se em silêncio nervoso, e às vezes não se consegue ver de todo a outra pessoa, às vezes ela vagueia para muito longe, perde.se completamente de vista, e a jornada é dura. É simplesmente muito, muito, muito dura. 

"Nós", David Nicholls

«Nós», David Nicholls

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Douglas Petersen compreende a necessidade da sua mulher de se «redescobrir a si própria» agora que o filho vai sair de casa. Estava apenas convencido era de que se iriam redescobrir juntos. Por isso, quando Connie anuncia que também se vai embora, ele resolve transformar as últimas férias em família na viagem das suas vidas: uma viagem que irá reaproximar os três e conquistar o respeito do filho. Uma viagem que irá fazer com que Connie volte a apaixonar-se por ele. As reservas estão feitas, os bilhetes comprados e o itinerário planeado com uma precisão cirúrgica. O que poderá correr mal?

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   David Nicholls é o autor de um dos meus livros preferidos, lido há uns bons anos, e que até chegou ao cinema:  "Um dia". Não estamos a falar de um grande escritor, até porque raramente ouvimos falar dele e o seu outro romance, o primeiro, "Uma questão de atracção" deixou muito a desejar. Ainda assim, quando vi este livro fiquei curiosa em o ler, não tanto pelo resumo da história que a contracapa nos oferecia, mas na esperança de ser tão bom como "Um dia". 

   Na verdade, este livro é muito mais do que aquilo que a contracapa anuncia. Não tendo nada para se tornar um "clássico da literatura", é um livro divertido, por vezes ridículo, mas cheio de relações humanas fortes, mas que se desgastam. Apesar de todos os esforços. Apesar de serem verdadeiras. Apesar de serem sinceras. Apesar de parecerem, e se calhar até serem, eternas.

   É daquilos livros que lemos de um sopro e por isso, recomendo!