Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Expressões #2

Gwen Stefanni

"Não faças tempestades num copo d`água", adverte alguém ao guerreiro da luz. Mas ele nunca exagera um momento difícil, e procura sempre manter a calma necessária. Entretanto, não julga a dor alheia. Um pequeno detalhe - que em nada o afecta - pode servir de estopim para a tormenta que se preparava na alma do seu irmão. O guerreiro respeita o sofrimento do próximo, e não tenta compará-lo com o seu. A taça de sofrimentos não é do mesmo tamanho para todos."

«Manual do Guerreiro da Luz», Paulo Coelho

   Contra mim falo. Confesso ter os meus momentos "tempestade num copo de água". Momentos em que os meus níveis de ansiedade e stress atingem um estado tal que uma pequenina gotinha, a maior parte das vezes insignificante, faz transbordar todo o copo. Estas gotas atravessam todas as dimensões da nossa vida e fazem transbordar qualquer copo: o profissional, o social, o sentimental, o amoroso, o pessoal e íntimo. A dimensão da gota varia de situação para situação, mas principalmente, de pessoa para pessoa. Cada um encerra em si uma tempestade interior. Sem previsão e sem aviso, num qualquer momento essa tempestade ultrapassará as barreiras do inconsciente e da moralidade e explodirá, lançando detritos em todas as direcções. Todos nós já tivemos momentos destes, nos quais disparatamos, gritamos, amaldiçoamos e nos sentimos os seres mais infelizes à face da terra. E, assim como veio, vai. Tivemos a nossa tempestade num copo de água e agora a água acalmou. É nestes momentos de acalmia que nos devemos debruçar na reflexão das causas de uma tempestade. Nossa ou dos outros. Nas nossas, importa entender e reconhecer, para não repetir. Importa aprender a conhecer os sinais para sermos capazes de gerir a caixinha de emoções que guardamos em nós. Nas tempestades dos outros importa não julgar, não opinar, não atribuir sentimento. Os outros, como nós, têm os seus momentos de tempestade, que vêm e vão, diferentes dos nossos, nas causas e nas consequências. Individualidade, é a palavra-chave. De mão dada com o respeito. Porque cada copo tem o seu tamanho e uma gota minúscula pode conter em si litros e litros de sentimentos. Porque no final e sempre, é tudo uma questão de sentimentos do tamanho de gotas de água, mas com importância do tamanho de todos os oceanos juntos.

Expressões #1

Scarlett Johanson for Mango

   "O guerreiro conhece uma velha expressão popular: se arrependimento matasse...".

   E sabe que o arrependimento mata; vai corroendo, lentamente, a alma de quem fez algo errado, e leva à autodestruição. O guerreiro não quer morrer desta maneira. Quando age com perversidade ou maldade - porque é um homem cheio de defeitos - não tem vergonha de pedir perdão. Se ainda for possível, usa os seus esforços para reparar o mal que fez. Se a pessoa a quem atingiu já está morta, ele faz o bem a um estranho, e oferece a tarefa em intenção da alma de quem feriu.

   Um guerreiro da luz não se arrepende, porque o arrependimento mata. Ele humilha-se, e conserta o mal que causou."

Guerreiro da Luz, Paulo Coelho

   Se o arrependimento matasse, eu não estava morta. Não gosto do arrependimento, não gosto de me arrepender, não gosto que se arrependam. Quando nos arrependemos do que fizémos, ou do que não fizémos, matámos aquela parte de nós que determina as nossas acções, que justifica os nossos comportamentos. Agir ou não agir, falar ou não falar, ir ou não ir, é sempre uma opção, e como todas as opções, deve (tem de) ser ponderada, reflectida e fundamentada (nota-se assim tanto o meu excessivo racionalismo?)...não há espaço para o arrependimento nisto. Há espaço para o livre arbítrio, para a responsabilidade e para a coragem de assumirmos os nossos actos, os nossos sentimentos, os nossos sentimentos, ou seja o que for...

   Se o arrependimento matasse, muitas das nossas memórias estariam já mortas. E que seria de nós sem memórias, esses marcos do nosso crescimento, essas lições da nossa vida e para a nossa vida. Se o arrependimento matasse seriamos pequenos, pobres, vazios. Porque, se nos arrependermos, morremos. Cá dentro. Lenta, mas fatalmente.

   Mais importante (e humano) que o arrependimento talvez seja ser capaz de pedir desculpa. Aos outros e a nós.