As palavras de ordem dos últimos dias (meses?) são: plano de contingência. Só pelo nome, parece uma coisa "chique" de se fazer e de se ter. Parecem que andam por aí todos a competir pelo melhor plano: nós desinfectamos as mãos 3589 vezes ao dia e vocês? Ora no meio de tudo isto, o que eu acho quase, quase cómico são as ditas contingências em locais onde se trabalha com crianças: escolas, colégios e afins. Parece que nesses locais e a avaliar pelo que vi na televisão, existem líquidos desinfectantes no portão da escola, nas portas das escolas, na porta da cantina, nas portas das salas e em todas as outras portas que por lá existam. O objectivo é que TODAS as crianças e jovens usem o tal líquido sempre que passarem por um desses frasquinhos. Mais, cada um terá de desinfectar o seu pc e respectivo rato antes de o usar e, esta é a minha preferida, sempre que um aluno espirrar na sala de aula, deverá ir ao WC lavar as mãozitas e uma contínua será chamada para desinfectar a mesa do criminoso.
Ora, eu não sou professora (embora seja chamada por esse nome diariamente), mas trabalho com crianças num ATL e facilmente me apercebo da incompatibilidade entre a teoria destas coisas e a prática. Crianças em grupo, a correr de um lado para o outro, histéricas, com as hormonas aos saltos, ansiosas pelo momento da brincadeira, estarão dispostas a "um passo-tcheq desinfecta-outro passo-tcheq desinfecta outra vez". E tenho para mim que espirrar passará a ser uma das suas actividades preferidas, já que será sempre acompanhada de uma visita ao WC e respectiva interrupção na aula.
Não me interpretem mal. A prevenção é importante. Hoje e sempre. Com ou sem A na gripe. Mas não se pode cair no exagero que roça o rídiculo. Ou contratam "inspectores da Gripe" ou estas medidas não irão passar do papel. Com o tempo sempre tão limitado quando se lida com crianças, todos estes controlos me parecem quase impossíveis.
Ainda mal começamos e parece-me que já precisamos de umas revisões. Contingências, contenção e espírito prático, pf.