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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

«Não se encontra o que se procura», Miguel Sousa Tavares

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A escrita, a viagem, a memória, a vida fora da espuma dos dias, a descoberta, o apelo do desconhecido, o instante em que tudo pode acontecer, tudo isto está no novo livro de Miguel Sousa Tavares.
Nesta viagem fora do seu quarto, o autor transporta-nos ao seu mundo mediterrâneo, ao sul de Portugal, à Croácia, a Roma, à Sicília, ao Brasil e aos lugares da História por onde passaram figuras gigantes. No regresso a casa, explica a razão da sua escrita. A sós, com as palavras, viaja para dentro de si para partilhar aquilo que só os grandes contadores de histórias sabem fazer, seguindo o lema: "Viajar é olhar".

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   Gosto de Miguel Sousa Tavares. Gosto da escrita de Miguel Sousa Tavares. E gosto de o ler em modo "crónicas". Posto isto, este livro só me poderia agradar. E agradou. Bastante. Uma escrita tão natural quanto o nosso pensamento. Está tudo lá. Está todo ele lá. Simples, direto, nem sempre consensual, mas sincero. 

   Gosto de Miguel Sousa Tavares. Ponto. 

Primeiro dia de Verão

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E eis o primeiro dia de Verão, que vejo chegar no meio dessa suave neblina das manhãs na Foz do Porto. A cada Verão que começa, lembro-me sempre do que dizia RIlke: "Só o Verão merece ser vivido". Eu sempre pensei o mesmo, mas o Verão para mim, é o do Sul, do calor sem tréguas, das sombras das árvores ou das esquinas das casas caiadas, do azul translúcido do mar, do grito das cigarras durante o dia ou das rãs durante a noite, das sombras que o luar deixa nos jardins, quando a lua cheia e toda a vida parece uma promessa de felicidade.

Miguel Sousa Tavares, "Não se encontra o que se procura" 

Viajar

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Aqui eu aprendi que viajar é olhar. E, por isso, eu continuo a olhar, para que a viagem não acabe nunca. Sei que muitas vezes, talvez, a luz que guia o meu olhar apagar-se-á e o mundo ficará só de sombras. Porque nada é eterno, nem a luz, nem Roma, nem o esplendor dos dias felizes. Mas, mesmo então, fechando os olhos, eu direi, à maneira de Neruda: "Confesso que vivi". 

Miguel Sousa Tavares, "Não se encontra o que se procura"

Eu quero

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foto tirada na Foz d Douro, 10 Junho 2015

 Eu quero a vida inteira, quero olhar, escutar, sentir, lembrar-me. Quero a vida das pessoas e dos personagens, quero o cheiro dos lugares, a memória da luz, a consistência das coisas. Eu quero ouvir os que foram felizes, os que sofreram, os que traíram e os que sentiram a faca nas costas. Eu quero ouvir toda a tragédia, toda a grandezam toda a felicidade. Eu quero a vida como ela é. Quero contá-la, escrevê-la com as palavras que sempre chegam - quando me sento em frente à página em branco do computador e sei que tenho de escrever, porque não há nada melhor que eu possa fazer em troca de estar vivo. 

Miguel Sousa Tavares, "Não se encontra o que se procura"

Como um caracol

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Se pudesse ter uma vida paralela, gostaria de ter a vida de um caracol, carregando comigo a casa e plantando-a onde houvesse sol e silêncio, onde houvesse mar e espaço, onde houvesse tempo e distância. Onde houvesse essa improvável e louca hipótese de ser feliz fora do mundo.

Miguel Sousa Tavares, "Não se encontra o que se procura"