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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Esses tempos idos, dos primeiros dias de escola

«E começavam as manhãs em que as letras surgiam uma a muma, as vogais , as cantigas das vogais cantadas em coro. Cada uma das consoantes desenhada vinte vezes numa linha. As consoantes picotadas em papel de lustro. A letra "B". A letra "C". A letra "D". E o livro de leitura, o Papu em todos os textos: o "B"arco do Papu, o "C"ão do Papu, o "D"ado do Papu. Um "b" e um "a", "bá", um "r", "bar"; um "c" e um "o", "có": "barcó". E, a essa velocidade, o nosso mundo. Á janela, um frasco de iogurte, vidro lavado, com um algodão embebido em gotas de água, a proteger um feijão espigado. E nós, todos os dias, todos os dias, a irmos vigiar o feijão. Entre esse, o dia em que a menina mais bem-comportada foi ter com a professora e disse: "Minha senhora, o feijão começou a germinar.". Importante e solene.»

«Abraço», José Luís Peixoto

Parece que ela até tem uma músiquinha

 

   Depois dos filmes, das revistas, das histórias, das bandas desenhadas e dos temas para trabalho de casa, ela também já tem uma música bem catita, que fizeram questão de martelar toda a tarde aos meus ouvidos. Qualquer coisa do tipo "Sem beijinhos, nem abraços, blá, blá, blá, porque ela anda aí...". Que mais podemos esperar?

   Ah! Estava a falar do vírus da moda: A, Gripe A.

Contingência sff, contenção pf

   As palavras de ordem dos últimos dias (meses?) são: plano de contingência. Só pelo nome, parece uma coisa "chique" de se fazer e de se ter. Parecem que andam por aí todos a competir pelo melhor plano: nós desinfectamos as mãos 3589 vezes ao dia e vocês? Ora no meio de tudo isto, o que eu acho quase, quase cómico são as ditas contingências em locais onde se trabalha com crianças: escolas, colégios e afins. Parece que nesses locais e a avaliar pelo que vi na televisão, existem líquidos desinfectantes no portão da escola, nas portas das escolas, na porta da cantina, nas portas das salas e em todas as outras portas que por lá existam. O objectivo é que TODAS as crianças e jovens usem o tal líquido sempre que passarem por um desses frasquinhos. Mais, cada um terá de desinfectar o seu pc e respectivo rato antes de o usar e, esta é a minha preferida, sempre que um aluno espirrar na sala de aula, deverá ir ao WC lavar as mãozitas e uma contínua será chamada para desinfectar a mesa do criminoso.

   Ora, eu não sou professora (embora seja chamada por esse nome diariamente), mas trabalho com crianças num ATL e facilmente me apercebo da incompatibilidade entre a teoria destas coisas e a prática. Crianças em grupo, a correr de um lado para o outro, histéricas, com as hormonas aos saltos, ansiosas pelo momento da brincadeira, estarão dispostas a "um passo-tcheq desinfecta-outro passo-tcheq desinfecta outra vez". E tenho para mim que espirrar passará a ser uma das suas actividades preferidas, já que será sempre acompanhada de uma visita ao WC e respectiva interrupção na aula.

   Não me interpretem mal. A prevenção é importante. Hoje e sempre. Com ou sem A na gripe. Mas não se pode cair no exagero que roça o rídiculo. Ou contratam "inspectores da Gripe" ou estas medidas não irão passar do papel. Com o tempo sempre tão limitado quando se lida com crianças, todos estes controlos me parecem quase impossíveis.

   Ainda mal começamos e parece-me que já precisamos de umas revisões. Contingências, contenção e espírito prático, pf.

A escola está louca

Evidência nº 1: 

          Professora leva murro de aluno - Um aluno do 8º ano, de 15 anos, com antecedentes por mau comportamento, agrediu com um murro na cara uma professora de 42 anos que procurava persuadi-lo a entregar um telemóvel que tinha tirado, à força, a um colega mais novo. 

 

Evidência nº 2:

      Aluno dá 3 facadas a colega da escola - Um desentendimento entre dois colegas de turma, anteontem à tarde, na Escola Básica 2/3 de Alcabideche, terminou à facada. Um dos estudantes ficou gravemente ferido e teve de ser transportado para o Hospital de Cascais.

 

Evidência nº 3:

          Pais agridem e insultam - Uma professora do Básico, de 38 anos, queixou-se à GNR de Samora Correia (Benavente) por ter sido agredida e injuriada pelos pais de um aluno que tinha repreendido durante uma aula.

   Uma questão invade o meu ego...perante tal panorama, como é possível existerem tantos psicólogos no desemprego, hum?