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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

«Venenos de deus, remédios do diabo», Mia Couto

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O jovem médico português Sidónio Rosa, perdido de amores pela mulata moçambicana Deolinda, que conheceu em Lisboa num congresso médico, deslocou-se como cooperante para Moçambique em busca da sua amada. Em Vila Cacimba, onde encontra os pais dela, espera pacientemente que ela regresse do estágio que está a frequentar algures. Mas regressará ela algum dia? Entretanto vão-selhe revelando, por entre a névoa que a cobre, os segredos e mistérios, as histórias não contadas de Vila Cacimba — a família dos Sozinhos, Munda e Bartolomeu, o velho marinheiro, o administrador, Suacelência e sua Esposinha, a misteriosa mensageira do vestido cinzento espalhando as flores do esquecimento.

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   Aos poucos e poucos continuo a tentar entrar no universo Mia Couto, sem qualquer critério para a escolha dos livros para além do aspecto "encontrei-o em promoção". É um universo um tanto "mágico" e que nuitas vezes sai dos limites do real, que é talvez o que me está a custar mais a encaixar. Isso e o facto de os seus livros nunca contarem grandes histórias, ao ponto de ao terminar ficar com aquela sensação de ter livro um bom livro, com uma boa história. São sempre diferentes, é certo, mas também me deixam sempre um tipo de vazio que outros livros não deixam, ao ponto de nos questionar-mos "afinal o que se passou aqui?". 

   Este livro não foi excepção. 

Cure-me de sonhar

- Cure-me de sonhar, Doutor.

- Sonhar é uma cura.

- Um sonhadeiro anda por aí, por lonjuras e aventuras, sei lá fazendo o quê e com quem... Não haverá um remédio que me anule o sonho?

(...)

- Todos elogiam o sonho, que é o compensar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar os sonhos.

- Sonhar só o faz ficar mais vivo.

- Para quê? Estou cansado de ficar vivo. Ficar vivo não é viver, Doutor.

Mia Couto, "Venenos de deus, remédios do diabo"

«Jesusalem», Mia Couto

Jesusalém é seguramente a mais madura e mais conseguida obra de um escritor em plena posse das suas capacidades criativas. Aliando uma narrativa a um tempo complexa e aliciante ao seu estilo poético tão pessoal, Mia Couto confirma o lugar cimeiro de que goza nas literaturas de língua portuguesa. A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado, diz um dos protagonistas deste romance. A prosa mágica do escritor moçambicano ajuda, certamente, a reencantar este nosso mundo.
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   Dei mais uma hipótese a Mia Couto. E mais uma vez também, ainda não é desta que me convenceu totalmente. Não sei se terei alguma embirração com este escritor, mas ainda não o consigo encaixar no meu leque de preferências. Os seus livros parecem-me sempre demasiado ficcionados, mágicos, surreais...não me consigo envolver verdadeiramente com as personagens.
   Ainda assim, vou continuar a dar-lhe mais hipóteses e não me ficarei por aqui. Recomendaram-me o "Terra Sonâmbula", por isso qualquer dia será dia de novamente Mia Couto e um dia será dia de eu escrever qualquer boa acerca dos seus livros. 
Certo é que mesmo não apreciando por aí além, leio Mia Couto com voracidade. Este em pouco mais de uma semana foi lido e intercalado com Pedro Chagas Freitas, cujas histórias vou saboreando quando me quero inspirar. 

«Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", Mia Couto

 


Um jovem estudante universitário regressa à sua ilha-natal para participar no funeral de seu avô Mariano. Enquanto aguarda pela cerimónia é testemunha de estranhas visitações na forma de pessoas e de cartas que lhe chegam do outro lado do mundo. São revelações de um universo dominado por uma espiritualidade que ele vai reaprendendo. À medida que se apercebe desse universo frágil e ameaçado, redescobre uma outra história para a sua própria vida e para a da sua terra. A Pretexto do relato das extraordinárias peripécias que rodeiam o funeral, este novo romance de Mia Couto traduz, de uma forma a um tempo irónica e profundamente poética, a situação de conflito vivida por uma elite ambiciosa e culturalmente distanciada da maioria rural. Uma vez mais, a escrita de Mia Couto leva-nos para uma zona de fronteira entre diferentes racionalidades, onde perceções diversas do mundo se confrontam, dando conta do mosaico de culturas que é o seu país e das mudanças profundas que atravessam a sociedade moçambicana atual.

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   Eu avisei que estava curiosa por conhecer a obra de Mia Couto. Tal como em outras vezes, encontrei este livro em verão "pocket", por pouco mais de 6 euritos, e achei que era a forma ideal de começar. Li-o em pouco mais de 4 dias. Provavelmente não será dos melhores livros de Mia Couto, mas deu para aguçar a curiosidade. E acho giro, muito giro, essa tendência para inventar palavras que, mesmo sendo inventadas, fazem tanto sentido.

 

*E entretanto já li 3 livros enquanto "O rastro do Jaguar" avança devagar...não me está a prender a história...que vale não me pesa na consciência o que paguei por ele, já que o comprei por menos de 4 euros :)