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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Em tempo de campanha para as autárquicas

   Há uma série de factos a que acho uma certa piada (perceberam o tom irónico, certo?). Ora esclarecendo e referindo-me à minha zona especificamente:

1. Os "pi-pi-pi-pi-pi-vote xpto-pi-pi-pi". Chamam-lhe caravanas ao que ouvi dizer, mas o que eu ouço mesmo é buzinadela atrás de buzinela, musiquinha nunca antes escutada, carrinhos atrás de carrinhos (não se venham depois queixar do preço da gasolina, ok?), bandeirinha ao vento e lá andam eles pela rua fora, pela noite fora.

2. A quantidade de cartazes com carinhas larocas que nos enchem as nossas ruas, que são de tal número que sujeitam-se a ser responsabilizados por um qualquer acidente de viação(Nota: acabou de passar o tal pi-pi-pi-vote xpto-pi-pi-musiquinha-vote-vote). Uma pessoa até fica confusa com tanta informação, tanto nome, tanta cor e tanta falta de espaços livres.

3. Chegamos à minha preferida: as obras e obrinhas! Nestas alturas, a construção civil deve registar o seu pico de trabalho e produtividade. Em cada cantinho lá está uma máquina e uma série de senhores de pá na mão. Por aqui tem atingido os limites do absurdo: é o complexo polidesportivo prometido há um ano que em menos de uma semana está de pé e prontinho a ser inaugurado, são as rotundinhas (ex)vergonhosas que hoje se enchem de canteirinhos, florzinhas e pedrinhas, são as árvorezitas todas plantadas pela estrada fora, são os passeios que nunca existiram e que agora se põem todos catitas, são os descampados que são meticulosamente limpos e até alcatroados (para quê ninguém sabe, mas que mostra trabalho, lá isso mostra), são as estradas que levam tapete novo (mesmo que para isso se tenha de fechar uma das principais avenidas), são as alterações desnecessárias em determinados pontos de estradas (aumenta-se o passeio, põe-se isto só num sentido e que giro que fica)...and so on e so far...

   Não é que eu tenha alguma coisa contra as campanhas políticas. Vá, não gosto assim muito (nada?) de política, mas tanta movimentação começa a roçar o rídiculo, tornando tudo isto numa espécie de circo. Circo? Também temos!! É verdade! Com políticos destes, não nos falta nada. Não, não vou falar dos palhaços...ou será que já falei?

Fomos todos exercer o nosso direito

   As decisões estão tomadas. Cada um pôs a cruzinha no que e onde quis, ou não pôs a cruzinha em lado nenhum, o que também é um direito ou nem sequer se deu ao trabalho de olhar para aquela folha A4 carregadinha de promessas de um país perfeito e dada a taxa de abstenção, muita árvore foi abatida inutilmente...ao menos que usem as sobras para folhas de rascunho! 

   A `Na esteve quase a continuar na sua onda de abstenção, uma vez que os queridos que trataram do seu cartão do cidadão resolveram mudar o número de eleitor e não avisar e aqui a je não constava de qualquer lista. Felizmente as novas tecnologias salvam-nos sempre e uma simples sms resolveu tudo, o que me leva a concluir que eu paguei para votar! E novidade das novidades, eu votei! Ao contrário do esperado, incluindo por mim própria, eu pus uma cruzinha algures, pela primeira vez numas eleições (acto só repetido no referendo sobre o aborto). Foi uma decisão reflectida depois de muito ouvir "não vota, também não pode reclamar". Logo eu que gosto tanto de reclamar...do que me ia queixar depois? E depois percebi que existiam pessoas que eu não gostaria de ver a governar o nosso país. Ora se não gostaria e tenho o direito à escolha, porque não exercer o meu direito, sempre com a filosofia do "não voto num partido mas numa pessoa".  E assim foi. Exerci o meu direito e fiz uma escolha, independentemente de ela ser ou não a eleita.

   O vencedor foi escolhido e não me manifesto sobre essa escolha, embora não me tenha surpreendido, não fossemos nós um povo que muito reclama e pouco faz. Resta-nos sossegar as criancinhas do nosso país, pois a "chantagem do Magalhães" parece  ter terminado em bem e pela certa muitos Magalhãezitos chegarão às mãos deliciadas dos nossos benjamins. Parecendo que não, muitos daqueles professores revoltados deverão ter atenuado a sua raiva ao perceber que poderia não haver mais Magalhães e e-escola. E depois, como iam conseguir manter uma turma interessada durante toda uma aula sem a ajuda dessas piquenas máquinas milagrosas? E os pais como iriam passar sem a doce chantagem do "se te portares bem e fizeres tudo deixo-te jogar no Magalhães"? Uma pessoa tem de pensar em tudo em momentos de decisão como o de hoje.

   Resta-nos esperar para ver o que sairá daqui, mas sem muito esperar. Pela minha parte já me dou por satisfeita de, pela primeira vez, ter oficialmente direito a reclamar e criticar!